sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Capítulo 1 - O Livro das Decepções

 Nada mais teria ocorrido

Antes tivesse resolvido

Pobre moça noiva das prisões

Mais uma de suas anotações.


Naquele país distante e um sonho iminente

O coração pungente de vida inquietante

Querendo voltar para os braços de seu pretendente

Mal o sabia um tolo, um inconsequente.


Os anos se passariam de qualquer maneira

Mas por quê me trataste daquela maneira?

Tu sonhavas sorrindo plena tarde inteira

Mas quem diria que seria daquela maneira.


(...)


terça-feira, 5 de maio de 2020

O fio da meada

Tenho andado muito morno
Depois de andado entre cães e lobos
Talvez sabido só um pouco.
Talvez vivido muito pouco.

Mormente mais inteligente
O vigor ainda mais proeminente
O brilho ainda mais recrudescente
Maquinações aguçam a mente.

Tinha me escapado o fio da meada
Mesmo que perder-se seja o afã da estrada
Quem procura algo não procurada nada
Até porque é longa a jornada.

Se por ventura mente quem ignora e sente
Se faz latente o desejo ardente
Aos poucos vai se recobrando a mente
E o corpo morno se redobrando quente. 

O que é incorpóreo e te doi nos ossos?
E mesmo etéreo te lateja a carne?
Um dor no corpo que lhe tira os "possos"
Um desiderato intenso que te falta e parte. 

Bem no fim do mundo nos covis profundo
Onde o fio da meada esconde o fio da navalha
Onde choras por fora e sorris no fundo
Onde a escada é uma escalada de dentro pra fora.




 
 

quinta-feira, 10 de maio de 2018

“Quando achei que não estava mais lá, eu ainda estava lá. Talvez não seja uma questão de espaço, mas sim de lugar.”

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Viverá

Só te garanto não ter garantia. Por vezes insanidade, o restante felicidade. Confesso, não tem calmaria, mas prometo aventura e alegria. Dos dias amenos, esqueça, mas fogo e dor de cabeça. Tempestades de emoções, furações, temporais; dias normais nunca mais. E a trilha sonora constante, enérgica, visceral e vibrante. Viverá com intensidade constante, e nada mais como antes.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Era Preciso

Era preciso...
Um ombro amigo.
Um momento contigo.
Um final decisivo.

Era preciso...
Um dia alegre
Uma paz consigo
Um sorriso breve
Um estar contigo.

Era preciso...
Enfrentar de vez
O remorso antigo
Correr perigo
Só mais um mês.

Era preciso...
Conversar direito
Falar a respeito
Tirar do peito
Como é preciso.

É o que mais preciso
Encontrar abrigo
Uma fortaleza
Em sua beleza
Ter confiança
Fazer mudança...
Era preciso.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Imagens Suas

Pensei em você hoje a noite inteira
Pensei, revirei, e até sonhei
Não é que seja coisa que não queira
Mas é algo que sempre que pude eu evitei.

Ficar sem dormir já não é problema
O problema todo é ali ter você
Ou não ter é que é o problema
E o dilema é ter que esquecer.

O tempo passa e isso não acaba
Isso me acaba e não tem jeito
O momento vem e tudo desaba
E o mundo acaba quando me deito.

Deixei de ver imagens suas
Percorro as ruas num novo rumo
Mas ainda assim vem coisas tuas
A me atormentar e então não durmo.

As lembranças são tão mais doces, ternas
E mesmo não querendo revivo tudo isso
Me vejo envolto de novo em sua pernas
E acordo do sonho e já não passa disso.

(...)

terça-feira, 15 de março de 2016

Até Mais, adeus...

Ainda tem muita lenha pra queimar
Já não se sabe, nem de se ouvir falar
O protesto é em vão e irrelevante
E já nem mais tão beligerante.

A fumaça aduz o fogo
Nem tudo reluz, nem ouro
A tormenta já não mais enfrenta
Talvez nem chuvisco aguenta.

Alegria ora fugidia
Ora como nunca como bem fazia
E tanta quimera tanta nostalgia
Ah, meu bem, já era. Já se foi o dia...

Os pensamentos claros sob a luz de vela
Uma centelha parca, bem sutil, singela
Navega pelos mares da emoção atroz
Já ficou pra trás e como foi veloz.

Seu nome já não causa tanto sofrimento
Já posso ouvir o vento e enfrentar novembro
Um dia ia passar, mas não passou de todo
Um dia ia ganhar, mas acabou-se o jogo.

Talvez nos sonhos a gente se encontra
Se não houver amor, a gente faz de conta
Talvez meus sonhos não sejam mais os seus
E se não for eu finjo. Até mais. Adeus.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Você é Meu Fantasma

Não dá pra te esquecer
O que mais posso fazer?
Entra ano e sai ano sempre a enlouquecer
Mas não mais como antes e não mais junto a você.

O que fazer se a procuro
Se vem o escuro e me leva para as trevas
De que adianta tantos muros
Se quando durmo é você quem me desperta.

Gostaria de estar perto
Sou maduro já sei lidar com uma mulher
Queria agora estar desperto
E decerto ter ao certo a certeza que me quer.

O tempo não está ajudando
Entra ano e sai ano e eu ainda com esses planos
Até esqueço de vez em quando
Mas num repente vem o passado a descobrir-se como um pano.

E você mais linda ainda
Quisera eu saber agora se estás casada ou sozinha
Sem você sou trem fora da linha
Turbulento barulhento a se estilhaçar em sua partida.

