quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Adeus, Velho Mundo

Vem aí uma bateria de ondas desafiadoras
Uma tal seta que voa de dia e serpentes manipuladoras
Uma torrente de sonos profundos com clarão da luz a explodir
Um levante como nascente na mente que virá a eclodir.

Dois mundos nauseabundos à iminência de se chocar
Um alarido oculto, rotundo, como se ninguém pudesse falar
"Acenda uma vela aos pecadores, e lance o mundo às chamas" *
O farol quebrado para os navegadores desafiadores no lodo e na lama.

Assustará os terrores noturnos, e os tremores da beligerância
Nada aplaca os servidores soturnos sob o mando da ignorância
Enquanto multidões rastejam por ímpeto, como insetos, pelo descalabro
Inflama a corrente dos tolos insuflados, ineptos, para o candelabro.

É um preço irrelevante a ser pago pela voluntária disfunção cerebral
É o mesmo instante que se encerra, como a extinção de qualquer animal
"Nada é tão fatigante como a indecisão e nada é tão fútil." **
Fora deixado mil livros na estante, mas agora são livres. É inútil.

 ___________________________________________________________________________


Citações:

* Bryan Warner
** Bertrand Russel


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Catalepsia

Obra em pintura: "Cavaleiro da Morte" de Guilherme de Faria 
http://pinturadeguilhermedefaria.blogspot.com.br


























Vou convidá-la para uma catalepsia
Para sentir-se como eu. Estrangeiro
Para sentir a catarse. A aplasia.
Que faço sentir o ano inteiro.

Fiz da pena um bisturi afiado
E uso sangue morto no meu tinteiro
Sou o profeta que fala calado
Agora escrevo no seu corpo inteiro.

Sua insatisfação é vil, tumoral
E com meu pacto, meu afã, meu ardil é que jogo.
O coração e o sistema nervoso central
É o post factum, post mortem, é o diabo Ipsis litteris, réprobo.

E hoje é dia de letargia animada
À base daquele velho som setentista
Hoje é dia de anestesia localizada
Hoje é dia de ir ao dentista.

Quando adentra pela porta da sala
Está ali no sãguão, só, fumando
O seu conviva, tal e qual mestre-sala
Como anfitrião não o deixe esperando.

E terão uma conversa afiada
Que vai durar uma cara
Temos a eternidade a gastá-la
Mas a fumaça não se dissipara
Mas é como armadilha montada:
Um passo em falso e dispara.

>>><<<<

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Nunca Mais Eu Quero Alguém Como Você



















Nunca mais eu quero alguém como você
Não quero cópias, nem parecidas ou substitutas
Não quero nada que não sei se posso ter

Não quero dias de agonia, espera e luta.

Quero arquivar o seu sorriso na memória
E os seus abraços que me deixaram assim cativo
Nunca mais beijarei alguém na minha história
Como da forma que a beijei enquanto vivo.

Nem mais entrega como aquela, corpo e alma
Só pra sentir nós dois afoitos, surreal
Quero a brisa da rotina, mansa e calma
Nada será depois de ti, jamais igual.

Não mais o beijos de frescor, belas manhãs
Não mais a cor do entardecer a recordá-los
A vontade imensa e o sonhos de amanhãs
Começa agora como uma aurora a esfacelá-los.

Nunca mais quero alguém assim tão encantadora
De querer falar por muitas horas ao telefone
Nem mais espero promessas loucas, sonhadora
E só não quero porque não quero que me abandone.

Não quero presentes, nem lembranças de ninguém
Se por ventura trazer resquícios de algo seu
Nem perfumes, nem amores, vivo bem.
De aventuras, sonhos, dores. Enfim já deu.

Não quero outros trejeitos de ajeitar cabelos
Nem que tire um pé do calçado quando tensa
Não quero ver segurar as mãos, os finos dedos
E nem ver um outro olhar perdido enquanto pensa.

Espero que não goste tanto assim de ursos
Nem de rosas de chocolate, frio ou vinho
Que não vocalize uma canção que está em curso
Mas que principalmente não me deixe aqui sozinho.

Nunca mais eu quero alguém como você
Nem uma réplica, imitação, cópia, escultura
Mesmo que tenhas me deixado aqui à merce
É com certeza, minha princesa meiga e pura.

Nunca mais eu quero alguém como você
Nem uma história assim tão louca, verdadeira
Mas se eu pudesse escolher não te perder
Eu escolheria beijar sua boca a vida inteira.

<<>>

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Tranquilo

Fotografia por Danilo Xavier 
(http://daniloxavier.wordpress.com)

















Pouca dinamite pra abalar as estruturas
Pôs-se abaixo toda a velha conjuntura
As instituições já fracassadas desde o início
É como uma pedra que se atira ao precipício.

Sem consciência plena disso creio eu
Não se mata o que há muito tempo já morreu
Posso dormir com a cabeça ao travesseiro
Posso dormir a bem de tudo o dia inteiro.

Tranquilo como o desabar de um edifício
Ou como um carro a naufragar num precipício
Dos caminhos a escolher o mais difícil
É só um caminho ou morrer logo no início. 

Primeiro se destrói o alicerce
Depois tem a sociedade que intercede
A seguir vem a família que interpela
E a religião que esconde tudo, esfacela.


Lanço um míssil nas bases quase sólidas
E quebro as barreiras dessa fase vil e mórbida
Mergulha-se nas geleiras tão inóspitas
Para viver alegrias novas insólitas.


