quinta-feira, 28 de maio de 2009

O Sexdigital


Na internet era o tal,
Até falso nome usava;
Seria um puto em Portugal,
Mas ninguém ligava.

Do que lhe adiantava a avidez dos dedos
Se não metia a cara?
Escondia segredos e medos,
Nem câmera ousava.

Era um descarado, um desavergonhado;
Ora rico, político, esnobe;
Tinha um intelecto privilegiado,
Um virgem ridículo aos dezenove.

Nas madrugadas trabalhava,
Mas não fazia mal,
No teclado se virava,
Era um sexdigital.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Rochedos

[foto por: Alessandro Vargas, praia de Caiobá/PR]


Já havia tempos que não prestava tributos à donzela antiga,
Andava por aí mendigando sentimentos fracos,
Sentiu o vento despertando-o a seguir sua trilha,
Pegou seu rumo, sua armadura, reforçou seus braços.

Não mais o mesmo que ostentava estandartes foscos,
Nem mais ou menos do que aquilo que antes fora,
Ao menos não vive mais reminiscências de sonhos toscos,
E tudo aquilo que eram excrescências deixou de fora.

Sem mais holofotes que só ofuscam o próprio brilho,
Tal qual a lua faz com suas estrelas,
Tal qual um trem que enfim percorreu seu trilho,
E como cometas muitas vias ei de sabê-las.

O castelo é longínquo e tem muitas ondas em meio a rochedos;
A minha nova donzela espera ofegante o desfecho tórrido,
Preciso livrar-me de alguns desafetos, seixos e medos,
Serás a minha noiva, meu sonhos que livram-me de dias tão sórdidos.