O que fiz pra merecer?
Sei que foram muitas coisas mas será que as levo até morrer?
Não dá pra te esquecer
Entra ano e sai ano e meu fantasma é só você.


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Mais Uma Vez a Insensatez

É, não foi dessa vez
Mas foi como que premeditado
Foi como tem que ser
Mais uma vez acabado.

Outra vez
Olha só quem é a bola da vez
Mais uma vez a insensatez
E à tona o passado.

Só um passo em falso
Ao despenhadeiro
Sobre um cadafalso
E um algoz certeiro.

É, mais uma vez
Foi mal compreendido
Mais um mal entendido
Sem qualquer sentido.

A presença grave
O aspecto hostil 
O que foi suave
Agora vão e vil.

O fim esperado
Como antes foi
Como no passado
E o que vem depois?




quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Egos & Infernos

* Deuteronômio – 28-26. "E o teu cadáver servirá de comida a todas as aves dos céus, e aos animais da terra; e ninguém os espantará."

A porta do inferno
A hecatombe profunda
O demônio de terno
Eclodindo da tumba.

As mulheres despidas
São partidas ao meio
Depois de tanta investida
Agora são carne e recheio.

Camas feitas de cédulas
E o sangue como cobertor
Sente a dor em cada célula
Contudo não tem mais valor.

O narcisismo morto enterrado
Os defuntos de todos os egos
O nazismo antes disfarçado
Crucificado com muitos pregos.

O flagelo da alma
Um terror maquinal
Dissipa-se a acalma
Num calor infernal.

O fim dos disfarces
Das alegorias pecaminosas
Das ervas daninhas
Cruéis, perigosas.


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Holocausto de Amantes






Tenho as mãos afiadas e o punho cerrado
Faíscas nos olhos lacrimejados
Um dia de luta uma noite ao seu lado.

Faço jogos de morte quase sempre que posso
Tenho desvios que levam ao fundo do poço
Em minha alma um frio que congelaria seus ossos.

Dentro de ti nada mesmo só um gelo aterrador
Com planícies inteiras de frio e de dor
Qual foi mesmo o momento em que acabou-se o calor?

Um local perfeito pra um holocausto de amantes
Nada mais como antes nem sonhos infantes
Aspereza e rudeza e gritos beligerantes.

Observa o sangue a escorrer pela neve
Sem mágoas remorso ou algo que a moleste
Seu corpo é febril mas sua alma está leve.

Sombras de espíritos malévolos claudicantes
Sonhos tão insípidos decrépitos nauseantes
Assombram dia e noite mas nada mais como antes.


terça-feira, 18 de agosto de 2015

Um Filme

Tenho apostado pago pra ver e vou firme
Mesmo que isso custe-me caro
Talvez a convide pra vermos um filme
E durma aqui se acabar muito tarde.

No fim é só nostalgia de tempo e aromas
Um frescor revigorante na alma
Ratificando os velhos axiomas
Trazendo à tona o passado sem traumas.

E despeço-me de mim mesmo deixando tudo pra trás
Deixo meu carro, minha casa, meus livros
Vou sozinho, mas sinto-me em paz
Atrás de sonhos que os cria perdidos.

E se ao descer você estiver à minha espera
Minha quimera viraria um presente
Poder rever seus sorrisos, quem dera!
Poder te abraçar e te amar eternamente.



sábado, 1 de agosto de 2015

Nada Mais




Aquele aspecto elegante
Seus passos incertos infantes
Aquele cheiro de cidade grande
Mas nada mais como antes.

Aquele sorriso estampado na cara
A apatia que não se dissipara
O coração que não mais dispara
Fantasia já coisa tão rara.

Os bons e velhos minimalismos
A bipolaridade os mesmos sentidos
No pulso quase que um acrotismo
No amor um tenaz ceticismo.


terça-feira, 7 de julho de 2015

Um Simples Segredo

Eu daria tudo por um segundo
Eu faria tudo pra mudar seu mundo
Eu voltaria hoje àquele sono profundo
Onde você e eu éramos um só em tudo.

Lembro de acordar bem cedo em meio às suas pernas
Lembro daquelas noites etéreas e eternas
Envolto em seus cabelos lençóis e cobertas
E nossos segredos juntos e carícias ternas.

Na escuridão da noite igual os seus cabelos
Nossas peripécias e tantos desmazelos
Um arrepio agudo a eriçar os pelos
E acabou-se tudo num estalar de dedos.

E éramos mais que um simples segredo
Éramos mais que uma aliança no dedo
Éramos a esperança de vencermos o medo
Éramos o fim começando mais cedo.



sexta-feira, 19 de junho de 2015

A Inundação



















O vento frio de junho a nos sufocar
Um arrepio soturno a nos flagelar
Um onda aterradora fazendo naufragar
Tudo de todo fazendo tudo mar.

As lembranças tristes todas submersas
As lembranças boas todas bem dispersas
Um passado fresco na memória aberta
E a alma tosca quase que descoberta.

A água cobre tudo os móveis, a estante
Tudo nunca mais como fora antes
Lá fora a calmaria que antes sempre estanque
Hoje jaz no mundo inundado como um tanque.

O momento é incerteza como antes fora
Lá fora a correnteza de ondas aterradoras
Vem como uma serpente de presas desafiadoras
A destruir o mundo tão frágil lá fora.




sexta-feira, 17 de abril de 2015

Quando Acordo

Não acordo pra ser sensato
Não acordo pra fazer sentido
Acordo pra não ser exato
Acordo por estar vivo.

Não levanto pra ser a esmo
Levanto pra ser eu mesmo
Acordo e me despeço da cama
Mas às vezes volto se ela me chama.

