sábado, 28 de novembro de 2009

A Fonte (Metade de Mim)


O amor é clichê
Quem pintou os lábios teus?
Quem desenhou as tuas curvas?
Será obra de algum Deus?

Como são quentes suas coxas
Que me envolvem em noites frias
E são decentes essas moças
Na minha mente fantasias.

Sei do amor suave e intempestivo
Por isso vivo tenro e inflamado
Se penso em ti sinto lascivo
Se vivo em ti sei que amado.

Quero habitar a sua boca
Residir na sua carne
Desvendar a pele louca
Roubar-te até mais tarde.

Alimentar-te, seduzir
Engravidar-te de desejos
Sublimar, abduzir
Suforcar-te nos meus beijos.

Venha à minha fonte e beba
Sacie a vontade enfim
Peça, implore e receba
Quem sabe a metade de mim.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Agruras


O que foi feito das reminiscências?
Agora só restam excrescências
Todos já sabem nas adjacências
De todas as suas incongruências.

Lamentável, ponto final.
Segue-se sem reticências
Mas reticente afinal.

Adiantou toda mácula dirigida?
Que virtude logrou de fato?
Teve êxito no intento fraco?
Agora fica aí corrompida...

Órfã da bondade irmã,
Sem julgo, sem crime, nada.
Desejo de uma dor pagã;
Sem rumo, sem tino, estrada.

Fim das lamúrias de outrora e venturas
Finalizo aqui sem consciência de ti
Sorri ao me aperceber das agruras
E só agora finalmente me vi.

Aos arredores percorre
No meu encalço, desatinada
Por pormenores já morre
Mas não adianta de nada.

Cavou fundo seu poço, imatura,
Talvez a procura de água;
Seu esforço se tornou sepultura
Meu amor por ti virou mágoa.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Carta de Amor (...)



Os olhos distantes e intensos,
O aspecto infante de antes,
Os momentos parecem tão tensos,
O peito em chamas, arfante.

Vejo desejo nos olhos seus,
Um porto seguro na sua inconstância,
Você é perfeita, um presente de Deus,
Um brinde a doçura, ao amor, à infância.

Uma pureza que fiz votos de abolir,
Mesmo assim fico perdido se a encontro,
Um fascínio que me dá ao ver sorrir,
E ao lembrar da sua beleza fico tonto.

Mais feliz é saber do seu amor,
E quando diz que ainda me ama e quer amar,
E sem dormir enche meu peito de um calor,
E fico a noite toda em claro a delirar.

E quem viveu um amor que nos vivemos
Sabe bem o que é viver em sonhos lindos,
E se promessas um ao outro nós fizemos
Agora resta finalmente nos cumprirmos.

Viajo nos seus olhos, seus cabelos
Da sua pele, a maciez, uma delícia,
Seus encantos sei que em breve posso tê-los
Enfim te dar o meu amor, a ti, Patrícia.

Esse poema é dedicado ao seu sorriso,
É uma canção a sua beleza, sua ternura,
Pra que saibas o quanto amo e te preciso,
É uma carta de amor sincera e pura.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Expectativas distantes


Às vezes me detenho
Em expectativas distantes
Num promissor presente
Em algo como antes.

Vivenciar algo novo
Com pessoas do passado
Mas eu vejo é só um jogo
Um mosaico ultrapassado.

Tem rostos que não vejo
Desde quinze ou treze anos
Que sabores tem os beijos?
Quando foi que nos falamos?

E mesmo que já saiba
Que quero alguém pra mim
Talvez já não mais caiba
O amor que sinto enfim.

Sinto tanto amor no peito
São tantas elas e caminhos
Minha vida é desse jeito
Muitas flores muito espinho.

Um dia em minha vida decerto
E entenderia meu desatino
Sentiria no peito um deserto
Sentiria enfim o que sinto.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Vivacidade


Com as energias recarregadas
Não quero nada que venha de graça
Não quero nada que eu não conquistara
Sou o cara mais feliz da praça.

Um sorriso aberto de fotografia
Ela me dizia "dá um sorrisão!"
Havia tempos que eu já não sorria
"Ah, vida boa, mundão!"

E por mais que eu pulasse as etapas
Tem gosto melhor que a vitória tardia?
Dar cara ao embate dar cara aos tapas
Agora a luz em minha face irradia.

Eita amorzão que trago no peito
Uma paixão desenfreada pela vida sem freio
Mesmo mudado mas do mesmo jeito
O coração inundado e de amor todo cheio.

