terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A Raça dos Tolos

Certa feita se pôs a andar com tolos.
E o que seria dos espertos não fosse a tolice dos outros.

Não saberia dizer ao certo não fosse o passado remoto.
Qualquer proposição não levaria a um resultado tão óbvio.

O que quer de mim o que quer que seja não irá conseguir.
Não acredito no amor e no eterno e infelizmente não vou mentir.

Existem tantas perguntas no ar sem respostas e porquê de existir
Não existe fórmula do amor e por conseguinte não existe elixir.

Dentro da sala de aula com um cem números de imbecis
E quadrúpedes apedeutas e acéfalos encontram-se aqui e ali.

Ostentam o parco êxito como se fosse o troféu dos boçais
Alimentam-se de muitas certezas, são joguetes, são todos iguais
Não absorvem o que foi transmitido, são sequazes, são animais.
Batem sempre na mesma tecla, são asseclas, são anormais.

Se em mãos um látego, azorrague, escadraçaria o couro dos tolos.
Sem ouro para ostentar mais vale o sangue vindouro.
A ignorância a moléstia dos homens é tratada como tesouro.
A panaceia para o fim desses males a extinção de um após outro.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O Quarto


Às vezes da minha cama em meu quarto branco olho para o forro de mesma cor, e sem nenhum espanto fico no aguardo de um estrondo profundo, como um cataclismo a explodir o mundo.

É à morte a que se entregam os jovens?
É a morte quem espera os nobres?
O que aguarda os pobres de espírito? 
Pra quê bibliotecas se não existem livros?

Uma explosão a levar um quarto do mundo todo pelos ares, nem foi um segundo e não se tem mais mundo. Um barulho imenso, grave, frio, rotundo. Acabou-se tudo. Adeus, velho mundo.

A cavalaria sem nenhum templário.
Nas ruas cães ladram feito como loucos.
Cabeças de fogos sobre seus cavalos.
Gritos abafados, parcos, poucos, roucos.

No quarto, armado, madrugada, às quatro. Tudo transformado, transtornado e tonto.
Não se tem amor, não se tem retrato. Está tudo quebrado, inclusive o quadro.

O mundo lá fora é seguro? O mundo?
O ponteiro marca segundo por segundo
O momento exato em que se acabara tudo
O cataclismo súbito, agudo e rotundo.

Ninguém apareceu na tela ou na sua janela no momento exato.
Nem sequer um deus daqueles seus pra lhes dizer adeus.
Nem o firmamento pareceu tão firme naquele momento.
E era crucial, acabar com tudo, de todo, e todos e ponto final.



terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Sinto Tanto.

Eu ainda penso em te ligar
Mesmo sem saber o que dizer
Eu já pensei em te procurar
Mesmo sem saber o que fazer.

Eu não imaginava o quanto te amava
Eu não tinha a noção quando estava contigo
Acho que não tinha a noção de mais nada
A não ser minha loucura e o perigo.

Completamente arrependido
E os lamentos de tê-la magoado
Mesmo que não estejas comigo
Sinto necessidade de ser perdoado.

Seu semblante de anjo em minha mente
Dia e noite tão taciturnos
Perco o sono completamente
Saiba sempre que eu sinto muito.

Ficou para sempre em minha alma
De você em mim o encanto
A angústia que tira-me a calma
E o quanto eu sinto tanto.

Eu sinto tanto.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O Diário Das Desvantagens

Tudo quanto houve na vida
Entre pequenas e grandes passagens
Toda a estrada já percorrida
Escrita no diário das desvantagens.

Alegra-se enquanto há vida
Mas no fim já não crê tão risonha
Andou em círculos numa rota perdida
Achava-se viva porém ainda sonha.

Perdas de tempo entre contratempos
Entretanto não foi questão só de sorte
Vive sim de alguns bons momentos
Entrementes, achegando-se a morte.

Tantas pontes as quais atravessou
No entanto o levaram para um istmo
Nesse ínterim um abalo sísmico arroubou
Como um cataclismo destruindo em seu íntimo.

Cada parte de ti naufragando nas margens
Cada momento refletido em imagens
Na lembrança os momentos, paisagens
Gravado no tempo e no diário das desvantagens.