E ser melhor a cada dia
Não para os outros mas para mim
Dançar a vida com alegria
Saber que a estrada nunca tem fim.

E se tem cansaço, volto e me aconchego
No seu peito, envolto em seus abraços
Seu braço sempre aberto quando chego
Nosso amor sem medo preenche todo espaço.

Não acordo sempre para ser só eu
Mas o pensamento é sempre sobre ti
Se tu for minha passo a ser só seu
E só de ser possível já me faz sorrir.

terça-feira, 31 de março de 2015

Pessoa Imaginária



Às vezes me perco, ora me encontro
Ora me desfaço, mas me visto e pronto.
Ora etéreo, e subliminar
De quando em vez sublime
Outra vez sem ar.

Ora me despedaço, e me desintegro
Vez ou outra faço, mas não aconteço.
Vou partir-me em cacos pra ver se reconheço
No vazio espaço em que permaneço.

Pessoa imaginária que permeia o mundo
Em um bilhão de vozes que sinalizam tudo.
O mundo em minha mente é sombrio e soturno.
Mergulho em mim mesmo, naufragado ao fundo.

Um homem soterrado por tantos pensamentos
Quase que invisível, quase completamente
Um homem sem sombra, quase sem sentimentos
E as lembranças vivas a invadir-lhe a mente.

Vou ver se despedaço pra fugir da existência
De tantos estilhaços da fútil demência
Da superficialidade que sufoca a gente
Da frivolidade que me afoga a mente.

Às vezes, sem notar, eu sumo, quase desapareço
Apareço aqui e ali, quase nem me apercebo
Vejo o sol e a lua juntos quando eu acordo cedo
Estou eclipsado e nublado e todo envolto em medo.

Ora eu sou visível mas não meu pranto
Ora descomedido e perdido um tanto
A locomotiva ensandecida chamada minha vida
Como um trem fantasma segue transtornando.




quarta-feira, 4 de março de 2015

07 Anos de Blog do Ale Vargas!





É com muito prazer que gostaria de comemorar com todos meus amigos leitores esses sete anos que escrevo nesse blog, compartilhando com todos meus devaneios, meus amores, minhas dúvidas e inquietações. No início não imaginava que algo tão singelo e particular, pudesse me prender por tanto tempo, acreditava até que fosse algo momentâneo. Apesar de escrever poemas desde os oito anos de idade não imaginava que esse hábito, ou melhor essa paixão, pudesse ser algo para mim ainda tão revigorante, prazeroso e necessário.

Agradeço imensamente a Deus e todas as forças do universo que me motivam tanto e me motivaram a escrever as mais de quinhentas postagens, todas autorais e viscerais, contidas nesse blog. Sei que cada leitor atento pode ver o quanto de mim mesmo que há inserido em cada frase, em cada ironia ou metáfora dentro de cada poema. Agradeço também a todos os meus amores, os que já se foram e os que ainda persistem, por serem para mim, sempre fonte de imensa inspiração, e os mantenho vivos em cada uma de minhas palavras, independente do desfecho que cada um teve ou terá.

A única intenção desse blog foi levar um pouco das sensações, das emoções e experiências deste singelo escritor, ou dou-me ao luxo de chamar, poeta, a cada pessoa que aqui aportasse. Não existe nenhuma intenção comercial ou de fama, visto que não uso de linguagem apelativa ou propaganda para atingir tal intento.

Enfim, sem mais delongas, sou imensamente grato a todos que leram, analisaram, comentaram, ou de alguma forma serviram de fonte de inspiração para meus poemas. Saiba que cada um de vocês, mesmo eu não os sabendo, ou vocês não sabendo de mim, fazem parte da confecção deste compêndio de relatos da alma humana, e são, sobremaneira, energia propulsora para que eu possa prosseguir escrevendo. Muito obrigado a todos. São todos mais que especiais.





segunda-feira, 2 de março de 2015

É Tudo Culpa da Culpa


















É tudo culpa da culpa
Acordo assustado e me pego lembrando
Seu rosto me vem e a saudade machuca
A passagem do tempo não está adiantando.

É tudo culpa minha
Fico observando sua linda vida de longe
Sei que jamais estarás sozinha
Sei que meu sentimento não acaba se esconde.

Quando sonho contigo passo o dia distante
Perdido nos pensamentos sua voz sua imagem
É bom é ruim é inquietante
Sempre um dia de muita saudade.

O passado vem à tona num segundo
E de um futuro que nunca vai ser
Eu poderia ser seu marido seu mundo
Mas isso não vai acontecer.

Minha cabeça cria viagens contigo
Cria luas-de-mel ilusórias
Fiz de suas lembranças abrigo
Outras pessoas já me são irrisórias.

Minha alma quando durmo viaja
Em meio a prédios e ruas vai até sua casa
E quando a encontra vela teu sono te abraça
Beija-lhe o rosto os lábios e se afasta.

Quando retorna vem de súbito e me acorda
Com o sabor dos seus lábios seu perfume sua tez
Meu corpo todo de amor se transborda
Então durmo de novo pra sonhar outra vez.




terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A Raça dos Tolos

Certa feita se pôs a andar com tolos.
E o que seria dos espertos não fosse a tolice dos outros.

Não saberia dizer ao certo não fosse o passado remoto.
Qualquer proposição não levaria a um resultado tão óbvio.

O que quer de mim o que quer que seja não irá conseguir.
Não acredito no amor e no eterno e infelizmente não vou mentir.

Existem tantas perguntas no ar sem respostas e porquê de existir
Não existe fórmula do amor e por conseguinte não existe elixir.

