quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Adeus, Velho Mundo

Vem aí uma bateria de ondas desafiadoras
Uma tal seta que voa de dia e serpentes manipuladoras
Uma torrente de sonos profundos com clarão da luz a explodir
Um levante como nascente na mente que virá a eclodir.

Dois mundos nauseabundos à iminência de se chocar
Um alarido oculto, rotundo, como se ninguém pudesse falar
"Acenda uma vela aos pecadores, e lance o mundo às chamas" *
O farol quebrado para os navegadores desafiadores no lodo e na lama.

Assustará os terrores noturnos, e os tremores da beligerância
Nada aplaca os servidores soturnos sob o mando da ignorância
Enquanto multidões rastejam por ímpeto, como insetos, pelo descalabro
Inflama a corrente dos tolos insuflados, ineptos, para o candelabro.

É um preço irrelevante a ser pago pela voluntária disfunção cerebral
É o mesmo instante que se encerra, como a extinção de qualquer animal
"Nada é tão fatigante como a indecisão e nada é tão fútil." **
Fora deixado mil livros na estante, mas agora são livres. É inútil.

 ___________________________________________________________________________


Citações:

* Bryan Warner
** Bertrand Russel


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Catalepsia

Obra em pintura: "Cavaleiro da Morte" de Guilherme de Faria 
http://pinturadeguilhermedefaria.blogspot.com.br


























Vou convidá-la para uma catalepsia
Para sentir-se como eu. Estrangeiro
Para sentir a catarse. A aplasia.
Que faço sentir o ano inteiro.

Fiz da pena um bisturi afiado
E uso sangue morto no meu tinteiro
Sou o profeta que fala calado
Agora escrevo no seu corpo inteiro.

Sua insatisfação é vil, tumoral
E com meu pacto, meu afã, meu ardil é que jogo.
O coração e o sistema nervoso central
É o post factum, post mortem, é o diabo Ipsis litteris, réprobo.

E hoje é dia de letargia animada
À base daquele velho som setentista
Hoje é dia de anestesia localizada
Hoje é dia de ir ao dentista.

Quando adentra pela porta da sala
Está ali no sãguão, só, fumando
O seu conviva, tal e qual mestre-sala
Como anfitrião não o deixe esperando.

E terão uma conversa afiada
Que vai durar uma cara
Temos a eternidade a gastá-la
Mas a fumaça não se dissipara
Mas é como armadilha montada:
Um passo em falso e dispara.

>>><<<<