terça-feira, 4 de maio de 2010

Incógnitas


Até quando verei meu rosto no espelho?
Até quando serei pele, ossos, cabelo?
Sou mesmo feliz por tê-la visto em meu mundo
A vida só é bela por saber que vives ainda.

Mesmo sabendo que a senda é curta, imprevisível
Atalha pelos caminhos um perigo invisível
Nada que detenha-me, não enquanto ainda respiro
E paro, e detenho-me, dou uma olhado, prossigo e suspiro.

Todos conhecem-me, aqui e ali, nas adjacências,
Tudo que sobra e falam de mim, nada são que excrescências;
E tudo que sobra, se não incomoda é ardil e profanações,
Mas não vivo de cobras, nem de covis, ou escorpiões.

Até quando verei meu rosto íntegro no espelho?
Mesmo não sendo Dorian Gray possuo segredos,
Mesmo não sendo Narciso, preciso afogar-me em meus medos,
Pra poder descobrir-me e que sou mais que pele e cabelos.

E as incógnitas me boicotam todo o tempo,
Já não quero crer que viver é só uma perda de tempo,
E quando vejo que o tempo perdido é só um contratempo
Tento reviver e pensar que é só uma passagem, ou melhor, passatempo.

Um comentário:

Alessandra Chaves disse...

"Já não quero crer que viver é só uma perda de tempo"

Por quanto tempo teremos de ver o tempo passar e nada fazer para que nosso viver tenha um sentido ímpar?
Por quanto tempo ficaremos a mercê dos dias?
Até quando vamos ser passivos no teatro da vida?
Pergunto a mim, até quando permanecerei assim?