Dentro da sala de aula com um cem números de imbecis
E quadrúpedes apedeutas e acéfalos encontram-se aqui e ali.

Ostentam o parco êxito como se fosse o troféu dos boçais
Alimentam-se de muitas certezas, são joguetes, são todos iguais
Não absorvem o que foi transmitido, são sequazes, são animais.
Batem sempre na mesma tecla, são asseclas, são anormais.

Se em mãos um látego, azorrague, escadraçaria o couro dos tolos.
Sem ouro para ostentar mais vale o sangue vindouro.
A ignorância a moléstia dos homens é tratada como tesouro.
A panaceia para o fim desses males a extinção de um após outro.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O Quarto


Às vezes da minha cama em meu quarto branco olho para o forro de mesma cor, e sem nenhum espanto fico no aguardo de um estrondo profundo, como um cataclismo a explodir o mundo.

É à morte a que se entregam os jovens?
É a morte quem espera os nobres?
O que aguarda os pobres de espírito? 
Pra quê bibliotecas se não existem livros?

Uma explosão a levar um quarto do mundo todo pelos ares, nem foi um segundo e não se tem mais mundo. Um barulho imenso, grave, frio, rotundo. Acabou-se tudo. Adeus, velho mundo.

A cavalaria sem nenhum templário.
Nas ruas cães ladram feito como loucos.
Cabeças de fogos sobre seus cavalos.
Gritos abafados, parcos, poucos, roucos.

No quarto, armado, madrugada, às quatro. Tudo transformado, transtornado e tonto.
Não se tem amor, não se tem retrato. Está tudo quebrado, inclusive o quadro.

O mundo lá fora é seguro? O mundo?
O ponteiro marca segundo por segundo
O momento exato em que se acabara tudo
O cataclismo súbito, agudo e rotundo.

Ninguém apareceu na tela ou na sua janela no momento exato.
Nem sequer um deus daqueles seus pra lhes dizer adeus.
Nem o firmamento pareceu tão firme naquele momento.
E era crucial, acabar com tudo, de todo, e todos e ponto final.



terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Sinto Tanto.

Eu ainda penso em te ligar
Mesmo sem saber o que dizer
Eu já pensei em te procurar
Mesmo sem saber o que fazer.

Eu não imaginava o quanto te amava
Eu não tinha a noção quando estava contigo
Acho que não tinha a noção de mais nada
A não ser minha loucura e o perigo.

Completamente arrependido
E os lamentos de tê-la magoado
Mesmo que não estejas comigo
Sinto necessidade de ser perdoado.

Seu semblante de anjo em minha mente
Dia e noite tão taciturnos
Perco o sono completamente
Saiba sempre que eu sinto muito.

Ficou para sempre em minha alma
De você em mim o encanto
A angústia que tira-me a calma
E o quanto eu sinto tanto.

Eu sinto tanto.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O Diário Das Desvantagens

Tudo quanto houve na vida
Entre pequenas e grandes passagens
Toda a estrada já percorrida
Escrita no diário das desvantagens.

Alegra-se enquanto há vida
Mas no fim já não crê tão risonha
Andou em círculos numa rota perdida
Achava-se viva porém ainda sonha.

Perdas de tempo entre contratempos
Entretanto não foi questão só de sorte
Vive sim de alguns bons momentos
Entrementes, achegando-se a morte.

Tantas pontes as quais atravessou
No entanto o levaram para um istmo
Nesse ínterim um abalo sísmico arroubou
Como um cataclismo destruindo em seu íntimo.

Cada parte de ti naufragando nas margens
Cada momento refletido em imagens
Na lembrança os momentos, paisagens
Gravado no tempo e no diário das desvantagens.



sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Peças

Por quê você me atormenta?
Passam anos e não sai da cabeça
Nada acontece pra que eu te esqueça
Preciso esquecer antes que eu enlouqueça.

Algumas coisas a gente se livra
De outras não nos queremos livrar
É como querer pra sempre ser livre
E ao mesmo tempos nos aprisionar.

Vez ou outra me persegue nos sonhos
E aquele olhar distante e estranho
Como se estivesse sempre me cobrando
Como se estivesse sempre me julgando.

O tempo é mesmo relativo
Não a vejo mas posso senti-la
Mesmo que em outra cidade
Mesmo que mediocridade.

E pessoas são como peças
De um tabuleiro de um quebra-cabeças
De um jogo de xadrez sem final
De um jogo sujo e desleal.

Nossas almas já cheias de traumas
Nossos corpos já meio que mortos
Nossos corações já sem pulsações
Nossos ossos já todos expostos.

***

"Babe, don't leave me, please believe me, 'cause I'm so easy to know. Am I the only one you see? Raised from the path of revelry. Am I the only one you see?

(Violet Rays - The Smashing Pumpkins)



quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Convites

Claramente fatigado da métrica
E a retórica fugidia e escassa
Um pouco aliviado da estética
Mais brando a medida que passa.

Navegando por mares tranquilos
Esquece-se as lástimas passadas
Nunca mais vive-se aquilo
Contudo não sobram risadas.

O passado já não transborda na taça
Mas resfria-se o espumante pra depois
O presente é latente de graça
No futuro já não existe um a dois.

Convites de alegria todo dia
Onde o mal não predomina ou germina
Sem dor existe a poesia?
Sem amor a poesia termina,

O fascinante é ver a vida lancinante
Onde o grito de euforia se reverbera
Pelas ruas o instinto de amante
Aprisionado o velho instinto de fera.

