sábado, 28 de junho de 2008

A Corte


Sou plebeu.
Mas ainda sou eu.
Omito quem de fato sou.
Mas admito que ainda sou.

Vivo na corte.
Mas se se vive na corte podem haver cortes.
Viva a corte!
Se bem que se se vive na corte é questão de sorte.

Mas não sou o bobo.
Sou plebe, mas não acomodada.
Sou até louco.
Mas plebe não deslumbrada.

Essa ascensão não me agrada.
Prefiro meu posto.
Não admito usar essa farda.
Não coloco a tapa meu rosto.

O banquete está servido!
Caem migalhas de migalhas...
Mas me sirvo com os serviçais.
Não me agrado de palhaçadas.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Por que estilistas se vestem tão mal?



Detesto a rotina.
O que faço não muda o mundo.
Modelos, padrões, sabatina.
Sou vagabundo.

Formulários, mandados, intimações.
Todo mundo faz as mesmas coisas.
Até os crimes são iguais.
Por isso há razão de padrões.

E os padrões estão aí.
Hão de ser seguidos.
E os patrões estão aqui.
Periga sermos seguidos.

Manipula-nos tal qual onanistas.
Por hábito, sem ânimo, só gozo.
Por isso onanizo-me aqui.
Pois estou entediado e acho gostoso.

Felizes os perseguidos,
Porque herdarão a terra;
Em que terra seremos acolhidos?
E quem é que nos enterra?

Todos condicionados e mudos
E o ar condicionado
Todos acomodados e surdos
Todos calados

Detesto a monotonia.
O que faço não muda o mundo.
Mas não sei se isso queria.
E não sei se alguém mudaria.

Tem gente que acha que muda.
Mesmo que pela moda.
Tem gente que se acostuma.
Quem se importa?

sábado, 21 de junho de 2008

Avante!


Enfrente.
Em frente!
Enfrente de frente.
Diferente.

Avante!
Avance!
À frente.
Afronte!

De frente.
De fronte.
De costas.
Dê as costas.

Num átimo.
Que ótimo!
Até a proxima!
Até aproxima.

Sinta.
Não pense.
Não minta.
Indecente.

Transe.
Em transe.
No trânsito.
No trance.

Na pista.
Na batida.
Na levada.
Na saída.

No levante.
Se levante.
Não adianta.
Se adiante.

Não esmoreça.
Não amoleça.
Não endureça.
Nunca se esqueça.

Navegue.
Naufrague.
Namore.
No flagra.

Enfrente!
Avante!
Em frente!
Avance!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Dois mais dois é igual a dois


Dois mais dois é igual a dois
Se for dividido entre nós dois,
Tudo o que é meu é seu,
E tudo o que se faz por nós é dividido.

Um mais um é um,
Porque a tenho, mas nem sequer a vejo,
Um mais um é um,
Pois sem sua boca não há beijo.

Dois mais dois são dois,
Não importa o seu, não importa a minha,
Importa sim o que vem depois,
Se eu ou você não ficar sozinha.

Um mais um agora é um,
Porque você para mim é algo irreal,
Isso tudo é muito comum,
Entretanto para mim não é natural.

Nesse momento restarão só nós dois,
Você, uma de lá e eu aqui, um,
Antes dois e dois eram dois,
Agora um e um só dá um.

domingo, 15 de junho de 2008

O Segredo


Um dia tive o segredo do mundo nas mãos
Mesmo que por poucos segundos
Foi o tempo de querer contar
Que acabou-se o efeito

Tem gente que já o teve também
Mesmo que por um ataque
Mesmo que por uma crise
Mesmo que por um achaque

O cérebro funcionando
Quase que totalmente
O segredo revelado
Esquecido de repente

Queria contar, abri a boca
Queria falar, mas euforia
Depois tristeza
Depois nostalgia

terça-feira, 10 de junho de 2008

Tristeza...



Bate pungente no meio da madrugada...
Corre desvairado em sua cavalgada...
Em seu galope um ronco metálico...
O vento frio golpeia sua cara...

Nem paciência pra um livro, pra nada...
Nem vontade de viajar para longe...
Nem vontade de chorar, não há lágrima...
Nem vontade de voltar para casa...

A tristeza desponta de longe...
A solidão destoa no peito...
A incerteza é meu rumo, é o horizonte...
Que eu uso pra entender o meu jeito

Eu grito por sua alma na noite turva...
Procuro encantos há tanto tempo já esquecidos...
Eu minto pra ter minha calma mesmo na chuva...
Eu fujo dos meus tormentos que cães famintos...

No meu cavalo de metal não sou cavaleiro...
Estou só fugindo e fugindo dos meus algozes...
Sou em quem falo e mal e mal estou me ouvindo...
E em meus ouvidos pareço ouvir um milhão de vozes...

Só vim pra abraçar, beijar, sem mais o que...
Vim sem pensar só vendo as luzes através de meus olhos úmidos...
Sim sem pensar mas com o afã de não mais sofrer...
Sim pra falar que não mais terás dias estúpidos...

Encontrei então o afeto que há tempos procuro em mim mesmo...
Quando saí do meu egoísmo e fui à busca desatinada...
Queria mostrar que não sou por acaso, não sou a esmo...
Queria mostrar que um dia comigo poderás ser amada...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Uma caneta sempre em mãos...



