(O conteúdo deste blog é de autoria inviolável de Alessandro Vargas, sendo parte consubstancial de sua idiossincrasia) (contém partes da obra "Velhos Invernos e Dias de Diamantes")
sábado, 31 de maio de 2008
Hipocrisia dos Dias
Acordo por acordado. Um dado momento passado. Nem tinha lembrado. O sonho deflagrado. Até por que não costumo sonhar. Melhor nem falar.
O dia frio e irrequieto. Os nervos a flor da pele. Na pele um arrepio manifesto. Falo ereto.
Acontece de acontecer intempéries. Nada sério. Serio que ela me ama? _ Deixa quieto.
Um passo mesmo sem levante. Um levante antes mesmo de poente. O dia frio e inconsistente. Nada além do horizonte.
Alguém me espia de soslaio. Nem levanto, nem saio. Quer me acordar que me acorde.
_ Que raio!
Quer vilipendiar, quer praguejar, comece o dia sem o habitual e hipócrita "Bom dia!", saiba que felicito-me, pois tira-me da rotina.
Na retina nada que o cristal tênue da percepção abrupta. Numa erupção mais tarde e curta, de sensações vulcânicas...
Garanto queimar alguém com afã de impossível. Vem a mim que promovo um suspiro indescritível. A quero na pedra do sacrifício. Pode ser que devore seus ossos. Instinto!
Num movimento mecânico, ora lento, ora ríspido, ora violento, ora químico, ora voraz, ora exaustivo, ora por mim e ora frente a meus joelhos.
Se vir que venha com aromas eróticos, licor nos lábios, fragrância nos seios, força nas pernas, força na vida, força... Força!
Dispa-se do recato vilão, do pudor mesquinho e da hipocrisia dos dias.
Venha sem máscaras, pouco e mais um pouco serás toda minha.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Digressões
Sabe que até ludibriei-me na perspectiva?
Ela avoluma-se no seu tailler de forma peculiar
Como sempre suas formas precisas
Composta no seu lugar
Com um sorriso impreciso que nunca soube decifrar
Como uma cifra intransponível pro meu talento questionável
Com uma alegria razoável que soa-me salutar
Porque não gosto de pessoas de alegrias muito fáceis
Mas eu vejo mesmo em seu semblante um não querer, mas bem que se querer
Eu vejo um horizonte de utopias prováveis
Eu viajo mesmo nesse instante, pois o que há de se fazer?
Eu percebo a existência de possibilidades bem audazes
Eu a levaria para lugares de paz e de sossego
Eu tentaria mesmo sôfrefo aquietar-me em prol do respeito
Você seria bem feliz posso provar-te e aconselho
Mas não tenho a coragem pra consumar o meu intento
Sei bem que tens na pele o aroma de rosas suaves
E delicio-me à distância com meu recato contido e grave
Passo-lhe um óleo na epiderme, em suas costas, o descompasso
Se bem que que quando te olho, a bem da verdade nem sei o que faço
Você seria um desvio de caminho, de rota, de rumo; uma ponte
Um ponto no meu diálogo, longe das reticências;
Um olhar diferente de tudo, uma reta, um viés, um horizonte;
Uma perseguição à felicidade, sem aferição das consequências
terça-feira, 27 de maio de 2008
Usados e Descartáveis
O ser humano é usado.
Não que seja descartável.
Talvez que seja descartável.
Bem provável.
O ser humano, ora abjeto.
O ser mundano, ora objeto.
O ser humano ora em frente ao genuflexório.
O ser humano é obsoleto.
O homem é prolixo.
O homem é pro lixo.
O homem é apolítico.
O homem é apocalíptico.
A gente é sem terra.
A gente se enterra.
Há gente sem terra.
Há gente que se enterra.
Usados e descartáveis.
Tem gente que se usa.
Tem gente que usa gente.
Usa usa a gente.
A gente nem sente.
As pessoas sabem que são usadas.
Às vezes acham que são amadas.
De tanto usadas que são
Acabam parecendo que amadas.
Usados e descartáveis.
Vivendo sem nexo.
Em dia instáveis
Pelo menos o sexo.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
A Caminhada
Vou mudar...