Uma estabilidade mordaz e aprazível
O paradoxo da contradição necessário
Um silêncio intenso terrível
Mesmo assim nunca fora do páreo.

Perguntam-me se vou parar
Mas quem para não encontra o caminho
Mesmo que pareça andar devagar
Mesmo sozinho sei onde estou indo.




segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A Fleuma

A fleuma no saguão vazio.
As luzes fluorescentes piscam incessantemente.
O paradigma das paredes vazias.
A pachorra invade o ambiente.

Nada que não soturno ecoa no todo
O caos faz parte do jogo.
Quisera sair bem mais cedo.
Mas não há perdão no relógio de ponto.

O cheiro de álcool por sobre os móveis
E emana das mãos de um servidor padrão
O asco, a apatia, a aversão
Por tudo aquilo que não traz emoção.

Invade as telas sem graça, sem arte
É parte da mobília funcional, disparate
É um móbile estanque, inerte, apartado
É a relíquia sem valor do Estado.

Muitos olhos em muitas telas
Poucos sonhos, no geral, quimeras
E piscam luzes pelos corredores
Ecoam vozes, quase que vociferam...

Deve ter almas por aí, tão calmas
Rondando mansas, afinal, sem descanso
A cafeína traz uma certa sobrevida
A fleuma branda. A eterna pachorra.

Quer morrer? Descansa.
Quer descanso... Morra.


***


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Um Quadro

A pintura abaixo é do renomado pintor Vincent Van Gogh.





















Quanta besteira se faz na vida
Até perceber que está errado
Quanta história destruída
E desperdício de passado.

Hoje percebo erros tão tolos
Que não servem de consolo
Perdi amizades verdadeiras
Por arrogância e orgulhos bobos.

Com tanta gente quis falar
Ser amigo e nada a mais
Mas vi o passado naufragar
Como um navio longe do cais.

Tantas palavras desperdiçadas
Como flechas lançadas e envenenadas
Quantas flores despedaçadas
Quantos espinhos nas mãos cortadas.

Olho o passado como se olha um quadro
Que jaz sombrio mas tem beleza e cor
Tem pessoas vivas mesmo que mortas-vivas
Tem sofrimento sangue ódio paixão e amor.

Um quadro pintado por meus atos falhos
Mas com intensidade com loucura e arte
Se sou o culpado de tê-lo maculado
Tem em minha obra torta você em toda parte.




segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Flebotomia


















Nas suas veias
Corre o mal
Envolto em teias
Abissal.

Lacera e corta
Flor de cactus
É natimorta
Como num pacto.

Veias azuis
Fez-se a sangria
Feixes  de luz
Flebotomia.

O cataclismo
A catacrese
Seu aforismo
Sua catequese.

Como uma aranha
Em suas teias
Garganta arranha
Barganha feita.

Na sua lápide
Nenhuma lágrima
Frio de mármore
Póstumas lástimas.

Nas suas veias
Sangria desatada
Esvaindo em gretas
Alma ensanguentada
Nas suas gavetas
Sortes não lançadas
Foi como um cometa
Passou, brilhou, mais nada.


***

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Coisas Suas


















Suas coxas são como colchas
De ternura, carinho e afago
Suas pernas são sempre ternas
E em meio a elas me sinto abrigado.

Seus cabelos são sempre belos
Mesmo quando não os tenho por perto
Seus braços são mais que abraços
São o aconchego do mundo decerto.

Sua face é sempre tão afável
E sempre branca como a lua rainha
Seu amor é sempre tão amável
Mesmo que não meu, e tu não mais minha.

Saudade sua é sempre saudável
Pois vejo que um dia fui feliz e agradeço
Sua graça é sempre muito agradável
E sei que me amas mesmo se não mereço.

Seu corpo é da cor do desejo
E envolvo meus beijos por ele todo
Nossos lábios estão por todos os lados
Tem nossos segredos nossos sonhos e medos.

Suas costas nuas; são só coisas suas
E nada se muda, no fundo, não mesmo
Tem nossos beijos no clarão da lua
E vejo por dentro ainda aceso o desejo.

O que não é banal nunca é igual
E o que é tosco cansa, enjoa, perde a graça
Um amor só existe se for descomunal
E um amor não morre não importa o que faça.

...


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Gosto de Ti

Gosto da forma como me olha
Gosto da maneira como se porta
Gosto da forma como me toca
Gosto da maneira com que se importa.

Gosto quando parece desinteressada
Gosto da forma como diz nada
Gosto por ser fiel, dedicada
Gosto da sua fala sempre pausada.

Gosto da nossa total discrição
Gosto de ti, mesmo parecendo que não.
Gosto da sua ternura sem fim...
Gosto da forma como gosta de mim.

Gosto do gosto quando me beija com gosto
Gosto do torpor que causa em meu corpo
Gosto da maneira que diz que me adora
Gosto por esperar por mim toda hora.





(...)

"You're not right in the head, and nor am I, and this why...
This is why I like you... I like you... I like you..."

(Morrissey)



Um ou Outro Dia...

Um dia está na festa
Outro dia nada resta.
Um dia de conquista
Outro dia sai da pista.
Um dia tu socorres
Outro dia tu quem morres.

Tem noites de consolo
Tem noites só de choro.
Tem noites de abandono
Tem noites só de sono.
Tem noites de prazer
Tem noites de morrer.

Vou levar pra ti as flores
Mesmo quando tu te fores
Vou guardar por ti o amor
Não importa aonde for
Passe o tempo que passar
Por ti sempre vou esperar.



