terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Quero Ver


Eu queria ver seu sorriso em um dia nublado
Queria ver seu beijo apaixonado ao sol do meio-dia
Queria ver sua dança ao som de um som quebrado
Queria ver se frente a morte restaria sua ironia.

Quero ver se apaixonada ainda resta traição
Se frente a sua mãe demonstra leviandade
Parando o coração, você sentir qualquer paixão
E sozinha neste mundo, amar alguém de verdade.

Quero ver se morando longe alguém a leva pra casa
Quero ver você sonhar com insônia a noite inteira
Quero ver você voar com apenas uma asa
Quero ver fazer pedido sem cair nenhuma estrela.

Ver você ignorar alguém de costas pra ti
Ver você chorar quando acabarem suas lágrimas
Ver você chorar quando todo o mundo ri
Confidenciar em seu diário quando acabarem suas páginas.

Quando quiser voltar atrás e você já se perdeu
Quer um novo caminho, mas outra estrada não há
Sentir saudade de alguém e esse alguém sou eu
Quando lembrar então de mim, eu não estarei lá.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Uma Visão

• Excertos de Jorge Mautner ( * ) extraídos da obra “A mitologia do Kaos”

O sexo é o amor e tem que existir. *
Sei que se te visse num campo ermo não iria resistir
Faria o amor prevalecer
Faria bem ali.

Esses dias atrás me perdi em uma visão de você quando te observava
Você sobre mim, envolto em ti só os lençóis em suas pernas e a luz lunar azulada.

Você sobre mim com sua dança,
E a dança é o movimento de tudo*
A dança a qual não se cansa
De um ritmo forte e mudo.

Tão magra e pálida sob o sol da noite encantada
Eu guiava sua dança com as mãos na cintura fina e tão cálida
Apoiavas as mãos em meu peito suado e viril
E fechavas os olhos em um transe louco e febril.

Nossos corpos deslizam no suor que o fato extrai.
E o suor é o cimento da carne*.
Somos um só corpo, bicolor, mas somos iguais
Envoltos, sob o manto lunar que protege todos nós.

sábado, 20 de dezembro de 2008

A Faxina


Hoje começa a faxina
Não é bom tudo de novo?
Digo, tudo novo!
Acabou-se a rotina
Pelo menos renovo

Preciso livrar-me de tantos objetos
Preciso livrar-me de outros abjetos
Preciso esquecer-me que já fui um destes...
Preciso acordar amanhã e esquecer-te...

Não como esquece-se um livro
Num banco de praça ou num bar
Mas como uma ave que livro
Ou como uma mãe ao ver filho acampar...

Mas aqui findo-me breve
Digo, findo isto aqui agora...
Não há razão de alarde...
Muito menos por que de demora

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Qualquer proposição seria mero despropósito


Qualquer proposição seria mero despropósito
É pura volúpia mesmo
Sem propósito.

Se tudo desandasse sem freios nas rodas
Feito trem esquivo do trilho
Feio como mãe sem filho.

Qualquer achaque é dose sem remédio
O remédio seria uma dose de conhaque
Para curar tédio.

Sempre tento me convencer que tenho de tê-la
Mesmo não tendo nenhum tento
Mas o intento é o que vale
Mesmo não tendo vale.

Tudo o que ronda é deletério e incomoda
E me incomodo com tudo aquilo que me ronda
Mesmo sendo a sombra inerte que sobra
Não confio no que incomoda.

Na verdade falo tudo sem crédito
Não acredito em quem começa falando na verdade
Seria ou será um joguete do óbvio
Pois qualquer proposição seria mero despropósito.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Traços e tormentos


Tem gente que não dá pra olhar muito tempo
Pois se pode incorrer em tormento
Repara-se no alinhamento dos traços
Perde-se em um só momento.

Encare face a face se puder
Eu não pediria tal coisa
Quem perde-se a observar mulher
Pede para perder.

Ganha nos argumentos
Sofre nas teimosias
Mas se se coloca alma em jogo
Derrotado seria.

Lança um olhar de desejo
Avança sobre o objeto, destemida,
Une forças contra o possível beijo
Resta possuí-la.

Anima-se com a utopia
Sofre com novos intentos
Acorda pra ver o dia
Esquece os tormentos.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Talvez seja


Talvez seja hora de se arrastar
Que nem se deixar levar
Não se arrastar por outros
Mas devastar

Talvez seja hora de detonar
Com os explosivos nos preceitos
Talvez seja hora de arrasar
Sem distintivos no peito

Talvez seja hora de não mais talvez
Quem sabe seja isso
Talvez seja hora de não mais te ver
Talvez seja omisso

Talvez acabe de vez de me julgar
Talvez pare com esses desejos
Talvez pare de vez de te ligar
Talvez possa viver sem teus beijos

Talvez amargue o dissabor de não mais
Talvez nunca mais te veja
Talvez possa ser isso ou algo mais
Talvez não seja isso ou talvez seja...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Parece pouco


O amor bate em nossas costas
Com seu açoite esgarçante
A dor não importa
A noite é gigante

Senti a dor aguda na alma
Corri no seu encalço
A noite ferida de trauma
Um passo em falso

Agonia e aflição e loucura
Misturados com chuva forte
Histeria negação e tortura
A mistura da morte

Parece pouco mas não se se é quase louco
Não se brinca com o desconhecido
Parece louco mas aumente mais um pouco
Aí sim tens a porção do perigo

Parece pouco mas não se se é quase louco...