Vou derrubar um a um com estardalhaço
Vou pintar a cara de mil como palhaços
Pode chamar minha atuação vão disparate
Mas prefiro chamar só de extinção ou cheque-mate.

Vou desmascarar tudo que for preciso agora
E desmontar todos os jogos de armar lá fora
Não são jogos de amar são sentimentos
Mas vou tranquilo feito um cão latindo ao vento.




______________________

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Dois Rios

"Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço."

Immanuel Kant

______________________________________________________________________________

Dois rios que correm lado a lado,
Mesmo assim exaltações intermitentes;
Um oceano logo adiante é desejado
Onde, tão logo, misturar-se-ão às suas correntes.

 Malgrado o desejo, existe a ponderação,
Como se se colocasse no caminho um óbice proposital;
Existe o limite, a moderação,
Mesmo assim só privar-se é um pecado mortal.

Nos ósculos profundos cada dia inovados,
Nas delícias dos toques, nas pontas dos dedos.
Imergidos num mundo de amores provados
E vividos nos bosques, nas pontes. Sem medo.

E nas correntezas dos seus beijos posso navegar
E a certeza desse amor o passado dissolveu
Nas belezas do desejo quero naufragar
E provar que nosso mundo é só você e eu.

Porque sabemos que a vida não está lá fora
E a que por lá aparece nós não gostamos
O amor brota em nós aqui e agora
E de dentro pra fora vem o amor que respiramos.

Finalmente quero em ti adormecer
E nos seus sonhos toda noite ressurgir
Acordar para o amor, enfim, nascer
E em nossas almas, nossos rios, submergir.



***

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A Filosofia dos Beijos

Uma ventania insana no peito
Um turbilhão de venturas à frente
Aventuras pra te amar, é o jeito
Não há situação que a gente não enfrente.

A força, a coragem, o vigor
O desejo de amar vai além
Amanhã, o seu beijo, o calor
Ninguém vai falar. Mais ninguém.

A exatidão. A emoção. A reciprocidade.
Enfim um par ideal.
Colocamos fogo em toda a cidade
Somos prova do amor surreal.

Em um mundo de névoas moramos
Dentro um do outro vivemos
Somos tudo que nós criamos
E longe um do outro morremos.

Como quis seu sorriso em meus lábios
Hoje só quero a filosofia dos beijos
Horas de dialética muda. Quão sábios.
Temos a convicção da razão dos desejos.

E como nossa alma se comunica
Ninguém nunca irá entender
E a nossa história enfim como fica...
Só fica. O resto não sabemos dizer...



terça-feira, 30 de outubro de 2012

O rito

Que os risos saiam espontâneos
E os beijos sejam desejados
Que o amor não seja instantâneo
E os riscos nunca calculados.

Que o desejo possa fluir
E correr como um rio em suas veias
Que possa dentro de ti já sentir
O prazer a envolver em suas teias.

Nada pior que viver reprimido
É sem sentido obliterar o vivido
O sentimento jamais esquecido
É ir-se como nunca ter ido.

Deixar o vulcão transcender
E incendiar tudo que envolva o amor
Respirar e inebriar-se com ardor
E nas chamas do prazer se aquecer.

Num turbilhão de um milhão de desejos
Como em transe num mundo complexo
Labaredas de tesão num segundo de beijo
Labirintos de paixão fogo e sexo.

Ver escorrer em sua pele o prazer
Em seus seios, seus lábios, seu rosto
Engendrar o mel que amas beber
Sentindo a essência em sua língua o meu gosto.

No altar dos sacrifícios da carne
Elevar-se ao auge do desejo infinito
Habitar seu corpo penetrar em seu cerne
É o mistério que sela o amor. Nosso rito.


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Dona de Castelo



















Amor perfeito...
Amor quase perfeito...
 

Amor de perdição paixão que cobre
Todo o meu pobre peito pela vida afora.
 

Vou-me embora...
Embromadora,
Você pra mim agora
Passa como jogadora
Sem graça nem surpresa...


Diga que perdi a cabeça
Se eu me levantar da mesa e partir
Antes do final do jogo.
Louco seria prosseguir essa partida
Peça falsa que se enraíza
E faz negro todo meu desejo pela vida afora...


Vou-me embora, embromadora...
E quando, quando eu saltar de banda
E quando, quando eu saltar de lado
Vou desabar seu castelo de cartas marcadas...
E tramas variadas...
 

Sim.
 

Seu castelo de baralho vai se desmanchar...
Desmantelado...
Decifrado...
Sobre o borralho da sarjeta.
 

Chegou o inverno...


_________________________________

(Adriana Calcanhoto - Dona de Castelo)
(Letra: Waly Salomão , Jards Macalé)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Rotina

Vou amanhecer na sua rua pra você notar
Vou dormir na sua porta pra te ver chegar
Cansado da rotina de não mais te ter
Mas um dia viro o jogo e começo a ganhar...

Tenho tudo nas mãos, mas se me falta o teu coração
A rotina não interessa, e meu beijo só tem pressa de encontrar o seu...

Não durmo mais, não como mais
E eu já sofri bastante mas não é o suficiente pra você notar...
Não fujo mais, eu corro atrás
Pois somente eu sei o quanto eu andei por todo canto só para te encontrar...