***

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Arquivado




















Contra todos e contra ninguém...
Um por todos e todos contra mim.
Correndo e vivendo a bem mais de cem.
Mas não vão me alcançar. Não verão o meu fim.

Meu crime é perfeito, meu plano infalível
Tente achar um defeito no meu jeito incomum
Tenho cartas na manga, e uma astúcia incrível
Não sou nenhum apedeuta, não sou lugar-comum.

Sempre terei a carta do jogo.
Tenho um cheque-mate, muito bem engendrado.
Tenho mais que artimanhas, em minhas mãos tenho fogo.
E tudo ao final, sempre morto e arquivado.

Tenho minha biografia ao alcance das mãos
Sem mancha, sem mácula, e os dias normais
Vou caminhando com minha sombra e a razão
Sou blindado a perseguição e lides judiciais.

Estou no encalço do topo e já falta tão pouco
E lá de cima minha mira é certeira
Qualquer um temeria um cão louco e solto
Que não pouparia suas balas pra uma presa ligeira.

E vou te caçar como animal leviano
Que leve mil anos mas esse é meu plano
Seu tempo é bem curto, e o tempo passando
E vai se aperceber o quanto isso é insano.

Um inferno achegando
Um inferno achegando
Tudo preparado como sempre mereceu
Tem carruagem de fogo já te esperando
Mas dessa vez não vai levá-la pro céu.


<<>>



"...alguém sempre levanta e me faz essa pergunta: Por que você escolheu escrever sobre assuntos tão medonhos? Eu geralmente respondo essa com uma outra pergunta: Por que você acha que eu tenho escolha?"


(Stephen King)


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ossos do Ofício

Você está caminhando
Na linha do precipício
No início parece difícil
Mas não há saída pra isso.
Basta esperar. Ossos do ofício.

Você desmontou aquele jogo todo
Alguém acreditou no seu engodo?
Alguém engoliu o seu choro?

Por vezes pareceu tão menina
Mas na verdade é apenas cretina
Quando foi que a puseram lá em cima?
Seu lugar não é lá em cima.

A qual casta acha que pertences?
Mistura-se aos bichos mais peçonhentos
Qual seu nicho que não um covil fedorento
És um animal vil e violento.

Sei que há criaturas das trevas
Que se encarregam das almas malévolas
Estão no seu encalço por mágoas decrépitas
Mesmo que em seu mundo são todas indébitas.

Acha que tens o posto de elite
Enquanto caminha sobre dinamites
Com salto agulha e passos de fogo
Não sabe mesmo jogar esse jogo.

Acha mesmo que no fim teve sorte?
De que adiante essa pose, esse porte.
Deixa de ser idiota.
No fim para todos é morte.
No fim é só ossos e morte.



terça-feira, 27 de agosto de 2013

Axiomas

Toda a necrose dos seus tabus.
Fede. É fétido. Tem urubus.

Não vale metade do mundo seu sonho imundo
Seu mundo nem existe a olho nu.

Chegue mais perto e vê que decerto já é lamaçal
Mas é nada mais que espelho e o que há dentro dele é sua alma mortal.

Seus axiomas já não refletem o que não seja imoral
O que sobra de ti, senão um ser abjeto vil e carnal.

Suas rugas já se mostram todas e seu aspecto já não é mais pueril
Sinto dentro de ti só as rusgas, e aquela podridão purulenta e hostil.

Nada mais sobra senão seu aspecto asqueroso de cobra
E de sobra ainda leva a afamada má índole grave e sonora.

Sei que você vale somente os carros, e roupas e brincos que sempre te compram
Sei que és trivial e estás na boca da sociedade toda
Mas quem por dentro já é podre, almas iguais um dia se encontram
E de ti, tens por aí, a fama de meretriz, adúltera e louca.



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quarta-feira, 31 de julho de 2013

O Dia Em Que Eles Não Se Conheceram

No dia em que eles não se conheceram, ele pareceu tímido, ela pareceu metida.

Olharam até de soslaio, não se casaram, nem se apaixonaram.

E cada um seguiu com sua vida.

Fim.


***

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Enredo

Aproveite uma tarde ensolarada.
Inebrie-se com a brisa amena e amistosa.
Nada é tão importante. Mais nada...
Que uma gargalhada franca e gostosa.

A filosofia de um picolé de fruta está mais correta que muita literatura.

Mergulhe na água gelada. Refrigere sua alma enclausurada
No corpo e na vida cansada... Nada melhor que alma lavada.

Fuja de lavar roupa suja.
Muito da água que sai é inútil e impura.
Revista-se do novo e assuma... Uma nova bandeira e uma nova postura!

Pra quê se armar se a guerra acabou...
Por quê maremoto se é só água de aquário.
Troque suas fechaduras, não existe mais monstro debaixo da cama ou dentro do armário.

Fuja! Mas de ousadia e não mais de medo
Mostre ao remorso, dor, covardia
Que da sua vida és protagonista e autor do enredo.


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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Balada do Amor Covarde - Apenas Mais Uma (Das suas)

"Eu gosto tanto de você que até prefiro esconder, deixo assim ficar subentendido."
Nunca foi amor e nunca será
Se é amar não precisa ocultar
As mesmas frases tolas que alguém vai acreditar
E mais uma vez não vai parar em algum lugar.

Essa é a balada do amor covarde
E quando se der conta será tarde
Não houve razão de tanto alarde
Contudo não sei viver assim pela metade.

"Eu acho tão bonito isso de ser abstrato, baby, a beleza é mesmo tão fugaz!"

É mesmo assim tão bela quanto sagaz
Tem uma beleza secreta em desmazelos
Tem segredos mas são ocultos, é tenaz
 E volta sempre a acreditar no mesmo enredo.

