terça-feira, 24 de maio de 2011

A Voz


Aos solavancos de um trem matreiro
Sem devaneios de algum apedeuta
Sinto vindo do mato um bom cheiro
O ninho de fato é o melhor terapeuta.

O trem ele mesmo não existe
É o balanço de ninar tão sonhado
O sono é real e persiste
É o mundo dos olhos fechados.

E mistura-se ao som da chuva
E dos trovões e dos sons de vozes
A voz da minha mãe ainda tão jovem
Que reverbera por deitado em seu colo.

E o aconchego é quente e relaxante
As conversas são o pano de fundo
Quem me dera a calma de antes
Quem me dera aquele sono profundo.

A viagem é longa e a infância disfarça
A lembrança existe mesmo que pouca
E não há tormenta que isso desfaça
Da voz em meus sonhos tão jovem tão rouca.


(***)

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