terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Um Quadro

A pintura abaixo é do renomado pintor Vincent Van Gogh.





















Quanta besteira se faz na vida
Até perceber que está errado
Quanta história destruída
E desperdício de passado.

Hoje percebo erros tão tolos
Que não servem de consolo
Perdi amizades verdadeiras
Por arrogância e orgulhos bobos.

Com tanta gente quis falar
Ser amigo e nada a mais
Mas vi o passado naufragar
Como um navio longe do cais.

Tantas palavras desperdiçadas
Como flechas lançadas e envenenadas
Quantas flores despedaçadas
Quantos espinhos nas mãos cortadas.

Olho o passado como se olha um quadro
Que jaz sombrio mas tem beleza e cor
Tem pessoas vivas mesmo que mortas-vivas
Tem sofrimento sangue ódio paixão e amor.

Um quadro pintado por meus atos falhos
Mas com intensidade com loucura e arte
Se sou o culpado de tê-lo maculado
Tem em minha obra torta você em toda parte.




segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Flebotomia


















Nas suas veias
Corre o mal
Envolto em teias
Abissal.

Lacera e corta
Flor de cactus
É natimorta
Como num pacto.

Veias azuis
Fez-se a sangria
Feixes  de luz
Flebotomia.

O cataclismo
A catacrese
Seu aforismo
Sua catequese.

Como uma aranha
Em suas teias
Garganta arranha
Barganha feita.

Na sua lápide
Nenhuma lágrima
Frio de mármore
Póstumas lástimas.

Nas suas veias
Sangria desatada
Esvaindo em gretas
Alma ensanguentada
Nas suas gavetas
Sortes não lançadas
Foi como um cometa
Passou, brilhou, mais nada.


***

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Coisas Suas


















Suas coxas são como colchas
De ternura, carinho e afago
Suas pernas são sempre ternas
E em meio a elas me sinto abrigado.

Seus cabelos são sempre belos
Mesmo quando não os tenho por perto
Seus braços são mais que abraços
São o aconchego do mundo decerto.

Sua face é sempre tão afável
E sempre branca como a lua rainha
Seu amor é sempre tão amável
Mesmo que não meu, e tu não mais minha.

Saudade sua é sempre saudável
Pois vejo que um dia fui feliz e agradeço
Sua graça é sempre muito agradável
E sei que me amas mesmo se não mereço.

Seu corpo é da cor do desejo
E envolvo meus beijos por ele todo
Nossos lábios estão por todos os lados
Tem nossos segredos nossos sonhos e medos.

Suas costas nuas; são só coisas suas
E nada se muda, no fundo, não mesmo
Tem nossos beijos no clarão da lua
E vejo por dentro ainda aceso o desejo.

O que não é banal nunca é igual
E o que é tosco cansa, enjoa, perde a graça
Um amor só existe se for descomunal
E um amor não morre não importa o que faça.

...


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Gosto de Ti

Gosto da forma como me olha
Gosto da maneira como se porta
Gosto da forma como me toca
Gosto da maneira com que se importa.

Gosto quando parece desinteressada
Gosto da forma como diz nada
Gosto por ser fiel, dedicada
Gosto da sua fala sempre pausada.

Gosto da nossa total discrição
Gosto de ti, mesmo parecendo que não.
Gosto da sua ternura sem fim...
Gosto da forma como gosta de mim.

Gosto do gosto quando me beija com gosto
Gosto do torpor que causa em meu corpo
Gosto da maneira que diz que me adora
Gosto por esperar por mim toda hora.





(...)

"You're not right in the head, and nor am I, and this why...
This is why I like you... I like you... I like you..."

(Morrissey)



Um ou Outro Dia...

Um dia está na festa
Outro dia nada resta.
Um dia de conquista
Outro dia sai da pista.
Um dia tu socorres
Outro dia tu quem morres.

Tem noites de consolo
Tem noites só de choro.
Tem noites de abandono
Tem noites só de sono.
Tem noites de prazer
Tem noites de morrer.