Não seria fácil voltar a olhar nos mesmos olhos
Tantos sonhos e promessas falsas
Sonhos falsos e promessas lindas
E escondidas sob um fundo falso.

Lembro ainda das manhãs felizes
E felicidade é sempre por um triz
E felicidades deixam cicatrizes
Mas serei feliz, ainda serei feliz.

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terça-feira, 9 de julho de 2013

Não Foi De Todo Mal

Hoje acordei recordando
Sem melancolia, mágoa ou rancor
Dos momentos bons que passamos
Sem nostalgia e sem dor.

Lembrei do sabor dos seus beijos
Com chocolate envolvendo meus lábios
Lembrei do calor, dos desejos
Lembrei do que foi necessário.

Sei que fez a sua parte
Ninguém assume um risco sozinho
Como também sei do meu disparate
Mas não se explica do amor, o desalinho.

Sei o quanto insistiu
Fez acontecer, fez valer a pena
Foi intensa e se permitiu
E soube o momento de sair de cena.

Guardo as melhores lembranças
Do seu sorriso, da sua amizade
Dos encontros, da nossa esperança
Da sua coragem, sua cumplicidade
Vejo em ti uma eterna criança
Que está em busca da felicidade.

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terça-feira, 18 de junho de 2013

Bullet In The Butterfly

Pensamentos não mudam o mundo
Se não saem da sua cabeça
Movimente-se a cada segundo
Antes que enlouqueça!

Comande o seu relógio
Pare o tempo antes que morra
Distúrbio é muito lógico
Ainda há tempo, enfrente, corra!

E é tão bom já não sentir mais nada
É como se fosse uma visão passada
Passa a minha frente disfarçada
E vejo o quanta estás mal e acabada.

Pensamentos não mudam o mundo
Se não saem da sua cabeça
Confie sempre desconfiando de tudo
Antes que pereça.

Hoje olho pra trás e o passado não diz nada
E tudo quanto acontece a volta é mero fruto do acaso
Estou bem com a consciência, muito limpo, não fiz nada
E sei muito bem que o tempo é generoso, mas não no seu caso.



(...)


sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Bala da Vez

Ele podia matar um de vocês
Com sorte mataria até os dois
Provar quem é a bola da vez
E resolveria os detalhes só depois.

Mostrar que também tem sangue na veia
Mostrar que não se faz isso com um ser humano
Provar que não se brinca com a dor alheia
Afinal já sabe bem o que estou falando.

Passaria horas com a bala entre os dedos
Observando o brilho fosco que ela tem
A mesma bala pra perfurar tantos segredos
E aniquilar de uma vez por todas o mal também.

Vai por um fim nos sorrisinhos falsos todos
E calar a zombaria desses tolos
Põe uma bala na cabeça desse amor
Não espere que apodreça os seus miolos.

Tem o seu nome gravado na bala fosca
Tem um endereço pra você de chama e dores
Você será uma iguaria para moscas
E um inferno reservado aonde fores.

Cansado da traição, sua prostituta!
E quanta luta pra manter, não se respeita
Também morre quem debate, quem reluta
A bala da vez agora é sua, aproveita!



***


domingo, 9 de junho de 2013

Ao Seu Lado

Sua voz me afaga mesmo quando diz nada
Sinto-me amado mesmo não estando ao seu lado
Preciso do seu apreço ainda mais quando não mereço
E em todo e qualquer abraço o seu é o mais confortável.

Perco-me na sua beleza e tanto maior é o seu caráter
Não somos iguais e aí está a certeza de querer sempre mais
É muito mais que desejo mas sinto sua vida quando inserido em seu beijo
E entramos na alma um do outro e somos o espelho que reflete essa paz.


(...)

terça-feira, 4 de junho de 2013

Lida

A vida é linda mas também é lida.
O tempo corre, ele nem sempre para.
Posso dizer que estou melhor ainda
Enfrentei mau tempo e chuva na cara.

Não sei por que caminhos tu andavas

Não sei por que me demorei em seu encalço
Não sei por que me perdi em desalinhos
E em muito espinho foi que corri descalço.



quarta-feira, 8 de maio de 2013

Perfume

Não chores porque já terminou, sorria porque aconteceu.” 

Gabriel García Marquez



O perfume que paira no ar
Certamente vai trazer lembrança
Isso demora pra se dissipar
Demora mais que a esperança.

E as lembranças são motivadoras
Como uma luz na face num quarto escuro
Com memórias aterradoras
Logo enterradas num iminente futuro.

Se pensa em mim, logo existo em você
Não se sai da mente assim só por querer
Eu era uma dúvida, então fazer o quê
Hoje a certeza de nunca mais ser.

Não é questão de jogar a toalha
A bem da verdade não há nem questão
Chegada a hora de lançar mão à navalha
Afinal sem sangue, sem revolução.

E quando disseres diante do espelho
Sou bela como uma tela em uma moldura velha num antiquário
Nunca se esqueça que esse mesmo espelho
A realidade reflete sempre ao contrário.


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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Fora do Jogo

"Aquela esperança de tudo se ajeitar, pode esquecer; aquela aliança, você pode empenhar ou derreter..."  (Chico Buarque)


Ela não é de verdade, ela é de plástico
Amores de verdade não a satisfaz
Amores usados saem mais barato
Mas quem paga é ele, então tanto faz.

Está exposta nas vitrines todas
Quis sair bem na foto, faz as sociais
Mas o seu estilo é tão fora de moda
Suas notícias fúteis não interessam mais.

