quinta-feira, 24 de abril de 2008

Feito Gato



Acordo, o dia claro.
Céu azul de ficar em casa.
Frescor nítido e abalsamado.
Pés para o alto.

Cansado, mas não de fatos.
Sim de nadas exatos.
Cansado, mas não pra ficar deitado.
Aproveitar para andar feito gato.

Recai sobre o peito o tédio que não se encerra,
Ressai o defeito como um remédio deletério,
Se se acomoda com a moda que transborda e vitupérios
caem sobre as bordas uns arremedos de despautérios.

Avolumam-se as nostalgias contumazes,
Assemelha-se aos transeuntes execráveis,
Comete as hipocrisias mais audazes,
Foge para lugares insalubres.

De tanto cansado, mas não de fato,
Fugiu, se sentiu isolado.
Dor de cabeça, decapitado.
Fugidio, vadio feito gato.

É só um único ápice álacre
Como num gozo fortuito.
Gosto acre quando obtido o vértice.
Mais ainda se fosse gratuito.

Acordo e entro num acordo.
Acomodo a meu modo num cômodo.
Mudo o modo das coisas.
A moda e o mundo anacrônicos.

saio de soslaio da ala.
Corro pela alameda sozinho.
Alardeia-se por toda a sala.
Saio da sala sozinho.

Hoje é querer ficar em casa.
Hoje é matar o dia, a aula, o exato.
Hoje é o ontem que se repete,
Hoje é dia de sair feito gato.

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