segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Lágrimas


Um sonho atípico numa noite morna
Via-se de tudo mulheres estranhas e intenções duvidosas
Sonhava com correria, arbustos e demais estranhezas.

Acordei às onze até porque dormi cedo.

O medo envolvia sim, de forma inocente, incoerente, mas entendo.

Corria ora no seu encalço, ora descalço afastando-me de ti. Lamaçal... Sujeira.

Era tal e qual como nunca quisera ter visto, uma loira, outra morena, um terceiro à espreita o olho firme.

Entre penumbras e brumas que me envolviam havia muito de ti que se apercebia.
Parecia haver um pacto de finalizar com a obra minha.
A obra da minha vida.

Era como se o ódio e o amor estivessem abraçados numa amizade conveniente e conivente com o fato.

Por fim a vi se esgueirar dentro de um ônibus lotado, e uma lágrima sua caiu de soslaio, e você, forte, disfarçava e de lado pude ler em seus lábios:

_"Bichinhu..."

Lágrimas rolaram das duas faces.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Canções


Um soneto de cordas matinal
Um passaredo solene musical
É assim que soa orquestral
É o fim que sobrevoa e tal.

E antes que acabe uns beijos cedo
Infantes no vale que vale um medo
Instantes que sabe não caber no dedo
Amantes de ares que não há passaredo.

Foi logo cedo que te amei e vi
Fui bobo e o medo de amar perdi
Um lobo cego pra caçar morri
Esnobo e nego de dizer de ti.

Outrora era como é aqui
Agora é brega mas sobrevivi
Afora a regra de já me esqueci
Lá fora emprega o que sequer vivi.

Contudo se toca muito o soneto da sorte
Fortuito e gratuito é o sorteio da morte
O intuito é estúpido mas se sabe o corte
Por tudo que é volúvel não se mede o porte.

Volta-se ao soneto do passaredo
Corta-se ao meio a dor bem cedo
Importa-se o medo do amor do credo
Pergunte-se ao feio qual é o seu segredo.

Sem mais infantes ou vale ou nós
Em mais instantes estaremos sós
Mas os barbantes estão feito nós
E as estantes não são mais que pó.

Guardo um céu azul de tarde pra ti
Armo um sol que arde canto "let it be"
O fardo é bem pesado mas levarei daqui
Desarmo as armadilhas que ao ver sorri.

É a natureza olha meiga e bela
É a lei da presa agarre e mate ela
É uma beleza a chama o fogo a fera
É a canção perfeita é a canção da Terra.

domingo, 20 de setembro de 2009

Metas

Eu vou galgar
Pode esperar
Meu nome vais ler
Pode apostar.

Serei mais que a quimera
Que um dia tu pensaste
O passado enfim já era
O que foi que tu arrumaste?

Eu vou chegar
Sem seu apoio
Sem nem esperar
Como um comboio.

As metas estão traçadas
E você a mesma lide?
As retas estão trancadas
Quer que eu decide?

O gosto do seu céu na minha boca
Renovo-me a cada embate da vida
O rosto seu é véu da noite toda
Ainda nem deu-se a partida.

O tiro de largada, o sinal
Pare-me se puder então
Acredite não sou mais igual
Fica assim por mim, por que não?

sábado, 12 de setembro de 2009

A Resposta


Hoje olho os horizontes
A encruzilhada decisiva
De longe vejo pontes
Mas são ciladas, carne viva.

O dia exato, o fim do ano
Um amigo que falece
Não estava no meu plano
Quem apanha nunca esquece.

A rispidez, a insensatez
A grosseria ao telefone
Ainda chega a minha vez
Atina bem para esse nome.

O que tenho guardado no peito
É tudo aquilo que construímos
Sei que um dia faltou o respeito
Mas será o motivo por que caímos?

Alinhavado na alma lacerada
Está seu nome pra todo sempre
Sei que achas que não, está errada
Sei que alguém nesse mundo me entende.

Foram forjadas as provas, são falsas
Como foram as amigas que tens
Mas minhas palavras flutuam esparsas
Se puder entender parabéns.

Até sua família tudo corrompe
Faz sucumbir o amor que aqui zelo
O concreto do ódio se rompe
O amor renasce como ti, meigo e belo.

No seu nome tens a resposta
Por que não dá uma chance pra ti?
Renasça, redobre a aposta
Pois hoje sei amar, aprendi.

Só os fortes tem o dom do perdão
Eu não guardo mágoas, ressentimentos
Mas estou fraco, sem tom, nem canção
Sem você, só palavras aos ventos.

Não vou te esquecer, mas posso omitir
Infelizmente esquecer eu não posso
Os caminhos pelos quais vou seguir
Serão diferentes de um dia, eu aposto.

Guardo horizontes utópicos pra nós
Tentei te achegar fui pra ti deprimente
Não só queria escutar a sua voz
Queria te amar, te sentir novamente.

Vou seguir a trajetória convicto
Abri mão das guerras lacerantes
Estou aqui ileso e invicto
Nada mais como era, ou foi antes...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sinceridades


O amor parece-me oportunista
Os romances no início se mostram eternos
Mas é só um deslize na molhada pista
Acabam-se de todo como acaba o inverno.

Os eu te amo soam tão fracos
Mesmo assim guardo cada minuto
Ainda lembro do sono em seus braços
Ainda hoje eu me pergunto.

