sábado, 31 de dezembro de 2011

A Escalada


Deixar um amor para trás é como arrancar o próprio braço, já disse meu pai; mas quando é necessário é preciso extrair esse mal. Ou o amor vira uma metástase e fatalmente o matará.

O ano se acaba e com ele acabam-se inúmeras quimeras que queimo com as velas acesas em homenagem ao novo ano. Deixo fluir um incenso emanando a paz que tanto anseio.

Quero estar em seu seio feito o nascituro que mal conhece o seu meio. Sugo-lhe a seiva elaborada com todas as forças para livrar-me das velhas amarras. Quantos grilhões lhe atrofiam e impedem seus passos e adiante existe uma escada.

A escalada é longa, meu chapa, e a montanha mais alta.

Primeiro conclui-se a etapa depois leva a cara ao tapa, como todo ano, com força firme e exata.

Não mais o mesmo, não mais decerto, mas bem mais de perto, achego e olho sua cara, nesse momento uma frase não para:

A vida não para, meu amigo, por nada.


(***)

sábado, 24 de dezembro de 2011

Impensável

* Fotografia: Lilya Corneli

Nossos caminhos não se cruzaram por acaso,
Nossos olhares não se fitaram sem propósito,
Nossos lábios não se tocaram sem vontade,
Apaixonar-se por ti foi um resultado mais que óbvio.

E fizemos o impensável numa noite maravilhosa
E o amor se fez inacreditável
Nossos corpos se entregaram num delírio incansável
e o inimaginável se misturava ao impossível.



(***)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Uma Chance

* Fotografia: Lilya Corneli

É um mar que nunca naveguei
É um campo florido o sorriso
É um caminho por onde nem sei
É um caminho que mais que preciso.

E não é como perdido sem rumo
É um passo bem mais que absurdo
Daqueles que mudam seu mundo
É intenso é real e profundo.

Daqueles que não se pode prever
É o que vem do nada e com tudo
Muda o modo como você sabe ver
Muda o modo como você vê o mundo.

Chamo de amor sem medo ou receio
Na tormenta intensa dos beijos
No furação estamos no meio
A transbordar de tantos desejos.

Mesmo perdendo a primeira batalha
Não perco a segunda chance
E quando o amor volta não falha
Não se pode perder mais o lance.

Num corpo macio e branco eu repouso
Fiz desse corpo minha morada
Podem dizer és louco mas ouso
Em fazer-te minha namorada
E pra sempre talvez mais um pouco
Será por mim muito amada.


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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Antes amantes


Aqui estou novamente eu insone
Segurando meu telefone
Pensando o tempo todo em seu nome
Sonhando um dia em ser o seu homem.

E toda noite sonhando contigo
Aprendi a gostar do perigo
Até quando seremos amigos?
Apesar de que é bom, eu não ligo.

E em meus sonhos já somos amantes
E minha vida nunca mais como antes
Não sei se só delirantes
Ou o amor puro de dois infantes.

E imagino sua pele envolta só com a veste da lua
Imaginando você comigo linda, nua
Sussurrando em meus ouvidos "sou só sua"
E eu a gritar meu amor pela rua.


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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Lugar Comum

Aprendi a ser franco com o passar do tempo
E quanto mais fraco é que mais aprendo
Às vezes a mim mesmo então me surpreendo
E o que faz mal já não mais apreendo.

Sagacidade e tal já é senso comum
Minhas abstrações não são viagens vãs
Mesmo não sendo mais lugar-comum
Tenho por aí mais de um milhão de afãs.

E apesar de lendo vivendo e aprendendo
E apesar de lento creia estou correndo
E o passar do tempo vai me deixando crendo
Que sem pesar nenhum sigo só crescendo.

E digo sempre hoje sou bem mais franco
E mesmo fraco ora cansado ou manco
Eu só aprendo quando for forte e tanto
O duro impacto é o que faz o avanço.

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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A poesia acabou

A poesia acabou
Não tem maldito cristal quebrado
Mas o navio afundou
E o que foi dito o que foi falado
Nem sequela deixou.

E com ela ficou
Meu sorriso há muito amarrado
Mas a vela apagou
E no escuro ficamos ilhados
Tanto é que acabou.

Aonde é que ficou
As venturas estando ao seu lado?
Sabe o que é que restou?
O seu olhar soturno apagado
Que a minha vista cansou.


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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Afamadas Glórias

A imagem abaixo é a obra de Van Gogh "Campo de Trigo com Corvos" (1890)

Podiam por bem chamá-lo pícaro
Eis que tinha a brochura em mãos
Da desmazelada estória de sua vida
A de um bucéfalo rude alazão.

Já não compunha mais o tino de outrora
Eis que agora a bela virginal em chamas
O que era incólume agora o punho assanha
E o que foi história agora afamadas glórias.

E num dia desses foi deitar-se ao trigo
A emaranhar-se de esvaí-la em sangue
Animal silvestre não temeu perigo
Agora à lama como um crustáceo ao mangue.

Jamais recebeu como desterro o vil desprezo
E é destro na arte da defesa e jamais pego
O algoz que o alvejou o creu na certa indefeso
mas no fundo da traquitana enclausurado se viu preso.

Saiu de fraque e jamais fraco a ajuntar-se à torcida
E hoje clama sempre aos brados quem é o rei da sua vida
O povo exalta ama eleva e o leva aos braços pela avenida
Tantos abraços lenços laços é sinal que a guerra está mais que vencida.


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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Aves, Naves e Naus


Desprovido daquela sanha lancinante
Mas a sagacidade constante
Tem coisa pungente na gente
Assanha o medo e a mente.