Vou escrever mais mil poemas só pra você ler
Não me canso nunca da rotina de esperar te ter
Acordo toda noite com o celular na mão, mas sem nenhum sinal
E eu mando uma mensagem mesmo sendo uma viagem "quero ver você!"

Se o fim valer a pena o caminho já não interessa mais
Mas agora o meu dilema é resolver nosso problema de viver em paz...

Não durmo mais, não como mais
Já emagreci com o sofrimento mas pra ti não é o momento pra você me amar...
Não fujo mais, eu corro atrás
Pois somente eu sei o quanto eu andei por todo canto só para te encontrar...


______________________________________________________

* Letra composta nesta data, porém em breve será feita a melodia.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Inexiste

Onde está o sorriso franco e aberto
E as noites perfumadas, madrugada?
Hoje no peito solidão, pleno deserto
Igual um cão na chuva fria na calçada.

Onde está o amor que juravas ter por mim?
Sem despedida, sem beijo, sem afeto
Algo inacabado, desprezado, nada enfim
Somos o que? Fomos o que?  Só objetos?

Ninguém pode perder o que não teve
Mesmo assim a dor existe é insistente
Quem não sabe amar não aprenderia em poucos meses
Muito menos quando o amor é inexistente.

E o pior é a contradição, que coisa triste!
Muita gente se acostuma até com o inferno
Tentar crer ver algo lindo o que inexiste
E fazer do sofrimento um ciclo eterno.

Que moral tem quem tanto dá ouvidos?
Qual o parâmetro tem quem tanto ouves
Não faz diferença o que vês ou tens sentido?
Fala de amor como quem nunca disso soube.

O pior sentimento de si é o desvalor
E querer se sujeitar a mil desprezos
Afastar de si, tão cegamente,o puro amor
É suportar de sua escolha um enorme peso.

Não posso ter mais do que vi, indignação
Isso não é fraqueza, brio, orgulho, nada
Só sei do que senti em meu coração
Só saiba que tentei fazer sentir-se amada.


<<< >>>

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Essência

O início sempre com o seu sorriso
O indício breve de seu peito arfante
Contigo vou logo ao paraíso
Nos desejos graves de seu jeito infante.

Na escultura bela de seu corpo todo
As minhas mãos como a modelar-te
A desenvoltura leve sobre mim seu jogo
Transpiração e fogo, vira pura arte.

Morro cem vezes quando estou em ti
O desejo é intenso é maior que tudo
Passaram meses e eu quase nem vi
Mas vivi contigo o sonho mais profundo.

Em sua pele branca de maciez e encanto
Que ampara bem a calidez de nós
Sinto a alma branda e o prazer é tanto
Entramos em transe sempre quando a sós.

E quantas vezes minha sofreguidão
De vontade enorme de sua boca em mim
Na língua os dentes, a respiração
E o sabor ardente que sobra no fim.

E a minha essência em ti disperdiçar
Fazer sobrar mais que do desejo o gosto
E com inocência enfim poder te amar
E vislumbrar o amor a iluminar seu rosto.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Expectador











Eu sou o expectador
Um espectro sempre a mercê
À expectativa do fim do torpor
Tanto quanto você.

O enigmático voyeur
De tudo que ocorre em sua vida
De uma janela qualquer
Na luneta de uma carabina.

O sniper, o arqueiro certeiro
O indivíduo de preto no escuro
Pescruta seus passos ligeiros
O que pretende fazer, o futuro.

Eu sou expectador
Aquele que persegue sombras
O que faz tão aterrador
O anoitecer, a escuridão, as penumbras.

Aquele no fim do cinema
Rindo com a pipoca na mão
Que nem está olhando pra tela
Mas se ri da vil multidão.

O encenador, o vigia, o gari
De madrugado com sacos de lixo
Olha ele ali, bem ali...
Das trevas um monstro, um bicho.

Qualquer hora ele aparece
O teatro está quase no fim
A coxia se abre a cortina desce
Resta aplaudir tudo enfim.



***

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Em Seus Braços
























Em seus braços frágeis sinto a força do amor
Em sua boca cálida perco a noção de tudo
Nossos abraços mágicos fazem-nos esquecer do mundo
E nosso corpo junto é fogo e calor.

Em seus braços frágeis sinto a força do mundo
E penso comigo que é sobre-humano
O amor que sinto é maior que tudo
É tudo de puro, não é mundano.

É uma parte de mim que parte contigo
E parte de tudo ainda persiste
Comigo ficou o que é invisível
Mas quem sempre luta, um dia desiste.

Uma torrente sem fim de sentimentos atrozes
Uma corrente infindável de desejos, afãs
Na mente insiste um barulho de vozes
Que não diz uma palavra de um possível amanhã.

Em seus braços frágeis a proteção esperada
Um dia melhor, um mundo mais pleno
São dias e noites, manhãs, madrugadas
A esperar sua chegada no relento, sereno.



quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Tatuagem

















Se pudesse dizer algo a ti
De todas as coisas que eu ja vivi
Se tive inferno ou se eu tive paz
Ou se em algum momento sorri
Posso dizer bem aqui
Que não sei dizer, tanto faz.

E de todas as coisas que faço
Ora rabisco de novo, refaço
Tudo novo de novo, melhor.
Sinto-me livre, solto no espaço
Saio da reta, da linha, do traço
Vejo e sinto que era pior.