Vou levar pra ti as flores
Mesmo quando tu te fores
Vou guardar por ti o amor
Não importa aonde for
Passe o tempo que passar
Por ti sempre vou esperar.



***

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Arquivado




















Contra todos e contra ninguém...
Um por todos e todos contra mim.
Correndo e vivendo a bem mais de cem.
Mas não vão me alcançar. Não verão o meu fim.

Meu crime é perfeito, meu plano infalível
Tente achar um defeito no meu jeito incomum
Tenho cartas na manga, e uma astúcia incrível
Não sou nenhum apedeuta, não sou lugar-comum.

Sempre terei a carta do jogo.
Tenho um cheque-mate, muito bem engendrado.
Tenho mais que artimanhas, em minhas mãos tenho fogo.
E tudo ao final, sempre morto e arquivado.

Tenho minha biografia ao alcance das mãos
Sem mancha, sem mácula, e os dias normais
Vou caminhando com minha sombra e a razão
Sou blindado a perseguição e lides judiciais.

Estou no encalço do topo e já falta tão pouco
E lá de cima minha mira é certeira
Qualquer um temeria um cão louco e solto
Que não pouparia suas balas pra uma presa ligeira.

E vou te caçar como animal leviano
Que leve mil anos mas esse é meu plano
Seu tempo é bem curto, e o tempo passando
E vai se aperceber o quanto isso é insano.

Um inferno achegando
Um inferno achegando
Tudo preparado como sempre mereceu
Tem carruagem de fogo já te esperando
Mas dessa vez não vai levá-la pro céu.


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"...alguém sempre levanta e me faz essa pergunta: Por que você escolheu escrever sobre assuntos tão medonhos? Eu geralmente respondo essa com uma outra pergunta: Por que você acha que eu tenho escolha?"


(Stephen King)


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ossos do Ofício

Você está caminhando
Na linha do precipício
No início parece difícil
Mas não há saída pra isso.
Basta esperar. Ossos do ofício.

Você desmontou aquele jogo todo
Alguém acreditou no seu engodo?
Alguém engoliu o seu choro?

Por vezes pareceu tão menina
Mas na verdade é apenas cretina
Quando foi que a puseram lá em cima?
Seu lugar não é lá em cima.

A qual casta acha que pertences?
Mistura-se aos bichos mais peçonhentos
Qual seu nicho que não um covil fedorento
És um animal vil e violento.

Sei que há criaturas das trevas
Que se encarregam das almas malévolas
Estão no seu encalço por mágoas decrépitas
Mesmo que em seu mundo são todas indébitas.

Acha que tens o posto de elite
Enquanto caminha sobre dinamites
Com salto agulha e passos de fogo
Não sabe mesmo jogar esse jogo.

Acha mesmo que no fim teve sorte?
De que adiante essa pose, esse porte.
Deixa de ser idiota.
No fim para todos é morte.
No fim é só ossos e morte.



terça-feira, 27 de agosto de 2013

Axiomas

Toda a necrose dos seus tabus.
Fede. É fétido. Tem urubus.

Não vale metade do mundo seu sonho imundo
Seu mundo nem existe a olho nu.

Chegue mais perto e vê que decerto já é lamaçal
Mas é nada mais que espelho e o que há dentro dele é sua alma mortal.

Seus axiomas já não refletem o que não seja imoral
O que sobra de ti, senão um ser abjeto vil e carnal.

Suas rugas já se mostram todas e seu aspecto já não é mais pueril
Sinto dentro de ti só as rusgas, e aquela podridão purulenta e hostil.

Nada mais sobra senão seu aspecto asqueroso de cobra
E de sobra ainda leva a afamada má índole grave e sonora.

Sei que você vale somente os carros, e roupas e brincos que sempre te compram
Sei que és trivial e estás na boca da sociedade toda
Mas quem por dentro já é podre, almas iguais um dia se encontram
E de ti, tens por aí, a fama de meretriz, adúltera e louca.



