quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Catalepsia

Obra em pintura: "Cavaleiro da Morte" de Guilherme de Faria 
http://pinturadeguilhermedefaria.blogspot.com.br


























Vou convidá-la para uma catalepsia
Para sentir-se como eu. Estrangeiro
Para sentir a catarse. A aplasia.
Que faço sentir o ano inteiro.

Fiz da pena um bisturi afiado
E uso sangue morto no meu tinteiro
Sou o profeta que fala calado
Agora escrevo no seu corpo inteiro.

Sua insatisfação é vil, tumoral
E com meu pacto, meu afã, meu ardil é que jogo.
O coração e o sistema nervoso central
É o post factum, post mortem, é o diabo Ipsis litteris, réprobo.

E hoje é dia de letargia animada
À base daquele velho som setentista
Hoje é dia de anestesia localizada
Hoje é dia de ir ao dentista.

Quando adentra pela porta da sala
Está ali no sãguão, só, fumando
O seu conviva, tal e qual mestre-sala
Como anfitrião não o deixe esperando.

E terão uma conversa afiada
Que vai durar uma cara
Temos a eternidade a gastá-la
Mas a fumaça não se dissipara
Mas é como armadilha montada:
Um passo em falso e dispara.

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