sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Peças

Por quê você me atormenta?
Passam anos e não sai da cabeça
Nada acontece pra que eu te esqueça
Preciso esquecer antes que eu enlouqueça.

Algumas coisas a gente se livra
De outras não nos queremos livrar
É como querer pra sempre ser livre
E ao mesmo tempos nos aprisionar.

Vez ou outra me persegue nos sonhos
E aquele olhar distante e estranho
Como se estivesse sempre me cobrando
Como se estivesse sempre me julgando.

O tempo é mesmo relativo
Não a vejo mas posso senti-la
Mesmo que em outra cidade
Mesmo que mediocridade.

E pessoas são como peças
De um tabuleiro de um quebra-cabeças
De um jogo de xadrez sem final
De um jogo sujo e desleal.

Nossas almas já cheias de traumas
Nossos corpos já meio que mortos
Nossos corações já sem pulsações
Nossos ossos já todos expostos.

***

"Babe, don't leave me, please believe me, 'cause I'm so easy to know. Am I the only one you see? Raised from the path of revelry. Am I the only one you see?

(Violet Rays - The Smashing Pumpkins)



quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Convites

Claramente fatigado da métrica
E a retórica fugidia e escassa
Um pouco aliviado da estética
Mais brando a medida que passa.

Navegando por mares tranquilos
Esquece-se as lástimas passadas
Nunca mais vive-se aquilo
Contudo não sobram risadas.

O passado já não transborda na taça
Mas resfria-se o espumante pra depois
O presente é latente de graça
No futuro já não existe um a dois.

Convites de alegria todo dia
Onde o mal não predomina ou germina
Sem dor existe a poesia?
Sem amor a poesia termina,

O fascinante é ver a vida lancinante
Onde o grito de euforia se reverbera
Pelas ruas o instinto de amante
Aprisionado o velho instinto de fera.

Uma estabilidade mordaz e aprazível
O paradoxo da contradição necessário
Um silêncio intenso terrível
Mesmo assim nunca fora do páreo.

Perguntam-me se vou parar
Mas quem para não encontra o caminho
Mesmo que pareça andar devagar
Mesmo sozinho sei onde estou indo.