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quarta-feira, 31 de julho de 2013

O Dia Em Que Eles Não Se Conheceram

No dia em que eles não se conheceram, ele pareceu tímido, ela pareceu metida.

Olharam até de soslaio, não se casaram, nem se apaixonaram.

E cada um seguiu com sua vida.

Fim.


***

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Enredo

Aproveite uma tarde ensolarada.
Inebrie-se com a brisa amena e amistosa.
Nada é tão importante. Mais nada...
Que uma gargalhada franca e gostosa.

A filosofia de um picolé de fruta está mais correta que muita literatura.

Mergulhe na água gelada. Refrigere sua alma enclausurada
No corpo e na vida cansada... Nada melhor que alma lavada.

Fuja de lavar roupa suja.
Muito da água que sai é inútil e impura.
Revista-se do novo e assuma... Uma nova bandeira e uma nova postura!

Pra quê se armar se a guerra acabou...
Por quê maremoto se é só água de aquário.
Troque suas fechaduras, não existe mais monstro debaixo da cama ou dentro do armário.

Fuja! Mas de ousadia e não mais de medo
Mostre ao remorso, dor, covardia
Que da sua vida és protagonista e autor do enredo.


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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Balada do Amor Covarde - Apenas Mais Uma (Das suas)

"Eu gosto tanto de você que até prefiro esconder, deixo assim ficar subentendido."
Nunca foi amor e nunca será
Se é amar não precisa ocultar
As mesmas frases tolas que alguém vai acreditar
E mais uma vez não vai parar em algum lugar.

Essa é a balada do amor covarde
E quando se der conta será tarde
Não houve razão de tanto alarde
Contudo não sei viver assim pela metade.

"Eu acho tão bonito isso de ser abstrato, baby, a beleza é mesmo tão fugaz!"

É mesmo assim tão bela quanto sagaz
Tem uma beleza secreta em desmazelos
Tem segredos mas são ocultos, é tenaz
 E volta sempre a acreditar no mesmo enredo.

Não seria fácil voltar a olhar nos mesmos olhos
Tantos sonhos e promessas falsas
Sonhos falsos e promessas lindas
E escondidas sob um fundo falso.

Lembro ainda das manhãs felizes
E felicidade é sempre por um triz
E felicidades deixam cicatrizes
Mas serei feliz, ainda serei feliz.

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terça-feira, 9 de julho de 2013

Não Foi De Todo Mal

Hoje acordei recordando
Sem melancolia, mágoa ou rancor
Dos momentos bons que passamos
Sem nostalgia e sem dor.

Lembrei do sabor dos seus beijos
Com chocolate envolvendo meus lábios
Lembrei do calor, dos desejos
Lembrei do que foi necessário.

Sei que fez a sua parte
Ninguém assume um risco sozinho
Como também sei do meu disparate
Mas não se explica do amor, o desalinho.

Sei o quanto insistiu
Fez acontecer, fez valer a pena
Foi intensa e se permitiu
E soube o momento de sair de cena.

Guardo as melhores lembranças
Do seu sorriso, da sua amizade
Dos encontros, da nossa esperança
Da sua coragem, sua cumplicidade
Vejo em ti uma eterna criança
Que está em busca da felicidade.

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terça-feira, 18 de junho de 2013

Bullet In The Butterfly

Pensamentos não mudam o mundo
Se não saem da sua cabeça
Movimente-se a cada segundo
Antes que enlouqueça!

Comande o seu relógio
Pare o tempo antes que morra
Distúrbio é muito lógico
Ainda há tempo, enfrente, corra!

E é tão bom já não sentir mais nada
É como se fosse uma visão passada
Passa a minha frente disfarçada
E vejo o quanta estás mal e acabada.

Pensamentos não mudam o mundo
Se não saem da sua cabeça
Confie sempre desconfiando de tudo
Antes que pereça.

