quinta-feira, 27 de novembro de 2008

É com máscaras que conhecemos as pessoas


É com máscaras que conhecemos as pessoas
Mas um dia elas caem
As máscaras e as pessoas
É sem máscaras que reconhecemos as pessoas
Mesmo de madrugada.

Não há lógica, nem métrica, nem nexo
Nem desabafo
Nem mágica, nem estética, nem sexo
Eu acho.

Quase como achar agulha num palheiro
Mas a gente brinca e pula nas palhas
A gente brinca e pula o dia inteiro
Acha mesmo. Não há falha.

É com máscaras que conhecemos as pessoas
Mas são tantas alegorias
E sem máscaras reconhecemos as pessoas
Nem tantas alegrias

Dou uma pausa por agora
Mas não acaba
Às vezes demora
Mas não é nada.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Por que não consigo?


Por que não consigo dizer que quero tê-la?
Por que não vês que quero amar-te?
O que eu faço para convencê-la de que não consigo ficar mais um dia sem beijar-te?

Por que não consigo me expressar quando te vejo?
Por que te desejo dessa forma, desse jeito?
Por que não consigo te dizer que quero um beijo?
Por que não consigo te explicar o que eu desejo?

É tanto que quero de você, mas não posso explicar,
Só te amando saberias o que sinto,
Sentirias o que eu quero ao te beijar,
Saberias com meu beijo que não minto.

Por que não consigo parar de te olhar?
Quero tê-la mais que segundos de seus beijos,
Quero tê-la do momento em que acordar
Até o momento em que dormir com seus segredos.

Quero sentir, ao te beijar, seu respirar;
No silêncio, ouvir bater seu coração,
Por favor, me dê uma chance de te amar,
Por favor, acredite em mim, não diga não.

sábado, 22 de novembro de 2008

Acordar


Um copo de conhaque é o remédio
Para remediar a situação insuportável,
Para despetalar docemente a flor do tédio,
Para tornar a condição mais razoável.

Mas não, nada muda, tudo é igual,
Nada desvanece o sentimento de estar deslocado,
É simples assim, é sim natural,
No momento em que se vê acordado.

Queria virar a mesa do mundo,
Chutar tudo para o alto,
Entrar em um sono profundo,
Acordar feliz em meu quarto.

Fechar os olhos para dormir,
Esquecer de toda essa gente,
Acordar, começar a sorrir,
Com o mundo feliz, diferente.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sofrer & viver


Nenhuma dor para me inspirar,
Nem consciência do existir,
Sem ar pra respirar,
Sem motivo pra fugir.

Nenhum romance para lembrar,
Só esperar o que está por vir,
Sem ar, sem ar...
Cem motivos para sorrir.

Sofrer é saber que está vivendo,
Sentir a vida pulsando,
Passando correndo,
Pulando.

O difícil é saber tudo tão longe,
Sem discussão dos tormentos,
Pergunto-me sempre “onde?”,
E o que ouço são só ventos.

Viver é saber que estás crescendo,
Sentir a vida pulsando,
Passando correndo,
Pulando.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Canto ao Pranto da Chuva


Caiu o pranto desesperado da chuva,
E um soluçar desesperador,
Como um canto resignado ao acaso,
Em um canto do corredor.

Tem telhado, mas vazam gotas no lugar inóspito,
Gotas gélidas de lembranças atrozes.
Tem telhado, mas vazam gotas no lugar, repito;
E à noite o farfalhar de vozes.

Na calçada, à tarde, a chuva cai que arde,
Três pessoas, que não eu, discutem em minha mente,
Na calada da noite o sono ataca, covarde.
Tarde da noite o mundo é inconsciente.

Cai o pranto desesperado,
Chovem gotas sobre o teto furado,
Escorrem lágrimas pelo telhado
Em um dia nublado.

Alguém te persegue, você corre,
E o vento sopra desesperador,
Se não consegue você morre
Em um canto do corredor.

Seus sonhos são ilusões perturbadoras,
Mas é notável a grandiloqüência dos fatos,
As noites são consoladoras,
Os dias inexatos.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Flores no cabelo


Não sei se já relatei quando a vi com flores no cabelo,
Pelo que sei queria amá-la, mas não sei como fazê-lo.
Um dia a mais, sem dia a menos, o dia vai lento.

Por brincar tanto de beijar acho que a amo,
Tem um mês que te vi, chego a pensar que faz um ano,
Tentei te aprisionar e acabei me aprisionando.

Sinto falta da sua elegância, dos seus lábios, seu aroma,
Entrei num sonho um dia à tarde, acordei, por ti em coma.
Talvez não haja mais ninguém, só você à minha volta.

Eu queria agora amá-la, mas não sei como fazê-lo,
Vou fazer as minhas malas, quem sabe possa vê-la,
Não consigo mais não tê-la, isso tudo é pesadelo,
Mas amei desde que a vi com aquelas flores no cabelo.

domingo, 2 de novembro de 2008

Clarice


Estou sonâmbulo e vivo acordado,... E como vivo!
Abate-se uma amargura que traz feiúra a cara,
Faz três ontens que se repetem no hoje.
A amargura não se dissipara.

Primeiro dia do mês e ainda não chegou minha vez!
Sei que o dia passa mal e mal,
Algum amigo meu aniversaria hoje, mas não sei qual.

Dia dos namorados passou e eu como sempre abandonado,
Sonâmbulo, vivo “e como vivo!” e acordado...
... Estou tão acordado que quando durmo ouço o som ligado ao lado.

Não sei se amanhã é sexta ou se é sábado,
Não estou ébrio, estou meio acabado.

Hoje a lua é redonda e brilha e como!
Comê-la-ei tanto que diminuirá no decorrer da semana.
Ando sonâmbulo tanto que fico até tonto,
Agora sei do que Clarice estava falando.

Coitadinha, era sonâmbula e viva e acordada até dormindo,
Andava pela cozinha e sozinha olhando o mundo do vidro.
Ou vive-se bem e dorme-se bem e sê normal,
Ou dorme-se mal, vive-se mal, mas conhece-se de tudo e coisa e tal.

Hoje olhando essa lua imaginei que ela sorrisse,
Andando sozinho na rua, sonâmbulando, pensando em Clarice.