E hoje vejo meus planos
São os mesmos? São outros, são tantos
E sempre a busca incessante.
E a gente vai caminhando
Se possível vai se encontrando
Mas hoje bem melhor do que antes.

O perdão é amigo dos tolos
A vingança é a cereja do bolo
Mas posso dizer estou saciado.
Desemaranhado daqueles rolos
Deixo o troféu para qualquer bobo
O passado morto, enterrado.

Vai observando a paisagem
Enfim vai sumindo sua imagem
Ao longe ficou para trás.
Mas eu sempre tive coragem
Pra lembrar de ti farei tatuagem
Em meu braço assim: Nunca mais!



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Avalanche

Alegria incessante
Virá como tempestade
Euforia pulsante
Vem e invade.

Abruptamente
Como uma avalanche
Abre-se a mente
Na alma um desmanche.

O afã soterrado
Mas é bom revigora
Se se enterra o passado
O novo lhe aflora.

A vida é assim
E a gente acredita
Ignora-se o fim
Retoma-se a lida.

Se antes um aperto
No peito secreto
Faz- se um acerto
Selado em concreto.

Não é sonho só meta
Não sonho acordado
Então pego essa reta
E está concretizado.

Alegria incessante
Espera por mim
Vem como avalanche
Imergir tudo enfim.


<<>>

Libélula

Ficou uma fragrância nas mãos
Da sua pele meiga e doce
Ficou o avesso a contradição
Como se nunca antes fosse.

Falta o ar, falta respiração
Um pedaço maior de mim
Se falar adiantasse a razão
E evitasse de fato esse fim.

Tem muito de amor bem aqui
Mesmo que sempre descrédula
Mas é suave e deixou-me. Morri
E pousou-me tal qual uma libélula.

Um amor que só paira e não para
Como se precisasse voar novos ares
Uma flor de beleza tão rara
Que sempre renasce em outros lugares.

Voe pra mim de volta eu imploro
Pouse em meus ombros meus braços meu peito
Nesse momento sozinho aqui choro
E lembro de tudo cada vez que me deito.




sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Pítia (A serpente)



É o que se cicia por aí nos arredores
No átrio, no saguão, nos corredores
Não se sabe a razão ou pormenores
Contudo há profusão de bolodórios.

Nada mais é como antes nada mesmo.
A bem da verdade a verdade já se fora
O seu amante principesco é cego é vesgo
Que não vê nenhum viés do que há lá fora.

E talvez a pintem por aí qual Monalisa
E hoje provo dessa sina o pior fel
Mesmo que aches uma princesa uma pitonisa
Eu te pinto com teu sangue Jezabel.

E qualquer hora eu conquisto o mundo todo
E vou revelar sua podridão sua vileza
E vou apagar com meu sorriso todo o engodo
E inserir em seu coração dor e tristeza.

Cada pilastra da sua casa irá ruir
Até porque não tens sequer lastro moral
A sua casta não poderá subsistir
E à fogueira oferecida ao deus Baal.

O que me tens é uma oferenda suja e negra
E suas adivinhações são senão meros joguetes
Não preciso de seu perdão nenhuma nesga 
Seu coração está cravado de alfinetes.

Junte às suas da sua estirpe sua espécie
Tão usufruídas nesse mundo vil celeiro
Vai achar um rufião como merece
E enfim mostrar sua podridão ao povo inteiro.

E mais profanações, pitonisa, ora, diria
Quer enganar a si mesma, é o seu jogo
Sempre tentando cozinhar em "banho maria"
Mas o seu corpo é iguaria as presas dos cachorros.




 (666999)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Meu Armistício

"Conforto alucinante, tranquilidade na clareira do caos. O ponteiro, ele rodou mais rápido no mesmo relógio de ontem..."

Otto























Pintura: A Cabeça da Guerra - Salvador Dali

__________________________________________________


Uma solidão acolhedora
Sem grilhões nos tornozelos
Sem lembranças da masmorra
Sem quinhão dos desmazelos.

Nem herança do seu nada
Só uma alegria sufocante
Que nem passa da garganta
Com um grito lancinante.

A alforria dos cativos
Um armistício para a alma
Já despi de meu cilício
E a euforia vem com calma.

Dando vivas à Anarquia
Longe disso as algazarras
Soltando rojões pirotecnias
Das suas orgias fracassadas.

Do seu êxito parco seu par ideal
Escondidos de todos como covardes
Eu no meu frêmito vasto como nunca antes igual
E vocês se acostando como cães em seu quarto.

Uma sensação indescritível
Sentir-se amado, algo incomum
Ao meu lado uma dama incrível
Do seu lado, qualquer um.



<< >>

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Devoluta

"Está nas fantasias dos infelizes, está no dia a dia das meretrizes; no plano dos bandidos, dos desvalidos, em todos os sentidos, Será? Que será? O que não tem decência, Nem nunca terá! O que não tem censura nem nunca terá! O que não faz sentido..."

(Chico Buarque)
__________________________________________________

Não possui nenhum pundonor
Não merece poema nenhum
Não possui um viés de pudor
É esquema para qualquer um.

Corre em todos os cantos
Sua fama sua glória apagada
Nem tempo tem para os prantos
E lamúria de saber que é usada.

É superficial como espumas do mar
Tal e qual sua estabilidade
É volúvel como brumas no ar
Tanto igual é sua felicidade.