Hoje olho pra trás e o passado não diz nada
E tudo quanto acontece a volta é mero fruto do acaso
Estou bem com a consciência, muito limpo, não fiz nada
E sei muito bem que o tempo é generoso, mas não no seu caso.



(...)


sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Bala da Vez

Ele podia matar um de vocês
Com sorte mataria até os dois
Provar quem é a bola da vez
E resolveria os detalhes só depois.

Mostrar que também tem sangue na veia
Mostrar que não se faz isso com um ser humano
Provar que não se brinca com a dor alheia
Afinal já sabe bem o que estou falando.

Passaria horas com a bala entre os dedos
Observando o brilho fosco que ela tem
A mesma bala pra perfurar tantos segredos
E aniquilar de uma vez por todas o mal também.

Vai por um fim nos sorrisinhos falsos todos
E calar a zombaria desses tolos
Põe uma bala na cabeça desse amor
Não espere que apodreça os seus miolos.

Tem o seu nome gravado na bala fosca
Tem um endereço pra você de chama e dores
Você será uma iguaria para moscas
E um inferno reservado aonde fores.

Cansado da traição, sua prostituta!
E quanta luta pra manter, não se respeita
Também morre quem debate, quem reluta
A bala da vez agora é sua, aproveita!



***


domingo, 9 de junho de 2013

Ao Seu Lado

Sua voz me afaga mesmo quando diz nada
Sinto-me amado mesmo não estando ao seu lado
Preciso do seu apreço ainda mais quando não mereço
E em todo e qualquer abraço o seu é o mais confortável.

Perco-me na sua beleza e tanto maior é o seu caráter
Não somos iguais e aí está a certeza de querer sempre mais
É muito mais que desejo mas sinto sua vida quando inserido em seu beijo
E entramos na alma um do outro e somos o espelho que reflete essa paz.


(...)

terça-feira, 4 de junho de 2013

Lida

A vida é linda mas também é lida.
O tempo corre, ele nem sempre para.
Posso dizer que estou melhor ainda
Enfrentei mau tempo e chuva na cara.

Não sei por que caminhos tu andavas

Não sei por que me demorei em seu encalço
Não sei por que me perdi em desalinhos
E em muito espinho foi que corri descalço.



quarta-feira, 8 de maio de 2013

Perfume

Não chores porque já terminou, sorria porque aconteceu.” 

Gabriel García Marquez



O perfume que paira no ar
Certamente vai trazer lembrança
Isso demora pra se dissipar
Demora mais que a esperança.

E as lembranças são motivadoras
Como uma luz na face num quarto escuro
Com memórias aterradoras
Logo enterradas num iminente futuro.

Se pensa em mim, logo existo em você
Não se sai da mente assim só por querer
Eu era uma dúvida, então fazer o quê
Hoje a certeza de nunca mais ser.

Não é questão de jogar a toalha
A bem da verdade não há nem questão
Chegada a hora de lançar mão à navalha
Afinal sem sangue, sem revolução.

E quando disseres diante do espelho
Sou bela como uma tela em uma moldura velha num antiquário
Nunca se esqueça que esse mesmo espelho
A realidade reflete sempre ao contrário.


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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Fora do Jogo

"Aquela esperança de tudo se ajeitar, pode esquecer; aquela aliança, você pode empenhar ou derreter..."  (Chico Buarque)


Ela não é de verdade, ela é de plástico
Amores de verdade não a satisfaz
Amores usados saem mais barato
Mas quem paga é ele, então tanto faz.

Está exposta nas vitrines todas
Quis sair bem na foto, faz as sociais
Mas o seu estilo é tão fora de moda
Suas notícias fúteis não interessam mais.

Está fora do jogo, há porém o jugo
E todos aqui sabem muito bem de tudo
Ninguém poderá nunca salvar o seu mundo
Que está naufragando, vai chegar ao fundo.