Está fora do jogo, há porém o jugo
E todos aqui sabem muito bem de tudo
Ninguém poderá nunca salvar o seu mundo
Que está naufragando, vai chegar ao fundo.

Manipuladora, as mesmas frases falsas
Usa como um joguete quem cair na teia
Já sabem traidora e vilã sem causa
É marionete, suja, impura, feia.

Mas quis assim o destino fazê-la sem sentido
Sem prumo, nem rumo, condenada ao fogo
Sem tino, largada, usada e sem marido
Qual será o desfecho do seu sujo jogo?

E de tudo aquilo que foi dito um dia
Posso dizer sem trauma e nenhum receio
Desejo o dobro de toda a hipocrisia
E do fundo da alma pra sempre te odeio!


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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Epifania

Gosto quando vem com gosto
Gosto quando faz esforço
Gosto tanto do seu rosto
Que brilha mais que o sol de agosto.

Mais feliz que o céu azul de maio
Mais intenso que esse azul profundo
Sua beleza tem o furor de um raio
E os seus olhos portal de um novo mundo.

E esse amor vem como epifania
E apesar que ainda somos bons amigos
Veio amenizar minha sociopatia
Sem pesar ou dores de traumas antigos.

...



terça-feira, 30 de abril de 2013

Positivamente

E a vida sempre dará um jeito de surpreender positivamente
Basta empreender bastante
Tem gente sincera adiante
Tem gente melhor que antes.

E as energias já renovadas
As pilhas velhas trocadas
No caminho sobram risadas
Não estamos nem na metade da estrada.

Nosso caminho é de sombras ao sol
Nosso caminho é o caminho do riso
Nosso caminho é o luar o farol
Nosso caminho é o caminho onde piso.

Vamos amanhecer mil vezes sorrindo
Um nos braços do outro felizes
Observar o dia esvaindo
E o pôr do sol em todas suas matizes.

Vamos fazer da chuva a canção
E aproveitar as nuanças das estações
Vou tocar pra você violão
E unir de vez nossos dois corações.



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terça-feira, 23 de abril de 2013

Diferente

Tão maravilhosamente intelectual
Tão visceral
A consolidação de um idealismo anormal
Atemporal.

Adveio de todos os séculos
Sobrevive do ar fresco ao intelecto
De Saint-Germain tem o vigor, o aspecto
Ignora o burlesco, o infecto.

A inteligência sobre-humana à frente
A decência, a consciência inerente
A prudência, e saber-se prudente
Maravilhosamente, por Deus, diferente.

Não confunde-se entre tantos iguais
Sobrepuja sobre os outros, normais
Um teórico e pragmático sagaz
Taciturno nesse mundo fugaz.


(...)


quinta-feira, 21 de março de 2013

Os Cães

“Não há dúvida, o cão é fiel. E por isso devemos tomá-lo como exemplo. No fundo, é fiel ao homem, não ao cão.” 

(Karl Kraus)



Ladram os cães porém sorridentes
Basta um aceno e esconde-se os dentes
Não é tão ameno o perigo latente
Porém é volúvel tal e qual a sua mente.

Diz-se do cão que ladra, não morde
Tente a sorte, descubra-o então
O cão silente é perigo de morte
E o cão que ladra é o ladrão.

Então o perigo é latente 
E o cão é nada mais que ladrão
O cão do ladrão é silente
Senão entrega o vilão.

E o cão que arma-se os dentes
Rosna amarrado ao ladrão
Periga aproximar-se imprudente
E acostar-se do fogo do cão.

E o diabo esse cão amarrado
Ora em pele de cordeiro, porém lobo vilão
Só ataca quem esteja ao seu lado
Mas é sorrateiro, não é bobo, não é não.

Enfim vem o cão solto e sem dono
Amigo dos homens, inimigo dos seus
Sempre à mercê de um provável abandono
Dos homens, dos cães, do diabo e de Deus.


***



segunda-feira, 11 de março de 2013

Sua Presença

"A angústia de ter perdido, não supera a alegria de ter um dia possuído."

(Santo Agostinho)



Posso sentir sua presença
Nos departamentos, nas filas de bancos
Posso senti-la mesmo na ausência
Os passos lentos em seus tamancos.

Ainda me pego pensando na gente
Eu sei, é bem diferente
Mas no fundo a gente se entende
No fundo, a gente bem que se entende.

Mas não tem nada de saudosismo
Conheço bem esses seus afãs
Tem muito de conformismo
És diversa como seus Scarpins
.
Não é nenhuma sentença
Nem nenhum tipo de conformismo
Porém sei que sua presença
Passa por mim bem perto do abismo.

(...)


domingo, 10 de março de 2013

Pode Vir

Sim.
A polícia está atrás de mim.
Sim.
Afinal não é tão ruim assim
Tem gente que engendra de algum modo seu fim.

Mas pode vir.
Põe cinquenta cães armados no meu encalço
Vou ressurgir
Como um ladrão sem passado no seu armário.

E não há nada que me prenda
Nada que me isole
Nada que me renda
Nada que me molde.

Prefiro o alvo em movimento
Não ataco pelas costas
Sou o arauto do tormento
Mas eu sei que disso gostas.

A vida inteira perseguida
Trancafiada na masmorra
O que foi a sua vida?
É melhor então que morra.

As sirenes na persiana
Pintam meu rosto de azul e vermelho
Não tenho medo, ninguém me chama
Olho meu rosto apático no espelho.

Como um gato lépido no teto
Que despenca do alto ao chão
Caio sempre firme e ereto
E saio disposto à missão.

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