Sente a vivacidade em meu sorriso, meu rosto?
Trago o velho sorrisão armado e real
Acabaram-se as rusgas, o mal e o desgosto
Agora só resta o que vir afinal.

Pronto pra amores, sem dor, nem revolta
Sinto o calor do afeto e desejo
Sinto amores explodindo a minha volta
Antes não via mas agora já vejo.

Estou andando só mas comigo mesmo
Escolhendo como outrora quem segue meus passos
Continuo colhendo flores a esmo
Mas agora não deixo mas saberem o que faço.

Sinto-me vivo e vivo a cantar
Espalhando vivacidade por todo a parte
Prossigo andando e não me fazem parar
Com um sorriso estampado no rosto de tarde.

No auge de mim mesmo e vou mais além
Caminhando sempre com a alegria notória
Essa mesmo eu que não precisa de alguém
Pois sozinho comigo vou de encontro à vitória.

Mil perdões


O tempo vem como bom amigo
Hoje nada posso dizer-lhe que mil perdões
Aprendi sim muito contigo
De nada vale o jogo e vivendo vi mil lições.

Revejo hoje sorrisos sinceros
Estampados em fotografias digitalizadas
Relembro momentos eternos
Em algum lugar da memória datas gravadas.

Não posso reviver e creia fico feliz
Os dias melhores mesmo que antagônimos vieram
Não tem como se viver por um triz
E os sentimentos em suma não morrem
Esperam.

Quero que vivas mil venturas
Com quem quer que seja em qualquer lugar
Mesmo que a minha alma sempre à sua procura
Mesmo que a minha alma viva sempre a rodar.

Perdoe-me os desatinos e a desatenção
Perdoar não enseja um recomeço o amor
Só livre-me da detenção
Que causei a minha alma com tanto desamor.

Desculpe-me a dor e o flagelo tão intenso
Que causei à tua pele que eu tanto amei
Sei que o estrago que fiz foi imenso
Mas um dia ao matar nosso amor me matei.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A rua não é um bom lugar


Preciso um novo porto seguro
Até porque você não é o que procuro
Os momentos com você são doentes, doentios
E os caminhos que fazemos são oblíquos, obscuros.

E definitivamente a rua não é um bom lugar
E o amor que tem na mente logo vai se dissipar
E o ardor que tem na carne é como brasa a se acabar
Mas as cinzas que sobraram ainda queimam sem parar.

Os ventos sopram suaves mas os ares são estranhos
Faz anos que venho tentando mas o outro está ganhando
Um carro desgovernado por pouco não acerta meus planos
E o tempo mal acabado mostrando-se cruel e vilão.

Cansado de palavras nefastas e aturdidas e massantes
Os problemas passageiros as nostalgias são passantes
À mercê de corações alheios à mercê de uns bons calmantes
Essa é a vida de nós humanos transeuntes, incautos, infantes.

Na beira da estrada, uns com namoradas, ficantes
Na margem, na calçada, nós vagabundos e amantes
Uma fuga tresloucada na madrugada e em instantes
Um carro desgovernado amassado pelos corpos de antes.

Tiram cacos de vidro da boca da menina arrumadinha
Respiração boca a boca tirando sangue à reviria
Os cortes à mostra nos rostos da juventude insandecida
Mal sabiam o que viria, quem sabia o que viria?

Nem testemunha, nem nada, nem lua cheia, tumulto
Nem alma viva, fantasma, só correria e insulto
Por uma unha não estava estirado na rua de bruços
Com os cacos de vidro e estilhaços de carro, de gente, de tudo.

sábado, 14 de novembro de 2009

Mais uma noite em que a levo pra casa



Mais uma noite em que a levo pra casa,
No caminho conversas pausadas,
Fico sem graça, faltam palavras,
Sobra silêncio, faltam risadas.

Gosto de rir da sua fala engraçada,
Mas meu desejo era estar bem mais perto,
E bem mais longe desta calçada,
Com você um dia, decerto...

Consiga falar-te, inquietar-te na cama,
Quebrar todos os seus preconceitos,
Acabar de vez com meu drama,
Entender seu modo, seu rosto, trejeitos.

Mais uma noite em que a levo pra casa,
Sem carro, sem muita coisa a dizer,
Apesar de sentir o peito em brasa,
Sinto agonia, paixão e amor por você.

Mas de qualquer forma fi-la parar,
Para não deixar nenhum mal-entendido,
Não quero que saibas assim pelo ar,
De um amor platônico correspondido.