Tal e qual a ave adora as alturas
Aviadora sendo ela própria a nave
Uma nau no Triângulo das Bermudas
A ave nave navega em águas turvas.

Dentro das entranhas profundas criaturas
E estranhas aparições simulando conjecturações
Em meio a digressões de imagens às escuras
E as escunas afundado nas espumas.

E a afanar uma glória tépida mar adentro
Sem afogar nas águas gélidas tenebroso
É sentir-se tal qual a urze o rododendro
E degustar do próprio mel mau venenoso.

Segregar os elos pra elucidar os dias plúmbeos
Como furacões de destruições helicoidais
Não existem mais dias normais não existe paz
E tanto faz se o amor jogou-se do cais ao mar.

Foi defenestrado o que antes fora tão digladiado
E há muito soterrado e o vil soldado sofismado
E turvam fontes quebram pontes lama e barro
Naves e aves. Naus aos montes. Naufragado.

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terça-feira, 25 de outubro de 2011

É Por Ti

A arte abaixo é obra da pintora gaúcha Regina Schwingel (reginajschwingel.blogspot.com)

Você merece todas as poesias e poemas que ainda nem fiz
É por ti todos os sonetos odes e óperas da idade média
Todas as melhores orquestras do mundo tocariam pra te ver feliz
E se por nada você sorrisse eu comporia a melhor comédia.

E eu nasceria em todos os séculos e séculos até conquistá-la
E em todas as suas vidas eu gostaria de poder contemplar-te
Duelaria com seu prometido mesmo ferido pra poder levá-la
E fugiria à noite contigo no meu cavalo para qualquer parte.

E seria o criminoso mais destemido para protegê-la
Ou nas tabernas tocaria piano para vê-la dançando
Melhor seria morrer que viver sem sequer conhecê-la
Mesmo assim eu a criaria para amá-la sonhando.


A arte acima é a obra "Colhendo Flores" da pintora gaúcha Regina Schwingel
reginajschwingel.blogspot.com

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Monitores


Fui comprar um cigarro e nunca mais voltei
Cansei de estar sentado na frente do monitor
O computador que monitora sua vida é sua grei
E todos meus amigos não me sabem, e não os sei.

Diante de toda revolta a passear de bicicleta
Às três e meia da manhã onde já não tem mais ninguém no Face
A propósito fica uma neurótica, invisível, on line, discreta
Sentindo um profundo vazio, invisível como sua vida, na certa.

E afinal o que você compartilha com todos os seus monitores
Que dia e noite perscrutam sua vida, são eles os seus seguidores?
Se cuidar da vida dos outros virou a rotina da noite
Nossa missão só será abortada em falhando os computadores.

Carregando uma bola de ferro amarrada ao seu calcanhar
Conectado por inúmeros cabos armazenando vírus da mídia
Você acha que é o grão-mestre na arte de comunicar
Mas por dentro já foi dominado por vazio, tristeza e acídia.

E não pense que essa minha postura é vintage, cult, retrô
Simplesmente não se manipula pessoas como um robô
Se deixar levar pelo engodo da frivolidade, do google,pornô
É achar que desafia o mundo que não conhece além do vitrô.


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(Poema gentilmente publicado pelos amigos do site Olhar Direto em 24/10/2011)
http://migre.me/5ZCuX

Sem Rumo


Pegar o rumo sem destino
Saindo ainda no escuro
É viagem desatinada sem prumo
É família junto e amigos.

Lembro da carroceria e do vento
Como é bom ser menino!
E menino digo criança
Um tempo sem dor nem lamento
E se tinha, francamente, não lembro.

Deitar em sacos de arroz
Viajar contemplar as estrelas
Numa viagem intensa e veloz
Tanto é que já chegamos aqui...

Minha viagem tem cachoeiras
E salto de olhos abertos
Mergulho na vastidão verde das folhas
Quem disse que nunca dá certo?

O medo é um freio pra tudo
E é sem rumo que o mundo se move
A gente até tem certezas no fundo
Mas as correntezas do rio são enormes.

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sábado, 22 de outubro de 2011

Atonal


Gosto é da rima despropositada
E quando a vida é desatinada
Tudo combina com nada.

O nada combina com tudo
O nada é nada é tão mudo
E daí se rio do surdo-mudo
O mundo é assim e eu não mudo.

O peso do corpo na corda bamba
O peso do corpo com a corda no pescoço
Que cai da cadeira de balanço
A queda é branda num poço.

Não tem essa de política
A vida é tão paralítica
Quando pensa de uma forma analítica
Tudo é só uma questão de estatística.

E pra cada celenterado sentado ao seu lado
Existem uma centena de invertebrados
Exigindo seu sagrado trocado
E torrando centavo a centavo.

E não é querer ser igual
Ser diferente não é normal
O mundo é mesmo atonal
E só destoa o igual do igual.


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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Cálida

A imagem abaixo é a obra "As três idades do homem" (1512) do pintor renascentista Ticiano do século XVI.


O que é meu e seu é só nosso mundo
Ninguém pode entrar e ninguém saberá

E cada segundo é um mistério profundo
Que não há como entrar e saída não há.

E no labirinto de nossos desejos
percorremos os corredores milhares de vezes

O nosso suicídio é o gatilho dos beijos
E podemos amar por meses e meses.

E numa mistura de amor selvagem
Algo como morrer em sacrifício

Onde seu corpo é a melhor passagem
E morrer de amor é bem mais que um ofício.

Beber o vinho da sua boca cálida
É embriagar-se do mel dos anjos

Habitar a vivenda de sua carne pálida
É de prazer ser levado à morada de Tânatos.



