sexta-feira, 26 de março de 2010

Ritos

Há sentimentos que se nutrem de longe
Senão perde o sentido.
Melhor ser subentendido
Que por vezes incompreendido.

Felicito-me em outros ritos
Mas não mais como era outrora
Não preciso mais sair aos gritos
Pelo menos não agora.

Antes via a vida como se pudesse ser repetida
Hoje sei que a hora é agora
E melhora a cada decaída.

Nada imutável, mas sempre muda, acontece
Parece de novo mas é outro, esquece
Quem pensa assim, não dura, perece
Assim como fiz um dia, tardio, amadurece.

terça-feira, 23 de março de 2010

Bata à minha porta

Sinto falta de ser seu amigo
Faz falta os momentos contigo
O jeito estranho que batia à minha porta
Hoje a noite é mais do que morta.

Persigo visões aturdido se bebo
Alucinações se acordo bem cedo
Perigo encontrar-te por aí, eis o medo
E se divago em ti nem percebo.

E espero mesmo assim ouvir de repente
Aquele bater à porta irreverente
E ao abrir a vir sorridente
E voltar a pensarmos na gente.

E mesmo na noite já morta
Espero que bata à minha porta
Não quero explicar nada, concorda?
Afinal isso já não importa.

E dizer que sem ti não há nada
Nem poesia, alegria ou estrada
Nem um ponto obscuro, nem escada
Nem razão pra sequer uma risada.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Obliterações

Sinto falta dos seus cabelos
Sem sombra de desmazelos
Mesmo que sei não vou tê-los
Mas há saudade de vê-los.

E à noite na cama é o mesmo
Sempre relembro surpreso
Pensamentos vagueiam a esmo
E por isso sei que estou preso.

Sinto a textura da pele
Mesmo que não se revele
Um sentimento que arde, que fere
Mesmo assim quem o repele?

segunda-feira, 15 de março de 2010

Constatações

O fio de barba que rasga o rosto
O sentimento tosco como ferimento exposto
O momento exige um tremendo esforço
O vento lento que me lembra agosto.

Até porque o amor não se exige
Ele acontece ou desvanece
Mas se é amor então que existe
Será que assim desaparece?

quinta-feira, 11 de março de 2010

Não é tão fácil assim

Não é tão fácil assim
A gente carrega a alegria nos ombros
Mesmo com a bateria no fim.

Tenta esquivar-se dos vidros
Que se fizeram cacos no chão
Os dias se fazem compridos
Os dias que ainda nem viram.

E não põe-se um ponto final
Ah, se fosse assim
Mas não é tão fácil pra mim
E não é só um dia ruim.

E desventuras da mente insana
E nostalgias que nascem por si
Nem cabem na mente humana
Nem sabem por que eu nasci.

sábado, 6 de março de 2010

Ainda

Hoje carrego sorriso nos lábios
Mas ainda penso nela
Mesmo nos dias cálidos
Impossível esquecê-la.

Mesmo que nade por outras águas
Mesmo carregando vitórias
Sumiram de todo minhas mágoas
Ficou só o bom da história.

E sou feliz tendo você
Em meu dia a dia em meu mundo
Mesmo sem poder te ver
Te vejo a todo segundo.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Confusões

Era um emaranhado de confusões
E profusões de sensações
Até que tudo inundou-se.
Um mar de paixões.

E nada mais era que mera quimera
E o mundo aturdido na cabeça de um vagabundo
Um segundo já era o que sabia de tudo
E tudo não mais como foi absurdo.