Manipuladora, as mesmas frases falsas
Usa como um joguete quem cair na teia
Já sabem traidora e vilã sem causa
É marionete, suja, impura, feia.

Mas quis assim o destino fazê-la sem sentido
Sem prumo, nem rumo, condenada ao fogo
Sem tino, largada, usada e sem marido
Qual será o desfecho do seu sujo jogo?

E de tudo aquilo que foi dito um dia
Posso dizer sem trauma e nenhum receio
Desejo o dobro de toda a hipocrisia
E do fundo da alma pra sempre te odeio!


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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Epifania

Gosto quando vem com gosto
Gosto quando faz esforço
Gosto tanto do seu rosto
Que brilha mais que o sol de agosto.

Mais feliz que o céu azul de maio
Mais intenso que esse azul profundo
Sua beleza tem o furor de um raio
E os seus olhos portal de um novo mundo.

E esse amor vem como epifania
E apesar que ainda somos bons amigos
Veio amenizar minha sociopatia
Sem pesar ou dores de traumas antigos.

...



terça-feira, 30 de abril de 2013

Positivamente

E a vida sempre dará um jeito de surpreender positivamente
Basta empreender bastante
Tem gente sincera adiante
Tem gente melhor que antes.

E as energias já renovadas
As pilhas velhas trocadas
No caminho sobram risadas
Não estamos nem na metade da estrada.

Nosso caminho é de sombras ao sol
Nosso caminho é o caminho do riso
Nosso caminho é o luar o farol
Nosso caminho é o caminho onde piso.

Vamos amanhecer mil vezes sorrindo
Um nos braços do outro felizes
Observar o dia esvaindo
E o pôr do sol em todas suas matizes.

Vamos fazer da chuva a canção
E aproveitar as nuanças das estações
Vou tocar pra você violão
E unir de vez nossos dois corações.



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terça-feira, 23 de abril de 2013

Diferente

Tão maravilhosamente intelectual
Tão visceral
A consolidação de um idealismo anormal
Atemporal.

Adveio de todos os séculos
Sobrevive do ar fresco ao intelecto
De Saint-Germain tem o vigor, o aspecto
Ignora o burlesco, o infecto.

A inteligência sobre-humana à frente
A decência, a consciência inerente
A prudência, e saber-se prudente
Maravilhosamente, por Deus, diferente.

Não confunde-se entre tantos iguais
Sobrepuja sobre os outros, normais
Um teórico e pragmático sagaz
Taciturno nesse mundo fugaz.


(...)


quinta-feira, 21 de março de 2013

Os Cães

“Não há dúvida, o cão é fiel. E por isso devemos tomá-lo como exemplo. No fundo, é fiel ao homem, não ao cão.” 

(Karl Kraus)



Ladram os cães porém sorridentes
Basta um aceno e esconde-se os dentes
Não é tão ameno o perigo latente
Porém é volúvel tal e qual a sua mente.

Diz-se do cão que ladra, não morde
Tente a sorte, descubra-o então
O cão silente é perigo de morte
E o cão que ladra é o ladrão.

Então o perigo é latente 
E o cão é nada mais que ladrão
O cão do ladrão é silente
Senão entrega o vilão.

E o cão que arma-se os dentes
Rosna amarrado ao ladrão
Periga aproximar-se imprudente
E acostar-se do fogo do cão.

E o diabo esse cão amarrado
Ora em pele de cordeiro, porém lobo vilão
Só ataca quem esteja ao seu lado
Mas é sorrateiro, não é bobo, não é não.

Enfim vem o cão solto e sem dono
Amigo dos homens, inimigo dos seus
Sempre à mercê de um provável abandono
Dos homens, dos cães, do diabo e de Deus.


***



segunda-feira, 11 de março de 2013

Sua Presença

"A angústia de ter perdido, não supera a alegria de ter um dia possuído."

(Santo Agostinho)



Posso sentir sua presença
Nos departamentos, nas filas de bancos
Posso senti-la mesmo na ausência
Os passos lentos em seus tamancos.