A imagem acima é obra do pintor Hans Baldung (1510).
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Brisa de Outubro

O meu querer é não querendo
Porém tão intenso e imenso por dentro
Que acaba acontecendo.

O meu querer é mais que vivendo
E quando penso em alguém já sinto chegando
Sinto o mesmo momento como se estivesse já vendo.

E mesmo sem conhecendo
Já imerso nos olhos posso ver a palpitação e o corpo tremendo
Quando menos já amanhecendo.

E por mais que pareça impuro ameno sutil tão pequeno
O meu sentimento é maduro sereno como uma brisa de outubro
Soprando em novembro.

Mesmo sem conhecê-la já espero no vento de braços abertos há muitos anos atrás
Ou num futuro propínquo
Já sinto os abraços os beijos e afagos que virão ou vieram num momento longínquo.


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sábado, 15 de outubro de 2011

Inconclusivo



Quanto mais a loucura invade minha sensatez
Tenho uns achaques de quase que
E quando o raciocínio volta de quando em vez
Sinto dentro de mim uma falta de.

E quero terminar sem reticências
Sem ponto nem traço nem travessões
Vou ser inconclusivo como sempre faço
E termino com portanto, ademais...
Simples, sem rima.

E por ora, quero dizer, outrossim
Não tenho muitos caminhos a seguir
Todavia, contudo, entretanto e enfim
Destarte não sei onde ir.

E minha obsolescência é bem mais que literal
Nas adjacências já questionam minha moral
Mas um dia tu serás tal e qual
Só aguarde e verá ponto final.



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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Eu sou o Monte Everest


Nascido das intempéries
Da força das tempestades
Moldado por desgastes em série
E inúmeras adversidades.

Quem ousa chegar no topo
Pode morrer ao tentar descer
Os poucos que chegam no cimo
Não gostam do que vão ver.

E todas as trilhas são traiçoeiras
Umas beiram ao precipício
De perto só ribanceiras
De longe algo mais que difícil.

Ousar desvendar é loucura
Onde muita gente já pereceu
Dá vertigem, viagem, tontura
E quando menos percebe perdeu.

E dentro de seus limites
Há quem veja beleza
Há quem ainda se arrisque
Mesmo com o frio e rudeza.

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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Marcas

Mesmo as lágrimas em seus olhos não tiram a beleza do seu olhar
Nem mesmo as marcas que ficaram da tristeza não tiram a pureza de querer amar...

Um segundo sequer sem vê-la é um minuto a se afogar
E o oceano disso tudo é nada mais que seu olhar.

E quando sei que não está perto é como se soterrado por mim mesmo
Uma tonelada de terra e lodo bem acima do teto
Quero falar contigo e se não a vejo mais do que morro
E quando acordo nem o inferno é pior que isso tudo.


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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Os Frutos Podres do Descaso

É interessante como se tem visto na mídia a incompreensão geral de todos no que tange àquela criança que efetuou um disparo contra sua professora e em seguida tirou sua própria vida. Nem psicólogos, nem jornalistas, ou políticos (estes já quase nunca manifestam opinião sobre nada), nem sociólogos ou qualquer outro profissional levanta uma possível razão para a atitude daquela criança tranquila, de dez anos de idade, com boas notas e, aparentemente, com uma boa família. A verdade é que o Brasil tem tapado os olhos para as pessoas, enquanto pessoas. O descaso predominante e constante está ocasionando essa onda de fatos atípicos e tipicamente bárbaros.

E o Brasil é o país do faz de conta. Faz de conta que se importa com as pessoas, faz de conta que vai resolver a situação, faz de conta que as entidades são sérias. Pouco se passou do caso do ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira, que assassinou treze crianças em uma escola do Rio de Janeiro, e já ninguém falou mais nada acerca do caso, mesmo tendo sido um fato extremamente bárbaro e atípico em nosso país. Esse aluno, conhecido pelo seu jeito diferente, solitário e anti-social, mesmo os colegas, vizinhos e ex-professores, sabendo de tal situação, nada fizeram para tentar integrá-lo à sociedade, e tampouco se aperceberam de que o mesmo encontrava-se com algum distúrbio psicológico, apesar dos indícios mais que aparentes.

Essa criança que efetuou o disparo, não somente é mais uma vítima de Wellington Menezes, como é uma vítima da sociedade, uma vez que apesar de bom aluno, obediente aos pais, com boas notas, não teve seu reconhecimento por parte, nem da escola, nem dos professores e muito menos do governo, que não dá a mínima para o mérito particular das pessoas e prefere, em todas as esferas, favorecer parentes, amigos e outros indicados. É vítima de Wellington, uma vez que a barbárie ficou registrada em seu sub-consciente, e acreditou, que tal como este, poderia resolver seus problemas os eliminando brutalmente; tanto é verdade tal fato, que efetuou o disparo contra sua própria cabeça em uma escadaria, exatamente como morreu seu mártir Wellington Menezes, alguém se lembra?

Os brasileiros em sua maioria já sofreram, sofrem ou sofrerão algum tipo de transtorno psicológico, e quando ocorre algum incidente dessas proporções, o governo nada faz no sentido de amenizar toda a tensão gerada em toda a sociedade. As crianças são obrigadas a ir para a escola sob a condição de estado de guerra, com o perigo das balas perdidas, da violência policial, do bullying, do desvio das verbas da educação, saúde, transportes; e mesmo assim não recebem a atenção e carinho necessários para tornar-se bons cidadãos, e mesmo assim a maioria se torna, graças a Deus.