Vai virando troça de todos
É passada de mão em mão pelos tolos
Enlameando-se de tudo e de lodo
Emaranhada entre os fios de seus rolos.

Sua boca não é lugar de um só falo
É onde expelem as tensões os amigos
Vai se igualar a um fosso ou a um ralo
Não merece ósculo nenhum só atrito.

Por onde passa as pilhérias frequentes
Nas mesas dos botecos na praça na rua
É o assunto do momento dos deliquentes
Tem graça até o momento de vê-la nua.

Não é digna sequer de apreço
Desconheço sequer o seu nome
É futil, sem valor, baixo preço
Facilidade é o seu sobrenome.

É ávida em trapacear
É Fasianídea, não é mulher
Tem a arte de negacear
É presa fácil pra quem quiser.

<<<<< >>>>>


"O seu corpo é dos errantes,
Dos cegos, dos retirantes;
É de quem não tem mais nada."


(Chico Buarque)



terça-feira, 11 de setembro de 2012

A Caixa Preta

É hora de dar um basta ao antigo
A partir de ontem estou vivendo o novo
E basta a mim já saber-me vivo
E cada dia em ti é que eu me renovo.

Não estou revendo conceito algum
Criei um mundo a partir do nada
É um sentimento pleno é tão incomum
E juntos somos um a percorrer a estrada.

Tanta força em ti que não imaginava
E o improvável já se faz verdade
Cada segundo junto o amor aumentava
Que hoje já não cabe mais nessa cidade.

E às vezes é preciso a escuridão
Para ao longe ver a luz que entra mansa
Para apaziguar a dor do coração
E nossa alma em sonho vibra ama e dança.

Porque a nossa boca guarda nossos beijos
E sempre estamos juntos mesmo que o mundo contra
Em uma caixa preta os nossos segredos
E tudo é bem maior do que por aí se conta.

Não sei se acreditava tanto em empatia
E amor platônico me deixava tonto
Mas quando sua alma encontrou a minha
Mudou minha vida para sempre e ponto.


<<>>

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Minhas Armas

"Dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de negrume! Diante dele um fogo consome, e atrás dele uma chama abrasa; a terra diante dele é como o jardim do Édem mas atrás dele um desolado deserto; sim, nada lhe escapa."

(Livro de Joel 2, 2-3)



















Com os olhos em brasa e o coração já em chamas
Na mão uma adaga na outra uma lança
Perscruta o nome que na noite tu chamas
Senão o cão ladra e tão logo te avança.

"A sua aparência é como a de cavalos; e como cavaleiros, assim correm"
Tenho milhares de soldados armados a postos para atacarem
Se não foge, mulheres, crianças, animais, enfim, todos morrem
E mil cairão ao seu lado, e tu é um deles, ninguém te socorre.

Entre espectros e outros vultos nauseabundos
Entre fantasmas e espantalhos caminhando nos campos
Cortam as almas, afiam as navalhas a cada segundo
Vai sentir um espasmo com a lâmina a tocar o seu flanco.

Age maquinalmente à presença de todos. É o hierofante.
Sua voz tem ruído de máquinas a trabalharem incessantemente
Não cede aos clamores dos tolos. Imperativo. Digladiante.
Age na mente dos outros como a esculpir o maior diamante.

Não sei de que umbrais, infernos, vieram sorrateiros
E muito menos em que almas feridas armaram trincheiras
Tenho muita bala pra matar esses cães traiçoeiros
E munição está sobrando no alforge e na minha algibeira.

Mais sanguinário que um pirata Somali em mar aberto
Mata mais que um hipopótamo faminto num lago lodoso
Come suas vísceras como um animal ferido em pleno deserto
E depois ainda encomenda sua alma pra um lugar tenebroso.

Porque de todas as iguarias ainda prefiro sua carne
Vou dividi-la com lobos, abutres, hienas, cachorros
Sua ausência será recebida sem dor nem alarde
Muito menos alguém pensará em prestar-lhe socorro.

Quanta coisa destrói, fere e mata
Vou tentar insculpir essa dor como um estigma num carvalho. Doença.
E já que tanta coisa destrói, fere e mata
Uma a mais, uma a menos não fará diferença.



<>

domingo, 26 de agosto de 2012

Nossas Almas

"There is part of me that's always true, always, not all good things come to an end... Now it is only a chosen few." (Costelo)


Existem almas inquietas
Dessas que não param em casa
Percorrem ruas desertas
Não voam. Não pairam. Sem asas.

E não tem anjos nas ruas
Tem loucuras tonturas e loucos
A noite em claro às escuras
Momentos felizes são poucos.

Faz falta uma brisa gentil
A invadir refrescante a janela
Faz falta um afago sutil
Ou um trago de bebida com ela.

E nossas almas se encontram no sono
E só dentro uma das outras felizes
Dentro do beijo é que me abandono
Onde aplacam-se as cicatrizes.

E quem pode sondar o amor que há em nós?
Podem chamar de vão desvario
Mas se ao ouvir o som da sua voz
Mesmo imerso na dor eu sorrio.

Nossas almas não são como aquelas
Que procuram o que nunca terão
Que não ouvem o coração e a razão
E querem ser o que nunca serão.

<< >>

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sem Sombra

Dois pés caminham ao sol do meio-dia
E quando o sol a pino até a sombra esconde
É um ser estranho pisando o chão do mundo
É um cão perdido sem ter nem pra onde.

