sábado, 28 de maio de 2011

Relíquias

E lá vai aquele Alessandro
Tão parnasiano,
enfocado em seus planos,
Mesclando-se em panos,
Emaranhando-se em seus meandros,
Nem mais tão malandro...

E vai encontrando oligofrênicos
Outros neurastênicos como ele
Em seus chapéus de neoprene
Sem mais frêmito cômico
Ora uma ânsia de vômito
Mas nem isso ele teme.

E a mídia criando jograis
A cultura ficando pra trás
Nem tocar violão eu sei mais
E tão-pouco os artistas atuais.

E lá vão aqueles palhaços
Se vestindo de retalhos, uns trapos
Nem são chiques, nem hippies, um saco!
Resgatando o pior que há de fato.

E referem-se à velha guarda
Que já está muito mais que acabada
Como se fosse uma relíquia enterrada
E um clichê que nada mais é do que nada.


...

terça-feira, 24 de maio de 2011

A Voz


Aos solavancos de um trem matreiro
Sem devaneios de algum apedeuta
Sinto vindo do mato um bom cheiro
O ninho de fato é o melhor terapeuta.

O trem ele mesmo não existe
É o balanço de ninar tão sonhado
O sono é real e persiste
É o mundo dos olhos fechados.

E mistura-se ao som da chuva
E dos trovões e dos sons de vozes
A voz da minha mãe ainda tão jovem
Que reverbera por deitado em seu colo.

E o aconchego é quente e relaxante
As conversas são o pano de fundo
Quem me dera a calma de antes
Quem me dera aquele sono profundo.

A viagem é longa e a infância disfarça
A lembrança existe mesmo que pouca
E não há tormenta que isso desfaça
Da voz em meus sonhos tão jovem tão rouca.


(***)

domingo, 22 de maio de 2011

Nem sempre

Tenho culpado você por tudo
E merece sinceras desculpas
Nem sempre é fácil suportar o mundo
Nem sempre é fácil suportar as culpas.

Tenho soltado palavras como dardos envenenados
Disparados a esmo contra mim mesmo
Não posso culpar a você por meus fardos
Afinal sobrecarreguei e muito esse peso.

E a alma parecendo um trapo esfarrapado
A percorrer pelas madrugadas
O mundo não é tão encantado
Mas ninguém também disse nada.


***

segunda-feira, 16 de maio de 2011

De novo as velhas amarras
É preciso distância de mim
Esse romance é fogo de palha
E termina sempre assim.

Eu tenho espinhos nas mãos
E um coração semi-blindado
Os afagos causam cortes profundos
Não tente estar do meu lado.

(...)