domingo, 15 de fevereiro de 2009

Mais um certame


Não faço mais cultos à degradação
Apesar de patrono da transgressão
Não visto mais lutos por simples nãos
Não digo verdades, não digo não.

Mesmo que doa, sempre a mentira
Mesmo quem doa, sempre se omite
A pedra que voa e quem a atira
Quem não perdoa na verdade admite.

A bem da verdade não sei quem sou
A bem da verdade, enfim a guerra
Além da cidade que aqui estou
Espero colaborar com minha pá de terra.

E me verá em breve creia
No meu posto, o meu patamar
Será só mais uma, serás alheia
e verás insatisfeita eu regozijar.

Mais uma para as minhas conquistas
Você sabe que tenho tudo que quero
Você só venceu uma batalha na vida
Eu venço todas que entro.
E espero.

Morarei aí bem pertinho
Passarei em mais um certame
Tudo no seu desalinho
Tudo tão pusilânime...

E não é por ti a força que encontro
Você me ensinou amar certos tédios
Ficarei feliz com o meu reencontro
Com o seu habitat, com as ruas e os prédios.

E a gargalhada é inevitável.
E o gozo é previsível.
Sua estabilidade será tão instável.
Seu estágio será tão terrível.

Finalizo, depois de muitas análises
Me regozijo como quem se recupera
Sei que na vida passamos por fases
Mas espero colaborar com minha pá de terra.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Resto


O que aconteceu com o escudo içado?
Fui pego despreparado em meio ao embate
Acordo suado em meio a um alarde
Que não se dissipa, ao contrário, só arde.

O gosto já não é tão intenso
Tenho tudo que antes, mas sem desempenho
Queria saber se sentes o mesmo
Sentes um descontentamento?

Até a clausura faz falta
Os embates, a tortura
A vida longínqua, a amargura
A vida noturna compartilhada.

Não é só o prazer por si
Se bem que viveria bem deste modo
Não foi bem isso que escolhi
Mas estou fazendo como posso.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Confissão e Beijos


Hoje poderia te amar completamente, fielmente, sem me enganar;
Poderia beijar-te sem culpa, sem medo,
Deixar o amor transbordar, aquecer, chegar a causar dor, quando as duas almas fugirem do corpo num beijo libertador.

Em minutos poderíamos chorar, se entregar aos beijos com ardor, com o afã de amar e enfim dormir, acordar com o amor, pulsar como as veias do corpo com a missão de levar o sangue efervescente e apaixonado a impulsionar o coração dos dois.

Trêmulo será quando encontrar a sua mão na escuridão da noite, estremecer, empalidecer de emoção, no verdadeiro sentimento onde não há segunda intenção.

Sinta o vento tocar seus cabelos, acariciar sua face, invadir seu corpo em um só respirar. Assim é meu sentimento, puro, abstrato, singular.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Até para se fazer o errado existe uma maneira certa de se fazer


Ela queria a liberdade
Mas não sabia como proceder
Restava a mediocridade
Pena não dizer

A Primavera trouxe a ela
Dias de solidão
Transformou a meiga donzela
Em vítima da situação

Em todo o mal tem-se uma conquista
Um mérito uma lição
Apesar da vida promíscua
Aliviava seu coração

Queria gozar sua nova vida
Que antes talvez não fora quase tanto
Queria recuperar a parte perdida
Que fora deixada num canto

Um deslumbramento que será fugaz
Mas ela precisa dar de cara no muro
Ela acha ter achado a paz
Mas a procura de um modo obscuro

Ela é orfã dos bons amores
Senti tanto dó dela
Imagino que sentiu muitas dores
Quando caiu algo no braço dela

Um sono tão tranquilo
Interrompido por um objeto que cai
Um sentimento desconhecido
Como a esperança que se esvai

Ela só queria liberdade sexual
Ele só queria uma cúmplice
Tudo caminha mal e mal
E o caso ainda está sub judice

Ela não sabe o que é o amor
Pois nunca o teve
Ele não sabe o que é ter dor
Pois ninguém o deteve

Ela alivia suas noites alheia
Ele se esbalda de sexo e fogo
Ela caiu numa teia
Ele coloca outras no jogo

Até para se fazer o errado existe uma maneira certa de se fazer
E se quiser fazer algo de errado me convide
Até para se morrer existe uma maneira nobre de se cometer
E se quiser algo nobre
Incite-me.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Relato em vão


Os relógios foram quebrados,
A alma é de gesso,
Os ponteiros parados,
O mundo do avesso.

Inerte, sem trauma, sem trama,
Um filme em preto e branco,
Um coração de porcelana,
Jogado num canto, sujo de lama.

Nem todas merecem afeto,
Procuram amores em frascos de vidro,
E eu aqui no meu mundo secreto,
Guardo seus nomes com meus comprimidos.

Chovem venturas em gotas de chuva,
Enquanto isso os dias se vão,
Segure minha mão com sua mão-de-luva,
Não deixe-me cair nesse vão.

Em vão peço sua ajuda,
Nada muda, “não é nada não”,
Sua vida é assim uma fuga,
E a minha pela sua é prisão