E é um mundo grande, longe o horizonte
Um caminho longo, e muito faz-de-conta
E vai contando os passos até chegar a ponte
Lá se vai o dia, logo a lua aponta.

E eu sou o meio-tempo entre os minutos e o instante
Sou o contratempo de muitos e nada vacilante
Sou a sobra das horas e agora bem mais do que antes
Jamais serás o de outrora, é tempo perdido, é dilacerante.

****


domingo, 12 de agosto de 2012

O Suicídio

(A imagem é obra do pintor teuto-francês Hans Hartung)


Cinquenta palavras devia ter dito
Antes do estampido do tiro no ouvido
Ou uma chamada pra um velho amigo
Que talvez tivesse me ouvido.

Algumas ações devia ter feito
Antes de puxar o gatilho no peito
Paixões, ilusões sem proveito
Tempo ao tempo. Momento. Defeito.

Se tivesse lembrado do seu riso, sua boca
Talvez não amarrado aquela corda com força
E assim pudesse falar com a voz rouca
Que toda a dedicação por ti ainda é pouca.

Acha covardia da minha parte comigo
E se pulasse de um prédio comigo?
Acha uma prova de amor, de um amigo
Ou pra você não lhe agrada o perigo?



Talvez desmoronasse sobre seus joelhos
Ao ver todo o sangue respingado no espelho
Ao ver a alma estilhaçada ao banheiro
E os dois pulsos cortados ao meio.

E todos os antibióticos não param a dor
A alma é gélida e o chão sem calor
O mundo é frio cheio de vil dissabor
E a morte tem um cheiro, um sabor.

E é sem sentido a falta de medo
E com a morte se encerra um segredo
E a vida sai de cena mais cedo
E num segundo o mundo escapa dos dedos.


* * *


"A partir do momento em que nada nos detém, deixamos de ser capazes de nos determos a nós próprios."


Émile Durkheim - Da obra homônima "O Suicídio"

terça-feira, 31 de julho de 2012

Tênue

Vivendo numa plataforma aérea, suspensa por linhas finas
Numa penumbra de neblina etérea
E overdoses de adrenalina.

Na mesosfera vejo um mundo opaco
E já é tão tosco como antes era
É tudo tênue nauseabundo e fraco
É o vil covil da esfomeada fera.




(...)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Eu já te conheci

Eu já te conheci há uns anos atrás
Hoje olho a vidraça e nem sei do que lembro mais

Eu achei que te conhecesse há uns dez ou quinze minutos
O que ocorre é que me enganei. É bem assim. Resoluto.

Um dia eu te conhecia, mas o dia passou, a noite chegou.
Não cabia mais nenhuma pergunta. Mas por que será que acabou?

Eu te conheci como se conhece um colega. Num boteco, no botequim
A vida é assim, perde-se o foco. É bem assim. É bem assim.

Quem te apresentou para mim quando achei que te conheci?
Ou passou pela frente do meu jardim diante de mim?
Ou na porta do meu trabalho e ao ver seus olhos sorri
O que importa nesse momento é que quase te conheci.




...

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Etéreo

As horas passam numa volatilidade estupenda
E sinto uma tremenda vontade de concretude
Sinto-me um tanto quanto estrangeiro
E não há absoluta certeza que mude.

Sinto fora do eixo, do nicho,um oposto
E é tão etéreo, impalpável
Acordo do sonho como um soco no rosto
E o sentimento é inigualável.

No mesmo quarto em que acordo sonhando
Acordado vejo o rosto encantado e real
Some o fardo que antes me pressionando
E sobra gosto de desejo carnal.

São os mesmos encartes de ontem
E estampadas as palavras sagradas
E mesmo que nunca lembrem
Serão como tatuagens gravadas.

Sempre sobra seu gosto nos lábios
E as venturas alegres de sempre
Quero a ternura dos seus abraços
E o medo a gelar-nos por dentro.




...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Casa



















Casa com ela
É uma casa muito mais bela
Case com ela
E nunca mais fique naquela.

Maravilhosa
Como o amor exposto em tela
Deliciosa
Sensação de estar com ela.

Macia
Como se tivesse pele a lua
Sorria
Pra te ver a alma nua.

Dentro de ti
É que encontro parte de mim
Fora de ti
É solidão sem ponto nem fim.

Casa com ela
É a alma exposta ao prazer
Case com ela
É o que minha alma vive a dizer.



***

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Diapasão

‎"Não precisa falar, nem saber de mim, e até pra morrer você tem que existir." (Otto)



Ninguém parece vibrar no seu diapasão
E a canção lá fora é tão alheia como se não existisse
E se por um momento sumisse seria como fumaça que subisse
E ninguém sequer percebesse ou houvesse razão.

E não há que julgar como alheios ou alienados
Você anda de um lado pro outro sem chão
Até então você via caminho onde ninguém havia trilhado
Mas perdeu-se na sua trilha que era só ilusão.

Não sei se compensa levar uma vida onde nunca se sabe
E definitivamente às vezes o melhor a fazer é morrer
Que carregar no peito um tal de amor que quer reaver
E tentar viver esse falso amor antes mesmo que acabe.

São só conselhos aos tolos aos bobos aos enamorados
Mas conselho não se vende ou empresta e ninguém se importa
Mais vale solidão ausência do que desamor ao seu lado
Porque mais cedo ou mais tarde a covardia e abandono bate a sua porta.

