(O conteúdo deste blog é de autoria inviolável de Alessandro Vargas, sendo parte consubstancial de sua idiossincrasia) (contém partes da obra "Velhos Invernos e Dias de Diamantes")
quinta-feira, 17 de março de 2011
Ciprestes
Lembra da noite em que eu te sepultei?
Aquela noite em que a chuva espalhava barro pelos canteiros
Aquela noite em que a deitei debaixo dos ciprestes negros?
Quando te dei um beijo de desterro antes mesmo do próprio enterro?
E deitada na relva sentia os pingos grossos de chuva
E mesmo morta há muito não se sentia tão viva...
E dessa forma a gente chora ainda mais a perda da vida
Será que era mesmo ela tão rude e sofrida?
E na sua última noite nem estrelas nem lua
Só o barulho da escavação no lamaçal ao seu lado
Uma música aparece ao longe a relembrar seu passado
Mas nesse momento só pensa que logo tudo terá terminado.
E de cima pra baixo tudo é mais encantado
O vento balança os galhos de eucaliptos no alto
Um aroma gostoso vem com a brisa e um frio em seus pés descalços
E agora lembra como podia pensar em percalços.
O corpo mole sobre os ombros de um outro forte
E lança-te na profundeza aconchegante da cova
Em breve haverá vida nova
Em breve haverá vida nova.
(***)
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