Realmente a culpa nessa tragédia toda não pode ser extendida aos pais dessa criança, mas sim ao sistema em que estamos inseridos. Enquanto o governo e a sociedade toda não se pautar na meritocracia, começando a valorizar seus cidadãos, inclusive os pequeninos; estimulando os talentos individuais, observando as personalidades intimistas, remunerando seus profissionais com dignidade, cada vez mais seremos obrigados a assitir o caos e a barbárie se espalhar por esse país como uma doença incurável e altamente contagiosa.

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Artigo publicado pelo site Olhar Direto em 29/09/2011:

http://migre.me/5Otsh

Desde já profundos agradecimentos!

***

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Bem mais

Hoje vejo sua face tenra, quase que infantil
Não sei se ainda se lembra
Do início sutil, pueril.

Em imagens antigas na rede
Vejo seus sorrisos sinceros
Nem parece que estava tão perto
Nem imaginas o quanto lamento.

A pele branca de maciez, aliás, mais do que isso
Combinava com sua tez, aliança, anel, compromisso.

E combinava sua palidez, com noite, festa, calor...
A rodar só nós dois, só nós três...
E depois só paixão, fogo, amor.

Bem mais que sorrisos, beijinhos, carícias, vestido...
Jantar, noite, velas, pedidos, suspiros, delícias, libido,
Tesão, emoção, chuva... Ela.



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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Um desejo além

Às vezes penso: não é simplesmente um prazer, um desejo além,
Mas sim são pessoas que se entregam totalmente pra nos fazer um bem.

E é um desprendimento único
Mesmo sem prazer recíproco
Um consentimento mútuo
Sem sentimento nítido.

Manancial dos prazeres
Ágape de seduções
Que mil mulheres
Jamais causariam.

Em foco o jogo
Que é seu corpo todo
O prazer em dobro
E por dentro o fogo.


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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Idólatra

Transformei-me no idólatra da sua pele
E quero habitar no seu corpo todo dia
Deixar pra trás toda a razão
E sentido que fez as coisas até então.

Às vezes quero parar de navegar sua boca
Pois o desejo me consome até a alma
Com você a razão perde a razão de ser
E a loucura vem chegando mansa e calma.

E se Deus me concedesse o presente da sua presença
Seria pelo dó de ter perdido aquele outro
E apesar da semelhança a diferença
Ele sempre nos concede o bom, o novo.


...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A causadora

Sabe, pensar que foi tempo perdido é admitir
Bem mais que um erro...
É crer que o que foi vivido não valeu a pena.

E aquilo que nos faz sentido já não faz mesmo...
Mas não sou desses que acham que a vida é uma noite apenas.

E não troco aquilo de ontem por nada, nada
E o pior é que quando falo isso não me levam à sério...

E o que fiz com sua cara nunca foi piada
Mas um simples teste que sempre faço pra saber se quero.

Mesmo parecendo perante todos mais um incompreendido
Faz muito tempo que já convivo com essa imagem tola
E acredite que já superei coisa pior que isso
Mas não se julgue ser tão importante ou ser a causadora.

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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

É no outro que a gente se encontra

É conversando contigo que me defino
É no outro que a gente se sabe
Uma boa conversa depois de um fino
Uma dose de vinho antes que o dia acabe.

E é no outro que a gente se encontra
E vai deglutindo toda a solução
A cada palavra a gente se espanta
Ao ver que no outro se encontra a razão.

Mesmo o outro sendo um espelho
Não ao contrário mas exato e perfeito
Reflete a vivência o melhor conselho
Como se num segundo desvanecesse o defeito.





(...)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ponto Oblíquo

Não sinto-me à vontade com esse amor descomedido
Não quero a responsabilidade da felicidade de um alguém
Não posso ser assim, isso não faz nenhum sentido
Não quero ter que magoar, e sem amar sei viver bem.

É tão difícil não ter a posse ou ser dono de outra pessoa?
Não é mais fácil libertar-se e viver só numa boa?
Se a amizade é o que perdura e durará a vida toda
Por que então se insistir num sentimento que magoa?

E lembro desde a infância desses romances mal sucedidos
Talvez seja por isso que criei esse ponto oblíquo
Se busco em minha lembrança só vejo um garoto perdido
Mesmo assim foram felizes todos aqueles caminhos ambíguos.


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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Heresias

Não posso hesitar e dizer que não foi bom
Até por que sem o que inexiste confusão
Onde estiver o imbróglio o disparate e a emoção
Lá estaremos a entoar nossa canção.

E não vem dizer que não lhe apraz tais iguarias
E não me julgue entre os seus má companhia
Não faço parte desta pura vilania
E o que disser a partir de agora é heresia.

E posso dizer das cicatrizes em meu coração
E tinha o seu nome mas raspei com meu velho facão
Como se faz num pé de carvalho com o nome de amantes
Mas já não mais somos os adolescentes que éramos antes.



(...)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A cereja do bolo


A dor que lhe promovo tem a cor do meu consolo
O dolo da reprimenda é a benesse de meu esforço
Os açoites que acredita receber são parte do bônus
E o choro de todas as noites é nada mais
Que a cereja do bolo.

E lancei todos meus fardos como dardos envenenados
E rolam por todos os lados meus dados que foram jogados
Acredito que o perigo de tudo é o fascínio que tenho ao seu lado
E não acredito nesse clichê dos malditos cristais quebrados.

(...)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Bem mais que a verdade

Nem sempre a atitude traduz a verdade
Nem sempre é verdade aquilo que ilude
À luz da verdade há coisa que mude
E há muita mentira que deixa saudade.

