sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Pítia (A serpente)



É o que se cicia por aí nos arredores
No átrio, no saguão, nos corredores
Não se sabe a razão ou pormenores
Contudo há profusão de bolodórios.

Nada mais é como antes nada mesmo.
A bem da verdade a verdade já se fora
O seu amante principesco é cego é vesgo
Que não vê nenhum viés do que há lá fora.

E talvez a pintem por aí qual Monalisa
E hoje provo dessa sina o pior fel
Mesmo que aches uma princesa uma pitonisa
Eu te pinto com teu sangue Jezabel.

E qualquer hora eu conquisto o mundo todo
E vou revelar sua podridão sua vileza
E vou apagar com meu sorriso todo o engodo
E inserir em seu coração dor e tristeza.

Cada pilastra da sua casa irá ruir
Até porque não tens sequer lastro moral
A sua casta não poderá subsistir
E à fogueira oferecida ao deus Baal.

O que me tens é uma oferenda suja e negra
E suas adivinhações são senão meros joguetes
Não preciso de seu perdão nenhuma nesga 
Seu coração está cravado de alfinetes.

Junte às suas da sua estirpe sua espécie
Tão usufruídas nesse mundo vil celeiro
Vai achar um rufião como merece
E enfim mostrar sua podridão ao povo inteiro.

E mais profanações, pitonisa, ora, diria
Quer enganar a si mesma, é o seu jogo
Sempre tentando cozinhar em "banho maria"
Mas o seu corpo é iguaria as presas dos cachorros.




 (666999)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Meu Armistício

"Conforto alucinante, tranquilidade na clareira do caos. O ponteiro, ele rodou mais rápido no mesmo relógio de ontem..."

Otto























Pintura: A Cabeça da Guerra - Salvador Dali

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Uma solidão acolhedora
Sem grilhões nos tornozelos
Sem lembranças da masmorra
Sem quinhão dos desmazelos.

Nem herança do seu nada
Só uma alegria sufocante
Que nem passa da garganta
Com um grito lancinante.

A alforria dos cativos
Um armistício para a alma
Já despi de meu cilício
E a euforia vem com calma.

Dando vivas à Anarquia
Longe disso as algazarras
Soltando rojões pirotecnias
Das suas orgias fracassadas.

Do seu êxito parco seu par ideal
Escondidos de todos como covardes
Eu no meu frêmito vasto como nunca antes igual
E vocês se acostando como cães em seu quarto.

Uma sensação indescritível
Sentir-se amado, algo incomum
Ao meu lado uma dama incrível
Do seu lado, qualquer um.



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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Devoluta

"Está nas fantasias dos infelizes, está no dia a dia das meretrizes; no plano dos bandidos, dos desvalidos, em todos os sentidos, Será? Que será? O que não tem decência, Nem nunca terá! O que não tem censura nem nunca terá! O que não faz sentido..."

(Chico Buarque)
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Não possui nenhum pundonor
Não merece poema nenhum
Não possui um viés de pudor
É esquema para qualquer um.

Corre em todos os cantos
Sua fama sua glória apagada
Nem tempo tem para os prantos
E lamúria de saber que é usada.

É superficial como espumas do mar
Tal e qual sua estabilidade
É volúvel como brumas no ar
Tanto igual é sua felicidade.

Vai virando troça de todos
É passada de mão em mão pelos tolos
Enlameando-se de tudo e de lodo
Emaranhada entre os fios de seus rolos.

Sua boca não é lugar de um só falo
É onde expelem as tensões os amigos
Vai se igualar a um fosso ou a um ralo
Não merece ósculo nenhum só atrito.

Por onde passa as pilhérias frequentes
Nas mesas dos botecos na praça na rua
É o assunto do momento dos deliquentes
Tem graça até o momento de vê-la nua.

Não é digna sequer de apreço
Desconheço sequer o seu nome
É futil, sem valor, baixo preço
Facilidade é o seu sobrenome.

É ávida em trapacear
É Fasianídea, não é mulher
Tem a arte de negacear
É presa fácil pra quem quiser.

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"O seu corpo é dos errantes,
Dos cegos, dos retirantes;
É de quem não tem mais nada."


(Chico Buarque)



terça-feira, 11 de setembro de 2012

A Caixa Preta

É hora de dar um basta ao antigo
A partir de ontem estou vivendo o novo
E basta a mim já saber-me vivo
E cada dia em ti é que eu me renovo.

Não estou revendo conceito algum
Criei um mundo a partir do nada
É um sentimento pleno é tão incomum
E juntos somos um a percorrer a estrada.

Tanta força em ti que não imaginava
E o improvável já se faz verdade
Cada segundo junto o amor aumentava
Que hoje já não cabe mais nessa cidade.

E às vezes é preciso a escuridão
Para ao longe ver a luz que entra mansa
Para apaziguar a dor do coração
E nossa alma em sonho vibra ama e dança.

Porque a nossa boca guarda nossos beijos
E sempre estamos juntos mesmo que o mundo contra
Em uma caixa preta os nossos segredos
E tudo é bem maior do que por aí se conta.

Não sei se acreditava tanto em empatia
E amor platônico me deixava tonto
Mas quando sua alma encontrou a minha
Mudou minha vida para sempre e ponto.


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