quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Procura de ti


Sentei-me no banco da praça para olhar a rainha viver,
Espionar seu jeito de ser,
Por entre esse odor de fumaça,
Que sai quando sentes perder o amor não importa o que faça.

Que em poucos goles eu vi quanta beleza que não conhecia,
Conversava comigo, sorria,
Esquecendo a melancolia de ti;
Cachos castanhos, pele macia,
Que hoje percebi que perdi.

Quero te ver nessa luz ofuscante que sai das janelas do prédio,
Onde sei que estás nesse instante,
Sentindo, como eu, tanto tédio.
Na sacada, observava ofegante,
Procurando a solução, o remédio.

Por muitas vezes revoltei-me no escuro da noite, esquecendo minha vida;
Meu amor se tornara obscuro por perder a ilusão já perdida,
Mas encontrei quem agora eu procuro,
Nas alturas, a mulher da minha vida.

Sentei-me nesse banco vazio para encontrar a garota que amo,
O vento me acolhe tão frio, e eu grito, choro e te chamo,
Mas da sacada não sei se me viu,
Mas pude encontrá-la chorando.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Quando Conversamos


Queria conseguir amar alguém.
Perder-me em um segundo a te espreitar.
Desmaiar em um pensamento de tê-la em minutos.
Conseguir respirar-te.

Senti-me volátil perdido por sua presença,
Afastado do presente levado a um futuro inexistente;
O batimento cardíaco lento, parado, inconstante,
Como se tudo voltasse a ser como antes.

Meu sonho sem definição
Não retrata sua beleza completa,
Vejo-a como uma sombra,
Um vulto na rua deserta,
Nas curvas negras da alma,
Na lua negra secreta.

Quando voltei para o meu corpo,
Afastando-me do seu em meu sonho,
Senti-me meio morto,
Absorto, sozinho e estranho,
Querendo me ver em seus olhos
Como quando conversamos.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Pessoa Comum

Em itálico (*) trecho de Fernando Pessoa - Autopsicografia

Não sei o que é isto, não sei quem é este,
Não sei se o que falo tem fundamento,
Não passo um momento pensando nos outros
Porque para esses outros não importa o que eu penso.

Dizem que finjo ou minto
Tudo o que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto com a imaginação.
Não uso o coração. *


Não sei quantos dias fomos nós dois,
A dois dias atrás nem sei quem eu fui,
O tempo passou, o dia se foi,
O sol já se pôs, se foi nossa luz.

Se foi só carinho que exalava perfume,
Não sei dizer com as palavras corretas,
Não havia pecado, não havia ciúme,
Mas as ruas da alma estavam desertas.

Sou sim um fingidor,
Melhor ser alguém que finge a for
Do que sofrer por revelar a dor que deveras sinto.

E ainda dizem que minto.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Insônia (Daniela)


Ontem até pensei nela de novo,
Tenho uns achaques de vez em quando,
De que não queria pensar nela daquela forma...
...Mas fazer o quê? É Daniela.

Se tudo se transforma e tem um quase no meio;
Se a visse tentaria o golpe inevitável,
Mesmo se se consumasse sem esforço algum.

Se fosse por força de um desatino?
E às vezes se não é o destino, um desatino consuma o improvável.

Não é por volúpia,
Mas há um quebranto irresistível feito Narciso e espelhos de água,
Em um sentimento mais oscilante que velas ao vento.
Tão instável quanto.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A Face Rubra da Infância


Se ela soubesse o quanto faz falta pra mim choraria sem pudor, sem enrubescer,
Sem temer o descaso que supunha viesse de mim.

Acredito que pago pensando nela todas as paixões, e amores, sim, amores atribuídos a mim que foram deixados de lado sem reflexão, compaixão, nada enfim.

Mas não é possível, penso ser indelével;
Meu coração maleável entra ano, sai ano, com a mesma idéia, a pessoa instável sendo meus planos, sendo parte do meu cotidiano. Inseparável.

Lembro de tudo, da forma da conquista, das letras, do dia seguinte, do primeiro ano de dor, do segundo ainda maior, da suposta reconquista, do fracasso avassalador, da perda da confiança, da lembrança, da distância, da tentativa vã, da ignorância...

... Saudades da face rubra da infância.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sonhos (A carta)


Com o coração que se abrasa pelo fogo inocente do amor,
Cada vez que a vejo é iminente o torpor,
Suas faces ruborizadas com o rubro da infância,
São lembranças, seus beijos, seu rosto de flor.

Que magia que detém para deter os meus sentidos?
Minha cabeça só tem espaço para reter os seus sorrisos.
Em meus sonhos acordados vejo você. Sonhos escassos.
Meus sentimentos estes vastos,
Perto de ti ficam perdidos.