Mas depois não tente encontrar quem eu fui
Vou restaurar,
Mas depois não queira fazer tudo ruir
Vou escapar...
Até por que é o que me sugere
Vou escapar
Mesmo que na esquina me espere
Vou mudar
De casa, telefone, cabelo e endereço
Vou deixar
De me obrigar a fazer coisas que nem a mim mesmo obedeço
Vou me largar
Na tentativa certeira de encontrar novos ares
Vou acertar
Porque tenho mira de arqueiro quando o alvo é novos lugares
Vou andar
Até mesmo por que sempre gostei de uma caminhada
Vou viajar
Sem trajeto, a esmo como caminheiro feliz pela estrada
Vou andar sozinho
Por que até agora foi a melhor companhia que eu encontrei
Vou ficar tranquilo
Por que comigo não sinto perigo e o pior pode crer já passei
Não olharei para trás
Não preciso de sonhos, prefiro a vida que é mais surpreendente
Preciso de paz
De dias risonhos, seguir minha trilha, conhecer nova gente
Enfim sigo só, porque sozinho não preciso explicar
Tente não me entender, pois meus desatinos, planos, instintos são algo que creia não vai captar
quarta-feira, 21 de maio de 2008
O dia de Corpus Christi
O céu é o mesmo
A sombra do pé de manga
A molecada a esmo
Deitada na grama
O dia de Corpus Christi
O dia de fazer nada
Que nada, é dia de pintar as ruas
Com pó de serra e algazarra
Tem professora, tem folia
Mocinha ruiva de papel crepom
Tem alunos na rua, artistas por um dia
Tem beijo na boca na esquina, que bom!
O violão anima essa trama
Faz o tema e a toada do dia azulado
O azul do céu combina com a grama
Os amigos circundam, os amigos do lado
O dia ameno e roda de tereré
O vento sopra suave e preciso
As pessoas caminham a esmo e a pé
Hoje não há pressa nem cobrança ou perigo
Todo mundo feliz que nem gato desperto
Já disse isso em outro poema
Não tem problema pois este é meu tema
Gatos na sombra com amigos por perto
Vou finalizar esse algo que escrevo com algo de treze anos
Romances sem intenções de ser mais do que sensações
De um passado eqüidistante, de um passado que passamos
De dias felizes e calmos, de dias sem preocupações
terça-feira, 20 de maio de 2008
Na verdade sua boca
Você queria se largar
Deixar-se pelo frio da espinha
Amar, amar
Trair
Transar
Não arrefecer na hora H
Se entregar, consumar
Navegar no mar do amor
Cair sem lugar
Naufragar no afã de louca
No mar entregue, aberto
Na verdade sua boca
Água do meu deserto
Você quer possuir o meu corpo
Habitação da sua alma vadia
Angariar o torpor que promovo
Quando proporciono uma experiência sadia
Você quer enlouquecer
Nos meus lábios em seus lábios, sua carne
Seu sangue, meu sangue a beber
Sentir você em seu cerne
Você quer se largar
Se abandonar num minuto comigo
Mas sou eu quem vai te largar
por isso teme o perigo
Quero invadir com ímpeto sua vida
Penetrar-me em seus sonhos com força
Colocar-me na sua ferida
Habitar na verdade sua boca
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Âmago
quinta-feira, 15 de maio de 2008
A Gente é Feito de Carne
A gente é feito de carne
Mas às vezes nem sinto
Amortece-se algumas partes
Como se a parte estivesse dormindo...
Como se parte de algo morresse
E flutuasse e discrepante
E não se intristecesse
Ver-se morrer nesse instante
Como se tudo fosse etéreo
e brumas, enevoado,
Sentir de perto o eterno
Sentir-se do outro lado
Quando se sente a vida escorrendo
Fica-se inerte, indiferente
Tanto faz se parado ou correndo
Sente o sangue vivo e efervescente
Entrega-se pois à fragilidade
Esquece-se da sua coragem
Acaba-se a virilidade
Bem como a desonestidade
Passa a mão sobre a cabeça
Sente o líquido morno
Que desenha em sua face, sua testa
Um rubro escuro contorno
Retoma-se a realidade
Volta-se para os ideais
Esquece a fragilidade
Volta para os seus iguais
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