quinta-feira, 22 de abril de 2010

O Lodo
















Não mais mergulho naquele engodo todo
Enlameado, de medo e lodo
Sinto respirar com esforço improbo
E acordo afoito com desgosto e bobo.

Não mais pertenço a esses ares outros
Já faz-me mal tanto inútil povo
Já não é mal acordar-se morto
Pelo menos isso faço crer que é novo.

Sinto falta do som do seu choro tolo
E sem decoro me preparo todo
E quando lembro desse desaforo
Vejo-me todo enlameado em lodo...

Uma noite afoita como a de um vil cachorro
Faz-me falta tanto aquele som de choro
Que era a trilha de um romance improbo
Que hoje vejo como um tremendo engodo.

Cães violentos ladram o dia todo
E o meu dia mal começa um novo
E se tardia já me sinto bobo
Melhor que antes todo envolto em lodo.


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