Às vezes me perco, ora me encontro
Ora me desfaço, mas me visto e pronto.
Ora etéreo, e subliminar
De quando em vez sublime
Outra vez sem ar.
Ora me despedaço, e me desintegro
Vez ou outra faço, mas não aconteço.
Vou partir-me em cacos pra ver se reconheço
No vazio espaço em que permaneço.
Pessoa imaginária que permeia o mundo
Em um bilhão de vozes que sinalizam tudo.
O mundo em minha mente é sombrio e soturno.
Mergulho em mim mesmo, naufragado ao fundo.
Um homem soterrado por tantos pensamentos
Quase que invisível, quase completamente
Um homem sem sombra, quase sem sentimentos
E as lembranças vivas a invadir-lhe a mente.
Vou ver se despedaço pra fugir da existência
De tantos estilhaços da fútil demência
Da superficialidade que sufoca a gente
Da frivolidade que me afoga a mente.
Às vezes, sem notar, eu sumo, quase desapareço
Apareço aqui e ali, quase nem me apercebo
Vejo o sol e a lua juntos quando eu acordo cedo
Estou eclipsado e nublado e todo envolto em medo.
Ora eu sou visível mas não meu pranto
Ora descomedido e perdido um tanto
A locomotiva ensandecida chamada minha vida
Como um trem fantasma segue transtornando.