Por mais ledo engano que se deixe envolver
Mais vale um bom plano que um concreto viver
Todo o cotidiano é melhor com você
E agradeço as mentiras que tão bem faz crescer.

E quanta felicidade veio daqueles momentos
Mesmo a frivolidade não matou sentimentos
Hoje faz falta, mesmo assim sem lamentos
E as palavras já ditas foram lançadas ao vento.

E o que foi vivido é bem mais que verdade
E passa-se o tempo e não passa a vontade
Mesmo as mentiras de felicidade
Só trouxeram a certeza que deixou saudade.

Mas cuide que acabe antes que acabe-se tudo
E periga acabar antes do fim do jogo
E mesmo a verdade que deixa-me mudo
Se torna mentira antes do fim do mundo.



. . .

quinta-feira, 14 de julho de 2011

"Nem sempre estamos à altura daquilo que somos"


Nem sempre estamos à altura daquilo que somos
Nem sempre homens, nem sempre humanos
Nem sempre metas, nem sempre planos.

E às vezes a beleza desgasta mais que enfeita
Ora devasta, ora perfeita
Ora devassa, agora deleita.

E a vida se trata que nem prostituta
Quando paga, se deita
Se vacila, te expulsa.

E o que tenho por ela é bem mais que ojeriza
É horror, é aversão
Mas diversão se precisa.

E quando penso na vida, é que nem meretriz
Parece uma louca, se finge de atriz
E é por um triz, como sempre se quis.


*

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Você é uma unanimidade?

O ataque é a melhor defesa
E não se faça de indefesa
Predador se fazendo de presa
Aprendi contigo não esqueça.

E percorre por toda a cidade
Exalando sua toxicidade
Você é uma unanimidade?
Nem todo mundo é unanimidade.

E já perguntaram pra mim
Cadê sua humanidade?
Tão longe tão perto do fim
Pra quê simular sanidade?

E não há tempo pra sobras
Ou sensações só carnívoras
Isso aqui é um criame de cobras
Não é de hoje que lido com víboras.

E sei por onde elas andam
E saem de soslaio sorrateiras
Algumas ainda rastejam
Sempre serão traiçoeiras.

E falando em realidade
Sem misturar amor com paixão
Pergunto, És unanimidade?
Respondo, acredito que não.



. . .

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Mística

O amor essa criatura mística
Não se sabe se por convivência ou conivência
Ou por alguma destreza artística
Da falta de consciência.

Um sonho que ataca no sono
Dos incautos, dos desvalidos
Uma corda no pescoço do dono
Um joguete dos vis, dos perdidos.

Manifesta-se avidamente
Tente entender isso se podes
Acaba-se lentamente
Como aqueles espíritos pobres.

Venha falar-me de amor
Esse mesmo dito à exaustão
Uma torrente de dissabor
Que dispara em seu coração.

Sente a mística da inconsciência?
Sentiu o medo, dor, desespero?
Valeu a experiência
Chora quem riu primeiro.


* * *

terça-feira, 28 de junho de 2011

Não mais

Se me perguntassem como passei ou andei desde anteontem
Direi que já não sei ou já não sou uma hecatombe
E toda a nostalgia é tão clichê, é tão post-mortem,
Mas não é o epitáfio ou um pedido a que se importem.

É melhor ser neutro, plúmbeo, inoperante como agora
Do que aquela rispidez e sensação desoladora
Tudo ainda sob o efeito daquela mazela de outrora
E hoje uivam como os ventos na minha janela lá fora.

Todas as palavras que faltavam encontrei na garrafa de vodca
E há quem aquiesceu mas não esqueceu e não mais importa
E ainda há quem se aqueceu com meu calor e isso conforta
O que antes era só eu hoje reflete uma paixão natimorta.

Não mais completo um sentimento sem o saber
Não mais repito um só alento sem sequer o prever
Nada mais nasce sem minha ordens é o que mais sei fazer
Pois com as ervas daninhas do meu jardim aprendi conviver.

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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Bem antes

"...E gira em volta de mim, sussurra que apaga os caminhos, que amores terminam no escuro, sozinhos."


Inviável a luta constante
E num instante escapa de todo
Nem lua, nem nada de antes
É notório que foi mais um jogo.

Tingia o chão de uma luz ofuscante
E cintilante por onde passava
Mas é inviável a luta constante
A paixão enfim declinava.

Como não pude aprender
E há anos aquela face esbranquiçada
Quando um farol veio nos surpreender
Era só maquiagem, mais nada.


*Trecho entre aspas - (Resposta ao Tempo - Nana Caymmi)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Viva Positivamente

Nem as doses de cocaína que a Coca-cola me dá semanalmente
Nem as alegrias que proporciona a Tela-quente
Nem a dopamina anestesiando toda a mente
Nem o Stand-up sem platéia lá na frente.

Nem a pujança provinciana que sobre a gente emana
E o orgulho estapafúrdio da reles insana
A filosofia delinquente de uma prostituta em coma
É tudo aquilo que nesse feudo a plebe clama.

Ter um renome ou sobrenome conhecido entre uns cem
É muito mais que desprezo, meu amor, é o pior que tem
Ser o melhor entre mil apedeutas não te cai assim tão bem
Mas não espero muito mais de quem se acha alguém.

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sábado, 28 de maio de 2011

Relíquias

E lá vai aquele Alessandro
Tão parnasiano,
enfocado em seus planos,
Mesclando-se em panos,
Emaranhando-se em seus meandros,
Nem mais tão malandro...

E vai encontrando oligofrênicos
Outros neurastênicos como ele
Em seus chapéus de neoprene
Sem mais frêmito cômico
Ora uma ânsia de vômito
Mas nem isso ele teme.