Ainda me pego pensando na gente
Eu sei, é bem diferente
Mas no fundo a gente se entende
No fundo, a gente bem que se entende.

Mas não tem nada de saudosismo
Conheço bem esses seus afãs
Tem muito de conformismo
És diversa como seus Scarpins
.
Não é nenhuma sentença
Nem nenhum tipo de conformismo
Porém sei que sua presença
Passa por mim bem perto do abismo.

(...)


domingo, 10 de março de 2013

Pode Vir

Sim.
A polícia está atrás de mim.
Sim.
Afinal não é tão ruim assim
Tem gente que engendra de algum modo seu fim.

Mas pode vir.
Põe cinquenta cães armados no meu encalço
Vou ressurgir
Como um ladrão sem passado no seu armário.

E não há nada que me prenda
Nada que me isole
Nada que me renda
Nada que me molde.

Prefiro o alvo em movimento
Não ataco pelas costas
Sou o arauto do tormento
Mas eu sei que disso gostas.

A vida inteira perseguida
Trancafiada na masmorra
O que foi a sua vida?
É melhor então que morra.

As sirenes na persiana
Pintam meu rosto de azul e vermelho
Não tenho medo, ninguém me chama
Olho meu rosto apático no espelho.

Como um gato lépido no teto
Que despenca do alto ao chão
Caio sempre firme e ereto
E saio disposto à missão.

<<>>

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ervas Daninhas

É incrível a facilidade como ele se esquiva
São anos e anos livre das flechas que tanto nos crivam
Ainda caminha no caminho de ervas daninhas que sempre cultivas
Mas mal sabem eles que a cada tentativa só nos deixam mais vivo.

Malgrado o desejo, o intento e a sina de estar sempre acima
E meus olhos já fartos não cansam de ver o que fica pra trás
E são tantas coisas que vão se afastando atrás na neblina
E eu nunca paro, pois sei que adiante é bem melhor que lá atrás.

Porém, precisava aprender enquanto vivo que nem sempre o fim é o fim de tudo
Precisava acreditar, esperar mais, vivenciar as voltas do mundo
E quem sabe um dia possa crer bem lá no fundo
Que ainda posso viver o que pareceu um sonho de um sono profundo.


(...)


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Repartição

"Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome." 

Salmos 23:3




Cada um de nós imersos em uma solidão necessária
Sozinhos numa sala clara e refrigerada
Uma alegria precária.
Um sentimento de nada.

Dentro da repartição sem emoção no coração
Talvez como se se colasse as partes fragmentadas
Com durex, com cola, com pauta, com reunião...
Com café na copa, com falsas risadas.

Um momento ameno, isso é paz? Já faz tanto tempo
Essa calmaria infernal vai apaziguando meus nervos
Vamos crescendo, mais ou menos, sofrendo por dentro
No fundo, no fundo é o descontentamento.

Nem o ar condicionado refrigera minha alma
E alma na verdade é um anagrama de lama
A loucura vai saindo com calma
Vou num minuto da maca pra cama.

Dentro da repartição só o coração partido colado com adesivo
Mas é pra sofrer, não é por isso que vivo?
Não é esse o sentido de tudo?
Calados, falados, parados à mercê no mundo.

O dia é ameno, pachorrento, está entendendo?
Procuro ainda aquela adrenalina por dentro
Mesmo que o ano já nasça morrendo
Senti falta do seu doce veneno.




sábado, 19 de janeiro de 2013

O Senhor da Guerra

"Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz." 

Eclesiastes 3:8


Dentro da beligerância a sutileza
Em meus lençóis mil carícias guardadas
Enfrento a arrogância com bastante aspereza
Mas em cima da cama somos almas grudadas.

Não tem nexo suas palavras afoitas
Mesmo assim sua boca é abrigo
O sexo quando aqui tu pernoitas
Somente é a prova de que somos amigos.