E pensando bem por esse diapasão não senti nada novamente
E o diabo sussurra qualquer asneira olhando de soslaio
Contudo é bom nos encontrarmos assim frente a frente
É só uma prova que mesmo no meio do fogo cruzado inevitavelmente ileso saio.



<<>>

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O Lago

Atiram pedras em meu lago límpido e enorme
Levantando lodo lama e todas as incertezas
Não sabem o monstro que por sorte dorme
Mas num ímpeto levanta-se das profundezas.

Há muito que andava pelo vale da sombra da morte
E escorregando por seu despenhadeiro
E no intuito de arrastar muitos com braço forte
Foi que preferiu pular primeiro.

Sou acostumado a lidar com víboras e serpentes manipuladoras
de línguas afiadas e veneno mortal
Contudo tenho espadas que cortam almas e vísceras
E depois as enterro no meu quintal.

Mil cavaleiros malfeitores são como o ódio em meu olho
E no final do túnel o aguarda uma criatura de terno
Aquele que mata e fere de morte quem bem eu escolho
E o encaminha pra porta que abriste do teu inferno.

Você sem saber preparou para si uma cama de escorpiões
Agora tem olhos sobre você como chamas ardentes
Nesse mundo ninguém sabe ao certo quem são os vilões
E o ferrões são como em sua pele mil brasas quentes.

Não aceito meu nome na boca de ímpios impuros
Em cada escuro haverá um medo sobressalente
Toda a revolta só exalta de mim um lado obscuro
Que sinceramente não sei se é bom encontrar em sua frente.]



>>> >>>

terça-feira, 29 de maio de 2012

Acordes

Tem acordes de violão por entre as árvores
E flutuando desço de lá das estrelas
Num jardim florido você espera em meio às flores
E de tanta beleza meus olhos brilham e só querem vê-la.

E certamente sem conhecer, na eternidade já te conhecia
E certamente a lua pintou a sua cor numa noite tardia
E enquanto dormia os feixes de luz a iluminavam
E fez da sua pele perfeita tão branca e macia.

E a pequena que brinca descalça por entre as flores
Com seu sorriso trazendo o sol da alegria por onde passa
É hoje a mulher que merece os melhores amores
E conquistá-la a cada dia é o menor que se faça.

O encontro com seu beijo é mais que um desejo de alma
Transforma o mundo todo num lugar mais seguro
Com você o amor é palpável e enche o peito de calma
E mostra que enfim encontrei o que há tempos procuro.

Mil sensações me acometem quando dentro de ti
E só estando em você descubro parte do que há em mim
E nesse momento ao imaginar seu sorriso, de alegria sorri
E o amor só aumenta e é sempre mais forte, infinito, sem fim.




...

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Virá

"Porque a visão é ainda para o tempo determinado, mas se apressa para o fim, e não enganará; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará." Hc. 2:3



















Quando tudo parecer calmo eu apareço
Estou perscrutando seus passos ruidosos
E com um átimo de segundo desapareço
Acham então que são assim tão cuidadosos?

Dentro da noite e a obscuridade toda em volta
Sou eu mesmo quem não bate a sua porta
Quando menos espera estou atrás do guarda-roupa
E a te esperar naquela sombra lá de fora.

Tenho olhos a espreitar os seus caminhos
Na garagem, no quintal, estacionamento
Tenho a visão que enxerga o desalinho
Muito em breve é chegado seu momento.

Não tem perdão e não tem misericórdia
Não tem piedade, é verdade, é a missão
Há muitos anos convivendo com a discórdia
E te poupar do sofrimento? Agora não.

É preciso sentir o sangue pulsar veemente
Pra isso é preciso fazer escorrer por todo seu corpo
Mas é uma dor que na hora pungente porém não se sente
E ninguém mais escuta seus gritos pois ele está morto.

Eis que Ele virá como um ladrão na noite
Posso antecipar bastante essa vinda na sua vida
Cuide seus passos é chegada a hora da sorte
Quem sabe a roleta não acabe parando na pedra escolhida.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Sonâmbulo

"Que é bom desconfiar dos "bons" elementos." (Céu)


Ando meio sonâmbulo por esses tempos
Talvez por conta de contratempos
Ora me pego acordado e dormindo e tenso
E é nessa hora que todo relógio parece imenso.

E o pior é que é só início, parece o preâmbulo
E perambulo feito um pêndulo noite adentro
Revisto-me de todos os defeitos acerca de mim
E sinceramente sigo acordado e vivo sonâmbulo.

E a toda hora acorda dormindo com o celular
Mas se quanto a tudo ninguém liga e ninguém vai ligar
A mesma hora de ontem se repete sem parar
Mas um dia o tempo para e se nao para vou parar de tentar.

E tem gente sinceramente que não devia sequer existir
Mas posso fazer minha parte, afinal estou por aqui
Sei cada passo que dá e que caminho que irei seguir
Espero do fundo da alma ver o momento quando a dor for sentir.

O medo não existe pra mim e há muito tempo devia saber
Mesmo sonâmbulo acordado sei a hora certa e como fazer
Faço a tristeza acabar ou começar é questão de querer
Afinal desde cedo aprendi o que deve viver e o que deve morrer.