Uma caneta sempre em mãos
Uma caneta pra escrever um recado
Uma caneta pra dizer uns nãos
Uma caneta pra ganhar um trocado

Uma caneta pra não ficar sem
Uma caneta pra depositar um dinheiro
Uma caneta pra furar alguém
Uma caneta tinteiro

Uma caneta pra prender cabelo
Uma caneta pra aprender letras
Uma caneta pra apreenderem meus bens
Uma caneta pra largar de ser besta

Uma caneta pra estourar no bolso
Uma caneta pra manchar sua camisa
Uma caneta pra durar pouco
Uma caneta pra quem precisa

Uma caneta pra traqueostomia
Uma caneta pra cheirar cocaína
Uma caneta pra ansiedade e agonia
Uma caneta pra salvar uma vida

Uma caneta pra escrever palavrão
No dinheiro ou na parede
Uma caneta "La Modernista Diamonds"
Uma caneta bic verde

Uma caneta pra assinar casamento
Uma caneta pra bancar o otário
Uma caneta pro testamento
Uma caneta pra ficar milionário

Um dia atípico...


Ontem foi um dia atípico. Pra começar comecei normalmente. Acordei (quase) cedo. Fui trabalhar na minha repartição. Cumpri minha meta, como sempre não almoçei (até porque nunca tenho tempo) e me concedem, de quando em vez, de quinze a vinte minutos para o almoço. Comemoro.

Contudo, eu disse atípico, não é mesmo? Ok.
Mudei de setor ao meio-dia e meia. Cumpri outra meta, aliás, meta não, cumpri o que tinha que cumprir e o que sabia, por conseguinte.

Saí às 15:00 horas. Fiquei esperando meu pai vir me buscar. O sol brilhava num azul fosco do céu, quase azul-celeste. Meu pai demorava e muito (pra variar também). Observava as pessoas vulgares em seus comentários cotidianos, e outros atípicos, afinal estávamos, todos, na frente de um fórum, ou seja, entre marginais e endividados para com a justiça. Talvez todos no mesmo charco, inclusive eu. Uns chupando picolés de ambulantes com seus carrinhos de cara dúbia por sua vez (mil perdões!), outros apenas sentados nas soleiras de qualquer canto.

O atípico dessa cena trivial em dia atípico para os triviais, foi que olhava para o céu, sabe lá por que razão, aliás, tenho reparado que tenho olhado muito para o céu ultimamente, seja por um tique nervoso, seja por sabe lá o que... Prosseguindo, eu olhava para o céu através de meus óculos (Oakley, caro que só vendo!rsrsrs), quando senti um reflexo demasiado forte em meus olhos, olhei de relance e vi uma esfera, que parecia metálica, não me atentei muito a este fato, contudo mantí-me mirando fixamente aquele objeto, que seguia em linha reta, ainda, a princípio, pensei ser uma sacola plástica, dessas que voam no vento, ao léu, contudo, de repente o sol deve ter se refletido em alguma parte mais lisa do objeto e aí sim projetou-se grande clarão, devido ao objeto ser realmente metálico. Constatei.

Nesse instante retirei meus óculos e observei a esfera metálica, que agora, se fazia maior, tal qual uma bolinha de gude no céu, não resisti, chamei a atenção de uma pessoa que estava à minha frente e indaguei a ele se estaria vendo aquilo no céu, ocasião em que o mesmo disse: "deve ser um avião", que continuava em linha reta, de fato, podia ser um avião, mas um avião redondo?

Dito isso, o sujeito vulgar que antes estava acompanhado de uma mulher ordinária que havia ido comprar um picolé e demorava, também fixou-se no objeto, nesse instante a esfera parou. Ao parar, foi diminuindo, decrescendo, e até, evaporando-se, pode ser que pelas nunvens tênues e parcas que haviam no céu, até sumir. O sujeito ficou com cara de idiota, talvez que nem a minha estava, não a vi. Que avião é esse redondo que desaparece no meio de seu trajeto às três da tarde e no céu haviam pouquíssimas nuvens como já dito?

De inopino, a mulher ordinária apareceu com os picolés, já escorrendo nogentos, e o sujeito retornou às suas conversas tão ordinárias quanto ambos e talvez até quanto eu, quanto as pessoas apenas sentadas nas soleiras, o céu azul, o dia chato, meu pai atrasado, os endividados judiciais, todo o charco etc. Penso que de atípico e invulgar apenas o objeto metálico, quem o sabe.

Ah, pra finalizar não estava bêbado, nem tampouco sou louco. (talvez louco eu seja...)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Sem Foco


Cansado.
Enfadado de fatos.
Lendo tanto absurdo.
E absurdos em fotos.

Violência em foco.
Mesmo que sem foco a digital.
As digitais na folha branca.
E dias iguais.

Muda de sala, mas não muda o desastre.
A vida humana é algo a pensar-se.
O colapso existe por toda parte.
O ser humano é um disparate.

Cansado até de piscar os olhos.
E nada fere mais que a rotina.
Ainda bem que não me incomodam os sonhos.
Não há mais novidade nas minhas retinas.