segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A Fleuma

A fleuma no saguão vazio.
As luzes fluorescentes piscam incessantemente.
O paradigma das paredes vazias.
A pachorra invade o ambiente.

Nada que não soturno ecoa no todo
O caos faz parte do jogo.
Quisera sair bem mais cedo.
Mas não há perdão no relógio de ponto.

O cheiro de álcool por sobre os móveis
E emana das mãos de um servidor padrão
O asco, a apatia, a aversão
Por tudo aquilo que não traz emoção.

Invade as telas sem graça, sem arte
É parte da mobília funcional, disparate
É um móbile estanque, inerte, apartado
É a relíquia sem valor do Estado.

Muitos olhos em muitas telas
Poucos sonhos, no geral, quimeras
E piscam luzes pelos corredores
Ecoam vozes, quase que vociferam...

Deve ter almas por aí, tão calmas
Rondando mansas, afinal, sem descanso
A cafeína traz uma certa sobrevida
A fleuma branda. A eterna pachorra.

Quer morrer? Descansa.
Quer descanso... Morra.


***