terça-feira, 30 de outubro de 2012

O rito

Que os risos saiam espontâneos
E os beijos sejam desejados
Que o amor não seja instantâneo
E os riscos nunca calculados.

Que o desejo possa fluir
E correr como um rio em suas veias
Que possa dentro de ti já sentir
O prazer a envolver em suas teias.

Nada pior que viver reprimido
É sem sentido obliterar o vivido
O sentimento jamais esquecido
É ir-se como nunca ter ido.

Deixar o vulcão transcender
E incendiar tudo que envolva o amor
Respirar e inebriar-se com ardor
E nas chamas do prazer se aquecer.

Num turbilhão de um milhão de desejos
Como em transe num mundo complexo
Labaredas de tesão num segundo de beijo
Labirintos de paixão fogo e sexo.

Ver escorrer em sua pele o prazer
Em seus seios, seus lábios, seu rosto
Engendrar o mel que amas beber
Sentindo a essência em sua língua o meu gosto.

No altar dos sacrifícios da carne
Elevar-se ao auge do desejo infinito
Habitar seu corpo penetrar em seu cerne
É o mistério que sela o amor. Nosso rito.


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Dona de Castelo



















Amor perfeito...
Amor quase perfeito...
 

Amor de perdição paixão que cobre
Todo o meu pobre peito pela vida afora.
 

Vou-me embora...
Embromadora,
Você pra mim agora
Passa como jogadora
Sem graça nem surpresa...


Diga que perdi a cabeça
Se eu me levantar da mesa e partir
Antes do final do jogo.
Louco seria prosseguir essa partida
Peça falsa que se enraíza
E faz negro todo meu desejo pela vida afora...


Vou-me embora, embromadora...
E quando, quando eu saltar de banda
E quando, quando eu saltar de lado
Vou desabar seu castelo de cartas marcadas...
E tramas variadas...
 

Sim.
 

Seu castelo de baralho vai se desmanchar...
Desmantelado...
Decifrado...
Sobre o borralho da sarjeta.
 

Chegou o inverno...


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(Adriana Calcanhoto - Dona de Castelo)
(Letra: Waly Salomão , Jards Macalé)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Rotina

Vou amanhecer na sua rua pra você notar
Vou dormir na sua porta pra te ver chegar
Cansado da rotina de não mais te ter
Mas um dia viro o jogo e começo a ganhar...

Tenho tudo nas mãos, mas se me falta o teu coração
A rotina não interessa, e meu beijo só tem pressa de encontrar o seu...

Não durmo mais, não como mais
E eu já sofri bastante mas não é o suficiente pra você notar...
Não fujo mais, eu corro atrás
Pois somente eu sei o quanto eu andei por todo canto só para te encontrar...

Vou escrever mais mil poemas só pra você ler
Não me canso nunca da rotina de esperar te ter
Acordo toda noite com o celular na mão, mas sem nenhum sinal
E eu mando uma mensagem mesmo sendo uma viagem "quero ver você!"

Se o fim valer a pena o caminho já não interessa mais
Mas agora o meu dilema é resolver nosso problema de viver em paz...

Não durmo mais, não como mais
Já emagreci com o sofrimento mas pra ti não é o momento pra você me amar...
Não fujo mais, eu corro atrás
Pois somente eu sei o quanto eu andei por todo canto só para te encontrar...


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* Letra composta nesta data, porém em breve será feita a melodia.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Inexiste

Onde está o sorriso franco e aberto
E as noites perfumadas, madrugada?
Hoje no peito solidão, pleno deserto
Igual um cão na chuva fria na calçada.

Onde está o amor que juravas ter por mim?
Sem despedida, sem beijo, sem afeto
Algo inacabado, desprezado, nada enfim
Somos o que? Fomos o que?  Só objetos?

Ninguém pode perder o que não teve
Mesmo assim a dor existe é insistente
Quem não sabe amar não aprenderia em poucos meses
Muito menos quando o amor é inexistente.

E o pior é a contradição, que coisa triste!
Muita gente se acostuma até com o inferno
Tentar crer ver algo lindo o que inexiste
E fazer do sofrimento um ciclo eterno.

Que moral tem quem tanto dá ouvidos?
Qual o parâmetro tem quem tanto ouves
Não faz diferença o que vês ou tens sentido?
Fala de amor como quem nunca disso soube.

O pior sentimento de si é o desvalor
E querer se sujeitar a mil desprezos
Afastar de si, tão cegamente,o puro amor
É suportar de sua escolha um enorme peso.

Não posso ter mais do que vi, indignação
Isso não é fraqueza, brio, orgulho, nada
Só sei do que senti em meu coração
Só saiba que tentei fazer sentir-se amada.


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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Essência

O início sempre com o seu sorriso
O indício breve de seu peito arfante
Contigo vou logo ao paraíso
Nos desejos graves de seu jeito infante.

Na escultura bela de seu corpo todo
As minhas mãos como a modelar-te
A desenvoltura leve sobre mim seu jogo
Transpiração e fogo, vira pura arte.