Quando soou o sino da separação?
Alessandro vive mesmo a inconstância
Eu te amo, sim, por que não?
Pra você já não tem mais tanta importância.

Eu destruí a pedra do sacrifício
Eu fui o algoz da minha alma guardada
Eu não sorri, foi muito difícil
Sei bem que após, sou uma alma penada.

Como pude, se velei o sono da minha linda?
Como posso seguir amando ainda?
Não posso mais fingir que vivo a vida
Nem tampouco posso não permitir que vivas.

Omiti pra ti mil sinceridades
Hoje estou longe até de mim, dos outros
Sozinho vejo que escondi verdades
Meus sentimentos ladram como que cães loucos.

Me sinto perdido na tempestade turva
Sinto falta das ruas, viadutos e prédios
Queria perder-me nas suas curvas
Só você amortece e alivia esses tédios.

Expresso aqui as emoções latentes
Deixo fugirem os cães raivosos
Afastei de mim os afiados dentes
As sinceridades e dias chuvosos.

sábado, 5 de setembro de 2009

Em ti...


Hoje o canto é diferente
Sua visita muda a rotina
O encanto é permanente
O sol se abre atrás da cortina.

Um cavaleiro e sua donzela
Sem mazelas, virginal
Uma moça pura e bela
Um momento feliz, crucial.

Muda-se a cor do dia, do amor
O ato concluído, consumado
O desabrochar da linda flor
Por entre os dedos de seu amado.

O seio suado arfante
O peito vibrante emotivo
No meio do amor escaldante
O enlace, o romance, o perigo.

Meu corpo todo sob seu comando
Como se eu fosse o escravo de seu desejo
Absorto e inerte seguindo seu plano
Dentro de ti sufocando-se em beijos.

E sinto cada parte sua vibrando
Enrijecendo-se em sensações de delírio
Sinto os corpos se roçagando
Num movimento mágico e lírico.

O cansaço pelo movimento contínuo
Repetitivo e não enfadonho
Às vezes penso que perdi meu tino
Mas revivo aquilo que vivi em sonho.

O sol arde no telhado do quarto obscuro
Na tarde o amor faz jorrar suas centelhas
Em ti a luz solar tira o muro
Do pudor e revela as belezas.

Pela fresta um filete obceno
De luz pra mostrar o pecado
Mas não para nem para um aceno
O mundo está todo mudado.

No fim a certeza do início
Mesmo assim desse fim eu sorri
Atiramo-nos no precipício
No abismo e luxúria que acho em ti.

Não há mais resquícios ou quimeras longínquas
Somente o mundo do nosso quarto alheio
Arrependimento não há em minha língua
Somente o sal do suor de teu seio.

Anjos (Ode a Nero)


Sou o escudeiro armado
A armada em front de guerra
Estou voltando renovado
Não sei quem me espera.

O vilão o instinto cruel
O fogo nos olhos e mãos
O poder o embate o meu mel
O destruidor de corações.

Lembro-me clara e nitidamente
Do ardor e clareira armada
Venha se quiser tente
Esperam-te na retaguarda.

Tenho ojeriza e asco de ti
Sei onde andas e aonde vais
Pode crer que na hora sorri
Ao ver os castelos caírem de sais.

Mas volto com reforço armado
Com chamas nos olhos e mãos
Sou o guardião de escudo içado
E você a lama a corja o chão.

Tenho emboscadas e estratagemas
Tenho planos que sempre esmero
Tenho você em invisíveis algemas
Tenho medo como teve Nero.

Tão admirável quanto Narciso*
E impreciso quanto Goldmund*
Sei muito bem o que agora preciso
Tenho meu barco antes que afunde.

O poder tenho a hora que quero
Tenho a mídia as atenções
Pra você um pedaço de ferro
Isso soa-me como lindas canções.

Seu anjo não vai te proteger
Aliás meu arpão sabe bem como lidar
Com seres que me querem deter
Com seres que se dizem voar.

Somos amigos somos anjos
Mas sou seu anjo exterminador
A ode final tocada com banjos
Aos gritos de desespero e dor.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Amor Proibido


Se fico sensível fica visível minha franqueza
Se fico insensível fica visível minha fraqueza
Se me preparo fica tão claro que desmorono
Se me reparo outro vem de soslaio e tira meu trono.

O olho não olha mais os resquícios e estardalhaços
Os momentos passados são todos nítidos e eu sou opaco
O passado me mostra como eu vivia em meio a palhaços
Os sentimentos reforçam e me abraçam de noite quando eu sou tão fraco.

E se bem que me proibem o amor que sei proibido
Mas o proibitivo sempre foi meu bel prazer
Contigo contido sinto bem vivo o amor a libido
E sem o perigo infelizmente não sei mais viver.

Sei bem que contigo pego hoje seria preso
Se bem que o sossego já não faz parte do meu dia a dia
Já faz alguns dias que em ti permaneço indefeso
Já fui tão surpreso por ti que enfim isso já me alivia.

E se assim queres vamos encontrar-nos mais uma vez
Para deliciar-me no ágape mundano sua pele sua tez
Para unirmos e sentirmos o que é bom e nos refaz
E mostrar que unidos somos bem mais do que a gente já fez.