segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O Quarto


Às vezes da minha cama em meu quarto branco olho para o forro de mesma cor, e sem nenhum espanto fico no aguardo de um estrondo profundo, como um cataclismo a explodir o mundo.

É à morte a que se entregam os jovens?
É a morte quem espera os nobres?
O que aguarda os pobres de espírito? 
Pra quê bibliotecas se não existem livros?

Uma explosão a levar um quarto do mundo todo pelos ares, nem foi um segundo e não se tem mais mundo. Um barulho imenso, grave, frio, rotundo. Acabou-se tudo. Adeus, velho mundo.

A cavalaria sem nenhum templário.
Nas ruas cães ladram feito como loucos.
Cabeças de fogos sobre seus cavalos.
Gritos abafados, parcos, poucos, roucos.

No quarto, armado, madrugada, às quatro. Tudo transformado, transtornado e tonto.
Não se tem amor, não se tem retrato. Está tudo quebrado, inclusive o quadro.

O mundo lá fora é seguro? O mundo?
O ponteiro marca segundo por segundo
O momento exato em que se acabara tudo
O cataclismo súbito, agudo e rotundo.

Ninguém apareceu na tela ou na sua janela no momento exato.
Nem sequer um deus daqueles seus pra lhes dizer adeus.
Nem o firmamento pareceu tão firme naquele momento.
E era crucial, acabar com tudo, de todo, e todos e ponto final.



Nenhum comentário: