terça-feira, 5 de maio de 2020

O fio da meada

Tenho andado muito morno
Depois de andado entre cães e lobos
Talvez sabido só um pouco.
Talvez vivido muito pouco.

Mormente mais inteligente
O vigor ainda mais proeminente
O brilho ainda mais recrudescente
Maquinações aguçam a mente.

Tinha me escapado o fio da meada
Mesmo que perder-se seja o afã da estrada
Quem procura algo não procurada nada
Até porque é longa a jornada.

Se por ventura mente quem ignora e sente
Se faz latente o desejo ardente
Aos poucos vai se recobrando a mente
E o corpo morno se redobrando quente. 

O que é incorpóreo e te doi nos ossos?
E mesmo etéreo te lateja a carne?
Um dor no corpo que lhe tira os "possos"
Um desiderato intenso que te falta e parte. 

Bem no fim do mundo nos covis profundo
Onde o fio da meada esconde o fio da navalha
Onde choras por fora e sorris no fundo
Onde a escada é uma escalada de dentro pra fora.