quinta-feira, 21 de março de 2013

Os Cães

“Não há dúvida, o cão é fiel. E por isso devemos tomá-lo como exemplo. No fundo, é fiel ao homem, não ao cão.” 

(Karl Kraus)



Ladram os cães porém sorridentes
Basta um aceno e esconde-se os dentes
Não é tão ameno o perigo latente
Porém é volúvel tal e qual a sua mente.

Diz-se do cão que ladra, não morde
Tente a sorte, descubra-o então
O cão silente é perigo de morte
E o cão que ladra é o ladrão.

Então o perigo é latente 
E o cão é nada mais que ladrão
O cão do ladrão é silente
Senão entrega o vilão.

E o cão que arma-se os dentes
Rosna amarrado ao ladrão
Periga aproximar-se imprudente
E acostar-se do fogo do cão.

E o diabo esse cão amarrado
Ora em pele de cordeiro, porém lobo vilão
Só ataca quem esteja ao seu lado
Mas é sorrateiro, não é bobo, não é não.

Enfim vem o cão solto e sem dono
Amigo dos homens, inimigo dos seus
Sempre à mercê de um provável abandono
Dos homens, dos cães, do diabo e de Deus.


***



segunda-feira, 11 de março de 2013

Sua Presença

"A angústia de ter perdido, não supera a alegria de ter um dia possuído."

(Santo Agostinho)



Posso sentir sua presença
Nos departamentos, nas filas de bancos
Posso senti-la mesmo na ausência
Os passos lentos em seus tamancos.

Ainda me pego pensando na gente
Eu sei, é bem diferente
Mas no fundo a gente se entende
No fundo, a gente bem que se entende.

Mas não tem nada de saudosismo
Conheço bem esses seus afãs
Tem muito de conformismo
És diversa como seus Scarpins
.
Não é nenhuma sentença
Nem nenhum tipo de conformismo
Porém sei que sua presença
Passa por mim bem perto do abismo.

(...)


domingo, 10 de março de 2013

Pode Vir

Sim.
A polícia está atrás de mim.
Sim.
Afinal não é tão ruim assim
Tem gente que engendra de algum modo seu fim.

Mas pode vir.
Põe cinquenta cães armados no meu encalço
Vou ressurgir
Como um ladrão sem passado no seu armário.

E não há nada que me prenda
Nada que me isole
Nada que me renda
Nada que me molde.

Prefiro o alvo em movimento
Não ataco pelas costas
Sou o arauto do tormento
Mas eu sei que disso gostas.

A vida inteira perseguida
Trancafiada na masmorra
O que foi a sua vida?
É melhor então que morra.

As sirenes na persiana
Pintam meu rosto de azul e vermelho
Não tenho medo, ninguém me chama
Olho meu rosto apático no espelho.

Como um gato lépido no teto
Que despenca do alto ao chão
Caio sempre firme e ereto
E saio disposto à missão.

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