Quero que durmas suavemente
Com minhas palavras invadindo seus sonhos,
Meu rosto completando sua mente,
Mas infelizmente só sonhos.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Imperfeições


Não sou perfeito
Talvez um defeito que muitos queiram ser
Não sou um sujeito
Mas estou sujeito aos seus trejeitos que insiste em ter.

Não fui eleito
Nem homem feito pra ser do jeito que quer que eu seja
Mas tá desfeito todo encanto que um dia atribuí a ti, sua beleza.

Guardei suas afeições em odres de perfume e todas as suas imperfeições
Vibrei de emoções
E restaurei o que havia de podre e negrume nos dois corações.

Ganharia mil almas
Se restaurasse de todo os complexos, a vida, os sonhos e a calma
Uma salva de palmas
Se lavasse seus pés e regasse de flores, refrigerasse sua alma.

Mas já foi superado
O novo é sempre torpe e o que lhe trago é muito vago
Todo o resto é ultrapassado
Sei que tens um novo e meu lugar hoje é a gaveta lá do passado.

Sem conjeturações
Pois minha aparência é a de espectros noturnos e nauseabundos
Cem especulações
Do que é decadência, e aspectos soturnos que assombram seus mundos.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Só por você


Hoje o vento toca cuidadosamente seus cabelos,
Não há mais percepções de antigas maledicências,
Não é preciso ouvir mais as canções de romances perdidos,
Todos já sabem do amor no seu peito nas adjacências.

Uma orquestra reverberando a canção da sua vida,
Nossas vozes tornam uníssonos nossos desejos,
Ah, faz tanto tempo que foi reconstruída
A coisa mais linda que é nossa união consagrada por beijos.

E ouço violinos quando estamos juntos, sozinhos;
Construímos um ninho de confiança plena e perpétua,
Os caminhos que são trilhados já sem espinhos,
E as ruas em que nos amamos estão desertas.

Fizemos promessas de você ser minha por já ser seu,
Eu vi meu Deus ao olhar dentro de ti,
Vi que Deus existia nos olhos seus,
E por crer que era um anjo logo morri.

Guardo acordes de violão melódico em composições suas,
Passei a vida escrevendo um reencontro nosso,
Se lembro de ti vem recordações de duas almas nuas,
Só por você escrevo canções e faço o que posso.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Não é reviver


Os mesmos locais
Outras circunstâncias
Os dias anormais
As mesmas inconstâncias.

Creio que os mesmos lençóis
Outras cores de cabelo
Os dias talvez iguais
Na alma um frio, um gelo.

O mesmo número do quarto antigo
As mãos enlaçadas são outras
Parece um crime, um cinismo, um castigo
Nas calçadas estranhas pessoas.

As mesmas ações desencontradas
Os mesmos locais sem propósito de propósito
Talvez não mesmo as mesmas palavras
Talvez fosse notório demais o óbvio.

E o fogo talvez ameno e normal
Antes queimava o peito e o corpo todo
Mesmo assim há o pecado e capital
E ainda sinto vivo o extinto antigo jogo.

Não é isso que pensas, não é reviver
É reinventar o impossível, o morto
É tentar enxergar o que não soube ver
É tentar ser feliz usando um corpo outro.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Começar de novo


Reinventando o presente
Cultivando alegrias
Semeando as sementes
De bons novos dias.

Afinando a vida
Diapasões de cristal
Reconstruída
De sorrisos e tal.

Planto flores no seu caminho
Pois és vencedora e merece
De cada rosa tirei o espinho
E sei que agora as me oferece.

Já destituída
De ressentimentos remotos
Reconstroi-se a vida
Sem velhos remorsos.

Erforço-me todo
Pra sem turbilhões
Pra sem mais engodo
Que tem aos milhões.

Retumba como águas incontroláveis
De devaneios velhos e quimeras tolas
As emoções se fizeram estáveis
E as perturbações se acabaram todas.

Começar de novo
Porque começar é para os fortes, os bons
Te desejo o dobro
Pois das canções de amor tu me deste os tons.

domingo, 1 de novembro de 2009

Respiração

Conte até dez, respire...
Se soubesse antes
Tudo diferente.

A pressão sanguínea insandecida
Só de saber da sua vida
Tudo fora de medida
Sem saber da sua vinda.

Conto até oito e suspiro...
Falta você e onde procuro
Não acho e me viro
De encontro com o muro.

Conto até cinco e prossigo...
Não consigo parar de sonhar
Sei que contigo é perigo
Mas por que divagar, divagar?