Sua presença enche o espaço, afasta-me da existência,
Demonstra-me outra pessoa com a face rubra da infância,
O coração fica confuso queimando de pura inocência
De um querer-te eternamente; egoísmo, pura ganância.

Estou preso entre as grades do teu corpo virginal incólume,
Sequioso de paixão, faminto de amor frente ao ágape,
É-me salutar tê-la sempre em meus olhos,
Pois meu querer de querer-te é tão ávido.

Não culpo o seu desconhecer de um amor tão retumbante,
Não vejo como isso desvanecer num só instante,
A tua chama frente à minha é uma flama,
Como seu sentimento é inexistente, pouco ou inconstante.

Mas espero seu sentimento pequeno amadurecer
Como um fruto no ponto exato de se consumir,
Sua flama incendiar-se e aquecer
E descansar com o afã de amar e enfim dormir.

Feliz


Sabe, fico pensando nas coisas que sofri;
Sobre o que aconteceu.
Em breve não estaremos mais aqui,
Daí tudo morreu.

Não quero gastar minhas horas pensando,
Tripudiando, me desgastando.
É tão nefasto.
Quero começar realizando, acontecendo, me deslumbrando.
Eu me refaço.

Serei feliz o dia que minha poesia percorra toda a vizinhança,
Que leia cada criança e senhora com sacola de pão.
Aí sim, farei a festança, e virá a mudança, serei a criança,
Sem mais se não.

O dia em que eu volte a viver, fazer ciranda com amigos e comprar o meu pão.
Espero poder te rever, meu cachorro Panda comigo na estrada de chão.

Não vou mais padecer seu não querer, seu achei outro, seu novo mundo.
Serei tudo o que sempre quis.
Não vou mais sofrer por te dizer que não sou louco, tampouco imundo.
Serei Feliz.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Supernova


Em que consiste esse ser supérfluo que supera tudo o que existe?
Ao passo que o tempo passa tudo se aprimora, sofre ou degrada, e a única certeza é um futuro triste?

O amor é como uma supernova, quando, de fato, se corresponde mutuamente.
Quando é singular intumesce, incendeia, incomoda, renova, mas se deixa latente.

Sou incomodado, pois fui derrotado pela superficialidade que a idade nos traz.
Quando uma pessoa se mostra com idéias opostas não há quem goste do que se faz.

O amor entra em chamas, mas depois se apaga como uma vela no vento,
É um barco sem leme que não vai pra frente,
Pois as velas se rasgam no primeiro mau tempo.

Em que consiste esse ser supernova que não se renova, ao contrário, só falha?
Espero encontrar-te em noites melhores e que nosso amor não retorne a ser fogo de palha.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O Guardião


Passo o dia inteiro com o escudo içado
O ferrão agudo
O protetorado
Feminino mundo.

Tento protegê-la mas lâminas de aço
Ela é tão meiga
Se simples abraço
Corto suas veias.

Tenho um castelo em que guardo almas
Ela é mais uma
Nenhuma é tão calma
Haverão muitas.

Só dou abrigo, e as almas procuram
Mas depois me abandonam
Quem as entende
Amanhã retornam.

Minha espada é um carinho sutil de afago
Que posto em sua testa
Meu amor feito dor é um estrago
Que Ama e detesta.

Promovo-lhe a guerra e o disparate
Mesmo assim abre fogo em minha cara
Corre pra cima do embate
A guerra não pára.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Papel


Uma folha de papel voa no vento
E meu sentimento é como ele que voa
Há mais sentimento num papel ao léu
Que em pensamentos no céu.

Longe, no mar que ainda não vi
Vejo pequeninos barcos de papel
Sinto o gosto do mar, do sal
Sinto meu barco ao léu.

O céu é azul feito um papel
Não como aquele que voa no vento
Há mais sentimento voando no céu
Que pensamentos perdidos ao léu.

O mar é azul feito um papel
Não como os barcos que vi no meu mar
É sim desse azul que é feito o seu céu
Que tem pensamento e papel pelo ar.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

A Sombra da Dúvida


Já tive tempos de não sei o quê
Já fui parar não sei aonde
Me sinto como não sei dizer
Já fiz coisas que nem sei como

Ando assim meio sei lá
Criando tipos que não sei dizer
Ignorando tanto blá-blá-blá
E me tornando como vai saber

Estou sempre nos por aís
Apostando sempre nos pode ser
Amigo da onça mas e daí?
A vida é assim que se vai fazer?

Crendo em coisas não menos óbvias
Tendo atitudes normais, inócuas
Vivendo sempre à sombra da dúvida
Conformando com rotinas estúpidas

Talvez não tenha dito o que quis dizer
Talvez não tenha escrito o necessário
Não acredito que eu vá saber
Então fica o dito pelo não dito