***

"Numa espécie de limbo
O sonâmbulo anda feito pêndulo
Ora pende dormindo, ora pende contra o tempo
E faz deste inimigo, atrasado, correndo
Justifica um vazio interno, imenso
Fugas mentais ocupam os pensamentos
E se torna incapaz de ocupar a si mesmo..."

(Céu - Sonâmbulo)

<< >>

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Princesa

O momento é esperado com ansiedade
Porém só presença não me dá saciedade
Apesar da presença ser parte da química
Em sua boca saio da realidade.

É feliz saber que pode ser minha
É como um presente de Deus pra uma alma sozinha
Talvez não merecedor de relíquia tão linda
Mas esse é o momento pra compartilhar sua vida.

Nem mais obstáculos que antes haviam
Nem perigo nem nada está chegando o dia
Vamos resplandecer e mostrar pra cidade
Toda a magia que quando juntos irradia.

É na verdade sem dúvida uma princesa em minha vida
E sou só um comum eleito com seu amor
Mas juntos somos um e não existe dor nem ferida
E ainda é só início e nossa chama tem muito calor.


<<<>>>

sábado, 28 de abril de 2012

Sua Pele

Desejo sua pele, sua pele na minha, noite e dia, sua pele na minha
Insensatez, incensos, sua tez, e a insensatez, e a insensatez...

Preciso te amar, amar, suspirar, respirar seu momento, sem parar, nem pensar...
E no nosso canto, no nosso encontro, encontro sua alma e viramos um só.

É desejo de pele, é tremer de desejo, é o mergulho nos beijos, é bem mais que segredo.
É um encanto profundo, um encantamento de tudo, e em poucos segundos, muda meu mundo.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Dádiva

(A fotografia abaixo é obra do fotógrafo espanhol Mariano Vargas)

A dádiva que me vem hoje tão lívida
É da dívida e jugo recebida de outrora
A pálida cara tão esquálida hoje vívida
Cobra a dívida de jogo com juros e agora.

Mesmo com erros e profanação e todos os defeitos
Queria ele do mesmo jeito
Sabia ela que nada muda não tem conserto
E só por ele batia o amor no fundo do peito.

E em meio a tantos contratempos que só ampliam o amor por ela
Passam os dias mas não passa o delírio constante
É impossível deixar de amá-la e a cada dia se torna mais bela
E o amor que era inconstante a cada instante é mais forte que antes.

***

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Sequiosa

Anseio por sua boca quente
Envolvendo-me completamente
Passeio o dedo por entre seus dentes
Em seu lábio frêmito ardente.

E os seus lábios tem sede do corpo
E o meu sequioso e absorto
Envolvido completamente
Num transe de pleno conforto.

E com as mãos dentro de seus cabelos
Acompanho do seu lábio o passeio
Minha boca já beija seu seio
Estamos um no outro, no meio.

E dessa vez você veio sedenta
De longe quase não se aguenta
Sou a fonte que te alimenta
E me suga de forma violenta.

Faz o mel escorrer por seus lábios
Em sua língua como o mel necessário
Engole tudo de mim chega ao ápice
Somos a perfeita união dos contrários.

E quando deito sobre ti, beijo as costas
Exatamente como sei que tu gostas
No nosso jogo não há perdedor nem apostas
E nosso prêmio são as delícias propostas.

Mais uma vez virá a mim sequiosa
De joelhos ou deitada e tão louca
Sorvendo da fonte infinita que jorra
O leite e o mel que anseia sua boca.



<< >>

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Seja infinito

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, que, para ouvi-Ias, muita vez desperto e abro as janelas, pálido de espanto..."

Olavo Bilac


Num só segundo toda euforia me faz sentido
Num só minuto completa-me e enche de paz o mundo
É tão profundo e feliz o tempo que estás comigo
Que eu acredito quando ausente que estou contigo.

E o mundo tosco se enche de cores, é tão bonito!
Minhas retinas se abrem se enchem de um colorido
E somem as dores, no chão vejo flores por onde caminho
A grama é mais verde, o céu mais azul, o amor infinito.

E peço a Deus toda noite que em ti seja mais amplo
O amor que por mim enfim vai brotar sem notar feito avencas
Meus sonhos são seus, as noites intensas seu corpo é meu templo
E deixo pra trás o passado de traumas, dor, desavenças.

Cada lágrima em ti que um dia caiu virará um sorriso
Cada pranto guardado que vem do passado será pago com beijo
Se um dia já teve um amor como brisa hoje será infinito
E tudo transbordará e se converterá em amor e desejo.

Minha vida existe só pra cultivar esse amor tão bonito
E eu nasci pra realizar tudo que você deseja
A partir de agora o que vier de dentro que seja infinito
E sejamos um, completos, amantes, pra sempre. Assim seja.


<< >>

"Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."


Olavo Bilac

***

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O Velociraptor

Sou a máquina, o velociraptor
Na minha era o gladiador
No peito franco pulsa um trator
Pode chamar de digladiador.

Em cima do santo franco atirador
Disparo-lhe o tiro causo-lhe dor
Estou amoitado sou um predador
Usando as folhas como um cobertor.

E uso as aves como meu monomotor
Tem gosto de sangue meu suor meu sabor
E uso seu sangue pra abastecer meu motor
Mas o que motiva e impulsiona é a dor.

Sou o tirano vilão e sem cor
Pardo como os gatos a rugir de torpor
Nas madrugadas sou aliciador
De gato a leão mau destruidor.



(***)