Eu sou o expectador
Um espectro sempre a mercê
À expectativa do fim do torpor
Tanto quanto você.
O enigmático voyeur
De tudo que ocorre em sua vida
De uma janela qualquer
Na luneta de uma carabina.
O sniper, o arqueiro certeiro
O indivíduo de preto no escuro
Pescruta seus passos ligeiros
O que pretende fazer, o futuro.
Eu sou expectador
Aquele que persegue sombras
O que faz tão aterrador
O anoitecer, a escuridão, as penumbras.
Aquele no fim do cinema
Rindo com a pipoca na mão
Que nem está olhando pra tela
Mas se ri da vil multidão.
O encenador, o vigia, o gari
De madrugado com sacos de lixo
Olha ele ali, bem ali...
Das trevas um monstro, um bicho.
Qualquer hora ele aparece
O teatro está quase no fim
A coxia se abre a cortina desce
Resta aplaudir tudo enfim.
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