Morro cem vezes quando estou em ti
O desejo é intenso é maior que tudo
Passaram meses e eu quase nem vi
Mas vivi contigo o sonho mais profundo.

Em sua pele branca de maciez e encanto
Que ampara bem a calidez de nós
Sinto a alma branda e o prazer é tanto
Entramos em transe sempre quando a sós.

E quantas vezes minha sofreguidão
De vontade enorme de sua boca em mim
Na língua os dentes, a respiração
E o sabor ardente que sobra no fim.

E a minha essência em ti disperdiçar
Fazer sobrar mais que do desejo o gosto
E com inocência enfim poder te amar
E vislumbrar o amor a iluminar seu rosto.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Expectador











Eu sou o expectador
Um espectro sempre a mercê
À expectativa do fim do torpor
Tanto quanto você.

O enigmático voyeur
De tudo que ocorre em sua vida
De uma janela qualquer
Na luneta de uma carabina.

O sniper, o arqueiro certeiro
O indivíduo de preto no escuro
Pescruta seus passos ligeiros
O que pretende fazer, o futuro.

Eu sou expectador
Aquele que persegue sombras
O que faz tão aterrador
O anoitecer, a escuridão, as penumbras.

Aquele no fim do cinema
Rindo com a pipoca na mão
Que nem está olhando pra tela
Mas se ri da vil multidão.

O encenador, o vigia, o gari
De madrugado com sacos de lixo
Olha ele ali, bem ali...
Das trevas um monstro, um bicho.

Qualquer hora ele aparece
O teatro está quase no fim
A coxia se abre a cortina desce
Resta aplaudir tudo enfim.



***

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Em Seus Braços
























Em seus braços frágeis sinto a força do amor
Em sua boca cálida perco a noção de tudo
Nossos abraços mágicos fazem-nos esquecer do mundo
E nosso corpo junto é fogo e calor.

Em seus braços frágeis sinto a força do mundo
E penso comigo que é sobre-humano
O amor que sinto é maior que tudo
É tudo de puro, não é mundano.

É uma parte de mim que parte contigo
E parte de tudo ainda persiste
Comigo ficou o que é invisível
Mas quem sempre luta, um dia desiste.

Uma torrente sem fim de sentimentos atrozes
Uma corrente infindável de desejos, afãs
Na mente insiste um barulho de vozes
Que não diz uma palavra de um possível amanhã.

Em seus braços frágeis a proteção esperada
Um dia melhor, um mundo mais pleno
São dias e noites, manhãs, madrugadas
A esperar sua chegada no relento, sereno.



quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Tatuagem

















Se pudesse dizer algo a ti
De todas as coisas que eu ja vivi
Se tive inferno ou se eu tive paz
Ou se em algum momento sorri
Posso dizer bem aqui
Que não sei dizer, tanto faz.

E de todas as coisas que faço
Ora rabisco de novo, refaço
Tudo novo de novo, melhor.
Sinto-me livre, solto no espaço
Saio da reta, da linha, do traço
Vejo e sinto que era pior.

E hoje vejo meus planos
São os mesmos? São outros, são tantos
E sempre a busca incessante.
E a gente vai caminhando
Se possível vai se encontrando
Mas hoje bem melhor do que antes.

O perdão é amigo dos tolos
A vingança é a cereja do bolo
Mas posso dizer estou saciado.
Desemaranhado daqueles rolos
Deixo o troféu para qualquer bobo
O passado morto, enterrado.

Vai observando a paisagem
Enfim vai sumindo sua imagem
Ao longe ficou para trás.
Mas eu sempre tive coragem
Pra lembrar de ti farei tatuagem
Em meu braço assim: Nunca mais!



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Avalanche

Alegria incessante
Virá como tempestade
Euforia pulsante
Vem e invade.

Abruptamente
Como uma avalanche
Abre-se a mente
Na alma um desmanche.

O afã soterrado
Mas é bom revigora
Se se enterra o passado
O novo lhe aflora.

A vida é assim
E a gente acredita
Ignora-se o fim
Retoma-se a lida.

Se antes um aperto
No peito secreto
Faz- se um acerto
Selado em concreto.

Não é sonho só meta
Não sonho acordado
Então pego essa reta
E está concretizado.

Alegria incessante
Espera por mim
Vem como avalanche
Imergir tudo enfim.


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Libélula

Ficou uma fragrância nas mãos
Da sua pele meiga e doce
Ficou o avesso a contradição
Como se nunca antes fosse.

Falta o ar, falta respiração
Um pedaço maior de mim
Se falar adiantasse a razão
E evitasse de fato esse fim.

Tem muito de amor bem aqui
Mesmo que sempre descrédula
Mas é suave e deixou-me. Morri
E pousou-me tal qual uma libélula.

Um amor que só paira e não para
Como se precisasse voar novos ares
Uma flor de beleza tão rara
Que sempre renasce em outros lugares.

Voe pra mim de volta eu imploro
Pouse em meus ombros meus braços meu peito
Nesse momento sozinho aqui choro
E lembro de tudo cada vez que me deito.