Quer mais afago que nossas noites tão ternas
Quer mais prova que esvair-me por ti (e em ti)
Sou um mago quando em meio a suas pernas
Sou um fraco quando a vejo sorrir.

E me conheceste de forma tão outra
Hoje sou o maestro, o senhor, sim, da guerra
Me e se revelaste de maneira tão louca
E cobriu nossos corpos com lama, com terra.

Arrasto-te pro meu covil longínquo, mas nobre
E devoro cada milimetro da sua pele com fome
Sinto em ti um sentimento tão pobre
Mesmo assim só preciso de ti. Sou um homem.

Quero morrer, esgotar-me em seu corpo
Quero perder sem saber sequer como
Quero beber de ti e alimentar-te de mim
Quero possuir sua alma, sem precisar ser seu dono.


"Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora."
 

Eclesiastes 3:5-6


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Estará Vivo

"Portanto darei suas mulheres a outros, e os seus campos a novos possuidores; porque desde o menor até ao maior, cada um deles se dá à avareza; desde o profeta até ao sacerdote, cada um deles usa de falsidade." 


Jeremias 8:10

Pode se achar na segurança do seu castelo
E nos arredores da sua morada
Vem como sombras por sobre os muros
Vem como chuva pela calçada.

Provará do engano que tanto proveu

Provará o sentido de estar cativo
O desejo em ti que ainda não morreu
Provo com sangue que estará vivo.


"Porventura envergonham-se de cometerem abominação? Não; de maneira nenhuma se envergonham, nem sabem que coisa é envergonhar-se; portanto cairão entre os que caem e tropeçarão no tempo em que eu os visitar, diz o SENHOR."


Espalharei por todos o seu lamaçal

Ou se era amor, ou se era nada
É seu nome enfim que vai bem mal e mal
E não tem troféu nem sequer espada.

Não existe essa de que venha o próximo

Não somos destes que se deixa assim
Se prefere a guerra, para mim está ótimo
Quem sabe enfim só se adianta o fim.

"Espera-se a paz, mas não há bem; o tempo da cura, e eis o terror."



"E encurvam a língua como se fosse o seu arco, para a mentira; fortalecem-se na terra, mas não para a verdade; porque avançam de malícia em malícia..."

(...) 




 


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Iguais

Sinto falta de você
As noites quentes que passamos
Nossas conversas nada a ver
Os bons momentos, nossos planos.

Rodamos a cidade sem parar
E vimos as luzes no horizonte
Nunca paramos de beijar
Provamos do amor mesmo de longe.

Fico pensando como estás
Se pensa em mim em algum momento
Sei que já ficou pra trás
Mas sentimento é sentimento.

Toda vez que ia embora
Sei que seguia meus caminhos
Até sumir na noite afora
Naquela estrada, tão sozinho.

Podia ter lutado um pouco mais
Ter seguido seus conselhos
Ter viajado, ido atrás
Afinal éramos iguais.

...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Amar é o inferno!

Amar ou armar?
Seja só o brinquedo e fica a dica
Passatempo pro tempo passar
Não é mentira. Só é bobo quem acredita.

Jogos de armar em noites frias
E muitas palavras pelo ar
Corpos envoltos na magia
Como neblina a dissipar.

E aventuras, adrenalina
Um jogo de pega-esconde sem parar
E quando abaixa a dopamina
Logo a febre vai passar.



(...)




segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Viva o Momento!

"A melhor forma de esquecer é dar tempo ao tempo. A melhor forma de curar o vício é no início."

Titãs.

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Um algo de disparate no ar
Uma lágrima que não quer rolar
Presa às margens dos olhos
A cidade ficando pra trás.

O que mais ficou para trás?
Lembranças insistem assombrar
Essa solidão nem um pouco me apraz
Vontade de fugir, te abraçar.

E o bom mesmo de apaixonar-se
É só a boa fase, o início
Por isso viva o momento
Antes que se torne difícil.

(...)