E a mídia criando jograis
A cultura ficando pra trás
Nem tocar violão eu sei mais
E tão-pouco os artistas atuais.

E lá vão aqueles palhaços
Se vestindo de retalhos, uns trapos
Nem são chiques, nem hippies, um saco!
Resgatando o pior que há de fato.

E referem-se à velha guarda
Que já está muito mais que acabada
Como se fosse uma relíquia enterrada
E um clichê que nada mais é do que nada.


...

terça-feira, 24 de maio de 2011

A Voz


Aos solavancos de um trem matreiro
Sem devaneios de algum apedeuta
Sinto vindo do mato um bom cheiro
O ninho de fato é o melhor terapeuta.

O trem ele mesmo não existe
É o balanço de ninar tão sonhado
O sono é real e persiste
É o mundo dos olhos fechados.

E mistura-se ao som da chuva
E dos trovões e dos sons de vozes
A voz da minha mãe ainda tão jovem
Que reverbera por deitado em seu colo.

E o aconchego é quente e relaxante
As conversas são o pano de fundo
Quem me dera a calma de antes
Quem me dera aquele sono profundo.

A viagem é longa e a infância disfarça
A lembrança existe mesmo que pouca
E não há tormenta que isso desfaça
Da voz em meus sonhos tão jovem tão rouca.


(***)

domingo, 22 de maio de 2011

Nem sempre

Tenho culpado você por tudo
E merece sinceras desculpas
Nem sempre é fácil suportar o mundo
Nem sempre é fácil suportar as culpas.

Tenho soltado palavras como dardos envenenados
Disparados a esmo contra mim mesmo
Não posso culpar a você por meus fardos
Afinal sobrecarreguei e muito esse peso.

E a alma parecendo um trapo esfarrapado
A percorrer pelas madrugadas
O mundo não é tão encantado
Mas ninguém também disse nada.


***

segunda-feira, 16 de maio de 2011

De novo as velhas amarras
É preciso distância de mim
Esse romance é fogo de palha
E termina sempre assim.

Eu tenho espinhos nas mãos
E um coração semi-blindado
Os afagos causam cortes profundos
Não tente estar do meu lado.

(...)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Cães e Lobos

O coração bate na cabeça
O que vem então a ser o amor?
Uma química previsível e bem engendrada
E mesmo assim quando por fim e dor se esqueça
O que foi avassalador já não é nada.

Armam suas teias às minhas costas
Tecem engodos em frias quimeras
Tentam lograr-me em suas apostas
Mas eu fui criado num covil de feras.

Convivendo numa alcatéia de lobos
E o que tenho comigo é herança de poucos
O meu silêncio é o castigo dos bobos
E em minhas palavras bradam cães loucos.

E que ninguém ouse ou a mim vocifere
Pois como disse sou da alcatéia de lobos
Sou da aldeia dos que matam e ferem
Sou mais um dos cinquenta cães loucos.

E todo castigo ainda pode ser pouco
Porque minha paciência é um cão amarrado
Que de tanto latir e rosnar já está rouco
Mas não ouse passar do seu lado.

E ora vez fogem meus cães, lobos, todos
A caçarem pela madrugada
Ora outra a morder feito loucos
Quem por má sorte encontra-los na estrada.

sábado, 23 de abril de 2011

(...)

Nunca esqueço sua primeira aparição
Jamais pensei envolver-me em seus cabelos
Eu um jovem revoltado e você não
Envolvido em meus mais francos pesadelos.

E mal sabia estar de fronte a minha cura
Mas não podia somente vê-la se afastar
Não conseguia suportar uma dor tão crua
E sem minha guia meu mundo tosco ia desabar.

Não imaginava encontrar tanta beleza
Mais que aparência a inteligência a completar
Infelizmente eu estava preso eu era a presa
E simplesmente você não pode suportar.



(...)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Sem lamento.

Não gosto que abusem da paciência
A consciência é algo a perder em segundos
Sei viver muito bem com a ausência
Portanto não destrua isso tudo.

Sei que seu mundo é perdido e sem rumo
Contudo meus rumos são mais amplos que os seus
Sei o que é bom e só o bom eu consumo
E não tenho a empáfia dos seus amigos ateus.

E o pior é que você não conhece meu eu
Nem os desejos que me consumiriam por dentro
E se você não sabe explorar-me perdeu
E se você me perder não lamento.

E sem alarde será tarde demais
Parece clichê mas nunca quis não parecer
O sentimento aliado é fugaz
É um sentimento a desvanecer.

E não há raciocínio que não destrua esse engodo
E não há infortúnio que não se abra mão
Não há pantomima que não pareça-me jogo
E não há pessoa que não mereça meu não.




[...]

sexta-feira, 8 de abril de 2011

07 de Abril

Ontem pela manhã resolvi acordar mais cedo
Mas assim que liguei a TV só via pânico e medo
Eram muitas garotinhas com sangue no cabelo
Num zoom desses da Globo vi espalhar no corpo inteiro.

Meu Deus o que está havendo com nosso Rio de Janeiro?
As nossas crianças não vão brincar mais no recreio
Sempre tive orgulho do nosso povo brasileiro
E só via uma coisa dessas ocorrer lá no estrangeiro.

Cada tiro desses atingiu a nós, certeiro
E estávamos de costas pra um problema corriqueiro
E a noite quando ponho a cabeça ao travesseiro
Só ouço as sirenes das polícias e bombeiros.

Só peço a Deus por cada mãe desses ingênuos cordeiros
E só fica meu lamento de impotência, desespero
Só vejam os seus filhos, mães, como bravos guerreiros
Que não temem a própria morte como no Hino Brasileiro.

sábado, 26 de março de 2011

O que move moinhos


Não são mágoas que movem moinhos
E as amizades são temporárias
O que fica é o que foi carinho
E as noites são solitárias.

A diversão é um milésimo de segundo
Depois como fica o mundo?
Quando se apagam as luzes ao fundo
E o telefone também fica mudo.

Felicidade não se disfarça
O que dirá então a tristeza
Não importa enfim o que faça
Sobrevirá do amor a beleza.

Porque mágoas não movem o que sinto
Nem o lamento toma conta de mim
Também não acredito em destino
Mas acredito na força de um sim.


_ _ _

segunda-feira, 21 de março de 2011

Amores Usados

É a mesma história de novo
Tentando vivenciar um outro
Criando expectativas de ouro
Mas cairá por terra seu jogo.

Vou me afastar como fiz outrora
Vou viver como antes e agora
Enamorar-se quem não enamora?
Mas vai chorar, afinal quem não chora.

Cairás de joelhos ao chão
Leva tempo afinal é ilusão
Mas aproveite não veja a razão
Um momento vale mais que um perdão.

Como sempre não assume o que faz
Mas dessa vez não há volta jamais
Só espero que assim tenha paz
Da minha parte o passado aqui jaz.

Sem lágrima nenhuma a escorrer
Sem sentimento nenhum de perder
O tempo ainda vai transcorrer
Mas o futuro já não posso prever.

Não sou de testes ou amores usados
Ou é pra mim ou fica de lado
Mas não vou ficar seguindo seus passos
O que é meu é meu, o que é seu está guardado.


***

sexta-feira, 18 de março de 2011

Delírio

Sou da pele, do prazer
O lazer alucinado
Vamos nos satisfazer
Com o poder que nos foi dado.

Quero a língua nos seus seios
Sua pele junto a minha
Entorpecer em devaneios
Enquanto existe ainda.

Preciso ardentemente
Encaixar-me em suas coxas
Desligar então a mente
Agarrar-me em suas costas.

Sentir o delírio acordado
Em seu movimento suave
Aos poucos alucinado
Num ritmo íntimo e grave.

Totalmente inserido em seu meio
Num sentimento de entrega total
Bebê-la sem perigo ou receio
Ser bebido como alimento vital.

Acariciar-te como a última vez
Devorá-la como fruta escolhida
Repetiremos isso? Talvez
Mas melhor não pensar nisso ainda.




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quinta-feira, 17 de março de 2011

Ciprestes


Lembra da noite em que eu te sepultei?
Aquela noite em que a chuva espalhava barro pelos canteiros
Aquela noite em que a deitei debaixo dos ciprestes negros?
Quando te dei um beijo de desterro antes mesmo do próprio enterro?

E deitada na relva sentia os pingos grossos de chuva
E mesmo morta há muito não se sentia tão viva...
E dessa forma a gente chora ainda mais a perda da vida
Será que era mesmo ela tão rude e sofrida?

E na sua última noite nem estrelas nem lua
Só o barulho da escavação no lamaçal ao seu lado
Uma música aparece ao longe a relembrar seu passado
Mas nesse momento só pensa que logo tudo terá terminado.

E de cima pra baixo tudo é mais encantado
O vento balança os galhos de eucaliptos no alto
Um aroma gostoso vem com a brisa e um frio em seus pés descalços
E agora lembra como podia pensar em percalços.

O corpo mole sobre os ombros de um outro forte
E lança-te na profundeza aconchegante da cova
Em breve haverá vida nova
Em breve haverá vida nova.



(***)

terça-feira, 15 de março de 2011

Denso

Estou precisando de um beijo intenso
Desses que envolve o queixo
Para livrar-me desse momento tenso
Inebriar-me de encanto e desejo.

Um beijo como aqueles de outrora
Para livrar-me da angústia de agora
E sei que se chamar não tem hora
E preciso antes que vá embora.

Com gosto de pecado, ilicitude, paixão
Um gosto que não sai da minha boca
Sempre teve, atitude, tesão...
Essa é a razão da atração densa e louca.

E quando no passado tirava sua roupa
E zombavas dos meus desejos expostos
Eu passava gelo em suas costas
E havia infância nos rostos.

E pulava em meu peito com vigor
Entrelaçando as pernas em meu corpo
Girávamos sem preocupação ou temor
Até porque nosso mundo era outro.




(***)

segunda-feira, 14 de março de 2011

(***)

Amei meu passado com vivacidade
Como flores na janela de um violeta vivo
Enfrentei os temores com virilidade
Mesmo assim veio a vida com violentas verdades.

É difícil porque já perdeu-se a decência e o tino
E mentem até porque não sabem encarar um olhar
Mas não sentem que aqui já não há um menino
Infelizmente nada vai perdurar.

Há mais fortaleza em mim que insensatez aparente
Não tente desvirtuar o que criei em aço forjado
Nunca vai descobrir o que se passa em minha mente
Mas não é assim que se dispensa o passado.



(***)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Emblemas

No fio da navalha da barba de Nietzsche
Em cada sílaba dita por Marx
Era ela mesmo meu calcanhar de Aquiles
E mesmo assim angariando uma paz.

O suspiro da fuga de Judas
O fundo onde encontra-se Atlântis
O Triângulo das Bermudas
O momento perdido de antes...

O mais indispensável pra ele
Aquilo que é estupendo
Como o encontro de Jean-Paul e Simone
Tal e qual Ruth encobriu Fernando.

No fio de baba da raiva do cão
Sou bem mais que este bem mais feroz
Lá do seu inferno já grita perdão
Mas esta é a saga e é sagaz o algoz.

Sou o tiro que circunda Vargas
Sou o meio do cerne do seu coração
Espatifado antes mesmo das armas
Antes do verme a decomposição.

O emblema na farda verde-oliva
O problema de carregar essa cruz
Um dilema que ninguém mais se livra
Um assunto para mil anos-luz.


***

quinta-feira, 3 de março de 2011

Razões

Às vezes a razão diz que não
Mas o coração é teimoso feito um cão
Afungenta as expectativas como galinhas pelo chão
Trata as pantomimas como pura e desmedida diversão.

Um dia ele se aquieta, ah, se não...
Lembra daquelas festas e folias, São João?
Pegar na mão das menininhas, que emoção...
E quantos beijos sob a lua e quantos rostos, por que não?

E vai sumindo a candura e a ternura da feição
Onde estão as jovens tardes, aquelas ditas na canção?
Aquelas tardes de domingo, os meus amigos, violão...
Penso já não haver motivo e ainda vivo sem razão.

Nos meus planos estava a vida, mas a vida com emoção
E não tão decadente, deprimente, que ilusão
Mas a gente enfim nem sente, e passa rente à depressão
E se não for assim mais quente melhor que viva em solidão.



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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Uma Volta Pelo Mundo...


Quero uma noite no hemisfério norte
Quero sentir a brisa da fria Islândia
Quero uma viagem sem passaporte
Quero uma tarde na Groenlândia.

De barco a vela na Noruega
De Oslo a Stavanger, Bergen
De Budapeste até a Suécia
De Bratislava a Copenhagen...

Um pulo até Liege, Bruxellas, Amsterdam
E ver como Estocolmo está tão calmo
Embebedar-se no Debaser até a manhã
E saber que só em Veneza enfim me acalmo.

E de mãos dadas a desvendar Saint-Étienne
Em algum lugar com você pra dar o tom
O café da manhã amanhã será em Firenze...
E o jantar no litoral bom de Toulon.

Marinella di Selinunte ensolarada
Um belo passeio pelo mundo só nós dois
Outro dia em Dubrovnik, Croácia
E o outro lado a gente deixa pra depois...

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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O que fazer?

Que fazer se ainda penso em ti
E se ao longe nem sequer sorri
Mas ao pensar no que eu já vivi
Só vejo em ti uma vida de delícia?

E quando lembro do que eu já sofri
Muito mais sei o quanto foi pra ti
E mesmo longe nunca te esqueci
Essa mistura de amor malícia...

Sei que eu posso te fazer sorrir
Enfim amar e não mais desistir
Não só tentar mas muito persistir
E te algemar de tanta carícia...

O amor é isso, se entregar, cair
Mas dos meus medos ajude-me a sair
Não quero ver isso se esvair
E só você, tem o dom, perícia...

Em seus cabelos já me envolvi
da cor do sol como nunca vi
Queria tê-la sempre bem aqui
Pois essa paixão não é fictícia.

O que fazer se ainda penso em ti
Se o que quero ainda nem vivi
Depois de tudo nunca te esqueci
E é só por ti, o que escrevi...



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domingo, 16 de janeiro de 2011

Relembro


O beijo de sua boca é mais saboroso
Porque lembro das suas doces risadas
O beijo da sua boca é mais gostoso
Quando lembro das suas meigas palavras.

Seu corpo é meigo e intenso e nele vivo pleno
Em seu corpo me sinto inteiro como num dia azul e sereno
Em seus passos longínquos me vejo e vejo o que acabei perdendo
Não sabes o quanto faz falta e só por ti estou escrevendo.

Em várias madrugadas me vi febril relembrando
Não sabe como me dói e amadurecer assim é tão duro
Em tantas manhãs de repente acordei e peguei-me chorando
E quantas tardes adormeci em meu quarto com lágrimas no escuro.

Relembro cada momento e me vem seus olhos escuros
Relendo nosso passado imagino se houvesse um futuro
Em nossas aventuras, planos, carinhos, sussurros
E vendo assim desse jeito parecia ser tão imaturo.

E a devagar assim desse jeito vejo o quanto preciso descansar
O mundo é tão duro e nos concretizamos junto com ele
Sei o quanto mereces ser feliz e ainda será
E só de lembrar me vem uma brasa a incrustar profundo na pele.

Não sou como muitos, de sonhos, de filhos, de apaziguar
A minha tormenta é constante e você nem pode notar
Enquanto isso me finjo, divirto e ainda te ajudo a sonhar
Mas quem colhe, quem planta, o joio e o trigo também pode ceifar.




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domingo, 2 de janeiro de 2011

A Chegada

Antes mesmo da vinda de Apófis
Já conhecemos o QQ47
parece estranho aqui falar nessas hipóteses
Mas tem coisa realmente que acontece...

E antes mesmo da chegada inesquecível
Já pararam de falar por que será?
E se QQ47 é nada crível
Creia Apófis certamente voltará...

Foi bonito ver passar o Hale-Bopp
Lembro bem daquela cauda luminosa
Com certeza ambos trarão maior ibope
Só não sei se a experiência é prazerosa.

E a temível serpente que vem do reino das sombras
Desafiando o reino do Sol de nós sub-humanos
Vem com sua cauda desafiadora como grandes ondas
Vem alterar definitivamente todos nossos planos.

QQ47 é um sinal desafiador
Passa por pouco mas só quem é louco o crê perigoso
Depois vem Apófis dar seu rasante causando temor
Mas um desses dois vem bem confiante engendrar o seu pouso.



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(Em construção...)