quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Devoluta

"Está nas fantasias dos infelizes, está no dia a dia das meretrizes; no plano dos bandidos, dos desvalidos, em todos os sentidos, Será? Que será? O que não tem decência, Nem nunca terá! O que não tem censura nem nunca terá! O que não faz sentido..."

(Chico Buarque)
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Não possui nenhum pundonor
Não merece poema nenhum
Não possui um viés de pudor
É esquema para qualquer um.

Corre em todos os cantos
Sua fama sua glória apagada
Nem tempo tem para os prantos
E lamúria de saber que é usada.

É superficial como espumas do mar
Tal e qual sua estabilidade
É volúvel como brumas no ar
Tanto igual é sua felicidade.

Vai virando troça de todos
É passada de mão em mão pelos tolos
Enlameando-se de tudo e de lodo
Emaranhada entre os fios de seus rolos.

Sua boca não é lugar de um só falo
É onde expelem as tensões os amigos
Vai se igualar a um fosso ou a um ralo
Não merece ósculo nenhum só atrito.

Por onde passa as pilhérias frequentes
Nas mesas dos botecos na praça na rua
É o assunto do momento dos deliquentes
Tem graça até o momento de vê-la nua.

Não é digna sequer de apreço
Desconheço sequer o seu nome
É futil, sem valor, baixo preço
Facilidade é o seu sobrenome.

É ávida em trapacear
É Fasianídea, não é mulher
Tem a arte de negacear
É presa fácil pra quem quiser.

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"O seu corpo é dos errantes,
Dos cegos, dos retirantes;
É de quem não tem mais nada."


(Chico Buarque)



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